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Banho de sangue entre as big techs nos EUA: o que está acontecendo?

IA da startup chinesa DeepSeek surpreende mercado com resultados parecidos aos das big techs, mas com custo menor

Banho de sangue entre as big techs nos EUA: o que está acontecendo?
IA da startup chinesa DeepSeek tem resultados parecidos aos das big techs, mas custo menor. (Foto: Envato Elements)
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  • As ações de tecnologia dos Estados Unidos amanheceram com uma surpresa negativa: depois de dominarem o boom de inteligência artificial (IA) nos últimos anos, agora elas ganharam uma concorrente da China
  • Pela manhã, os índices de ações das Bolsas de Nova York tinham queda forte, com destaque para uma baixa de 3% no Nasdaq e 11,32% na Nvidia
  • O que chama a atenção de investidores é a rápida ascensão do novo modelo de IA chinês, que parece entregar resultados semelhantes aos desenvolvidos por grandes empresas do setor, mas construídos a um custo consideravelmente menor e com chips menos potentes

As ações das big techs dos Estados Unidos amanheceram com uma surpresa negativa: depois de dominarem o boom de inteligência artificial (IA) nos últimos anos, ganharam uma concorrente da China. A startup chinesa Deep Seek lançou um novo modelo de IA e está balançando os mercados globais, especialmente entre as ações de tecnonogia, nesta segunda-feira (27).

No fechamento, os índices de ações das Bolsas de Nova York fecharam mistos: Nasdaq teve a maior perda, de 3,07%, S&P 500 caiu 1,46% Só Dow Jones fechou no positivo, 0,65%.

No Nasdaq, o movimento negativo foi liderado Nvidia, que derreteu 17%. A Microsoft recuou 2,14%, a Alphabet, dona do Google caiu 4,17%, e a Broadcom recuou 17,4% e Micron perdeu perdeu 11,67%. Entre as big techs a Meta se salvou, com alta de 1,91%.

A IA da DeepSeek é um chatbot comparável aos modelos OpenIA ou até superior em algumas performances e com recursos menores, utilizando chips menos avançados. Desde o lançamento, os modelos R1 e V3 conquistaram uma onda de consumidores que levaram a DeepSeek ao topo da Apple App Store no fim de semana, além de alcançarem o topo em rankings de chatbots IA.

Rápida ascensão do novo modelo de IA chinês

O que chama a atenção de investidores é a rápida ascensão do novo modelo de IA chinês, que parece entregar resultados semelhantes aos desenvolvidos por grandes empresas do setor, mas construídos a um custo consideravelmente menor e com chips menos potentes. “A particularidade é que este modelo tem uma performance pareada com o principal modelo da OpenAI, que hoje em dia é tido como o modelo mais avançado do mundo. E é impressionante que a empresa diz ter investido apenas US$ 6 milhões para o desenvolvimento, versus centenas de milhões de dólares que as big techs americanas têm dito que custa criar um modelo desse patamar”, pontua Plínio Zanini, diretor de Risco da Ciano Investimentos.

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Na Ásia, o banco japonês SoftBank caiu 8%, enquanto na Europa os índices de ações são pressionados pelas ações de tecnologia. Mas é no mercado americano que está o maior efeito. Além das quedas das big techs, o índice de volatilidade VIX deu um salto de 47%.

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, explica que a forte reação do mercado deriva principalmente de alguns fatores. A notícia é inesperada e gera um movimento tradicional de reação curto prazo, especialmente em um momento em que muitas das ações das big techs se encontram perto das máximas. “Para o médio prazo, esse evento torna-se importante ao trazer questionamentos sobre a continuidade e necessidade de elevado capex (investimentos) no setor. Com o novo ‘competidor’ chinês conseguindo desenvolver um modelo competitivo com uma fração do custo, o mercado passa a questionar com mais afinco os investimentos que as big techs vem fazendo no segmento”, diz.

Ainda assim, é cedo para dizer concretamente qual o potencial impacto da nova IA chinesa no mercado de tecnologia, afirma o especialista. Em um contexto de maior tensão na relação entre os Estados Unidos e a China, com a volta de Donald Trump à Casa Branca e a promessa de acirrar a guerra comercial entre os dois países, Castro Alves vê alguns contrapontos no radar da IA da Deep Seek.

“Qual a confiabilidade dos agentes em um sistema que fornece informações e se desenvolve através do compartilhamento de dados, uma vez que esses dados possam ser compartilhados com o governo chinês?”, questiona. “Será que veremos uma reação do governo americano como vimos com o TikTok? Ou será que essa notícia não elevará ainda mais as restrições de transferência de tecnologia para China?”

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