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Fundos long biased, a estratégia que pode proteger da volatilidade em 2023

Mais flexíveis que fundos de ações, os long biased alcançaram ganhos de quase 30% em um ano volátil como 2022

Fundos long biased, a estratégia que pode proteger da volatilidade em 2023
(Foto: Envato Elements)
  • Os long biased permitem aos gestores maior liberdade de alocação se comparado aos tradicionais fundos de ações
  • Alguns fundos long biased conseguiram um rendimento de dois dígitos em 2022
  • Analista acredita que os fundos long biased tendem a continuar performando bem em 2023

O ano de 2023 começou com o pé na porta. Embora o Ibovespa tenha acumulado uma alta de 4% nos 26 primeiros dias do ano, o mês de janeiro vai ficar marcado por turbulências como a invasão bolsonarista em Brasília e o rombo bilionário na Americanas (AMER3). Eventos chacoalharam o mercado e dão indícios do que o investidor pode esperar para o resto do ano: volatilidade.

Quando o cenário tem tantas possibilidades de ganhos como de perdas, uma estratégia de investimento costuma ajudar a proteger a carteira dos investidores. São os long biased (ou long bias), fundos de ações com o viés comprado que permitem aos gestores maior liberdade de alocação se comparado aos tradicionais fundos long only, que só operam com posições compradas. Por “posição comprada”, entende-se que o fundo comprou um ativo e o mantém na carteira de investimentos.

“Na essência, são fundos de ações. Só que diferentemente dos long only, que são sempre 100% comprados, esses têm apenas um viés comprado, uma posição que geralmente varia entre 50% e 80% do portfólio”, explica Marco Bismarchi, sócio e portfólio manager da TAG Investimentos.

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Com a outra parcela, essa classe de fundos pode diversificar o portfólio investindo em ativos como juros, câmbio e até commodities, além de ter a possibilidade de operar vendido e se beneficiar da queda de determinadas ações ou índices. Uma liberdade de alocação que torna os fundos long biased opções menos voláteis do que os outros fundos de ações tradicionais.

“O que esperamos desses fundos é que tenham uma volatilidade menor que a Bolsa e os long only. É para quem quer se posicionar em ações, mas também está preocupado com proteção”, diz Matheus Lamah, analista de fundos da Órama Investimentos. Uma estratégia que pode fazer sentido para muitos investidores em 2023, um ano que vai contar com a continuidade do aperto monetário nas economias desenvolvidas – mas com uma possibilidade do fim deste ciclo –, retomada do ritmo na economia da China e, no cenário doméstico, definição da política fiscal no novo governo.

“No atual cenário, não só no Brasil, mas também no exterior, é um fundo interessante para momentos de volatilidade”, destaca Lamah. “Eu gosto muito da categoria por causa disso. No longo prazo, o long biased não vai subir da mesma forma que a Bolsa poderia num bull market (termo que indica períodos em que as cotações estão em alta por tempo prolongado), mas em um momento de estresse ele vai cair bem menos.”

A possibilidade de investir em ativos para além de ações também pode ajudar. “Embora a perspectiva macroeconômica para 2023 ainda esteja incerta, temos visto no Boletim Focus queda nas expectativas do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento nas expectativas de inflação. Nesse cenário, estratégias mais flexíveis podem ter mais vantagem, uma vez que podem operar vendidas e realizar operações de hedge”, diz Tatiana Guedes, responsável pela área de previdência da InvestSmart XP.

Já foi bom em 2022

O ano de 2022 também não foi fácil. Mostramos nesta reportagem que o Ibovespa conseguiu arrancar uma alta tímida de 4,69%, abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que terminou o ano em 5,79%, e do rendimento da poupança, de 7,9%. Aqui, contamos que apenas cinco investimentos conseguiram superar o IPCA no ano passado.

Mas alguns fundos long biased conseguiram um rendimento de dois dígitos no período, como mostra um levantamento feito pela Quantum. Veja os melhores desempenhos:

2022
 Norte Long Bias 27,9%
 Ibiuna Long Biased 22,8%
 RPS Long Bias Selection 22,3%
 SPX Falcon 20,3%
 Navi Long Biased 18,3%
 Genoa Capital Arpa 16,3%
 Absolute Pace Long Bias 15,0%
 Dao Multifactor 12,7%
 IPCA + Yield IMA-B  12,4%
 Tork 12,3%
 Sharp Long Biased Feeder 11,7%
 Squadra Long Biased 10,4%
 Claritas Long Bias 8,5%
 Vinland Long Bias 8,2%
 Apex Long Biased 7,1%
 Encore Long Bias 6,9%
 Oceana Long Biased 6,8%
 Truxt Long Bias 5,8%

 

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André Komatsu, gestor do long biased da RPS Capital, o terceiro melhor desempenho da classe em 2022, segundo o levantamento, explica como a liberdade de alocação permitida pelos long biased apoiou a alta de 22,3% do fundo da casa. Mesmo em um ano difícil para a gestão ativa.

“Dentro de 2022 houve vários anos”, destaca Komatsu. Os primeiros meses foram de alta expressiva apoiada pelo boom das commodities. Logo depois, o Ibovespa devolveu os ganhos com incertezas vindas da política de lockdowns na China para conseguir uma improvável recuperação no segundo semestre, dominado pela eleição presidencial.

“A nossa estratégia foi ser muito tático. Tivemos a felicidade de pegar o rali do começo do ano e, quando a China começou a dar os primeiros sinais de que não daria estímulos, conseguimos sair daquele risco e proteger a alta que acumulamos nos primeiros meses de 2022”, explica o gestor da RPS. “Fizemos isso ao longo do ano, eventualmente até com instrumentos que não são de renda variável, como dólar, juros e short em bolsa americana”, detalha.

O desempenho dos long biased em 2022 também foi positivo em relação ao dos fundos long only. No início de janeiro, a XP montou um material comparativo entre o desempenho dos ativos das duas estratégias de alocação presentes na carteira da corretora. O levantamento mostrou uma maior resiliência dos long biased, diz Clara Sodré, analista de Alocação e Fundos da XP.

“Os fundos long biased que recomendamos em 2022 conseguiram superar o Ibovespa em um ano que foi difícil fazer isso justamente por causa da composição do índice, maior em setores financeiros e de commodities, que foram beneficiados tanto pela alta de juros como pela alta da inflação no mundo”, destaca Sodré.

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A analista acredita que são fundos que tendem a continuar performando bem em 2023, além de oferecer maior segurança para as carteiras. Mas o caminho não é focar apenas nessa estratégia, ressalta. “Investir só em long biased? Não, fazer sempre uma diversificação”, afirma a analista.

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