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- Na segunda-feira (1º) a moeda atingiu a sua maior cotação em quase dois anos, fechando a R$ 5,64
- Segundo o Boletim Focus, a mediana dos economistas para o dólar subiu de R$ 5,15 para R$ 5,20 em 2024
- Incertezas fiscais no Brasil e atividade econômica aquecida nos Estados Unidos também impactam a moeda americana
O dólar tem disparado nas últimas semanas e nesta segunda-feira (1º) a moeda atingiu a sua maior cotação em quase dois anos, fechando a R$ 5,64. Na esteira desse cenário, o Boletim Focus desta semana indicou que os economistas revisaram para cima as suas projeções para o câmbio no final deste ano e para os seguintes. Os principais bancos do Brasil também estão atualizando as suas estimativas para o câmbio em 2024.
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De acordo com o relatório, a mediana dos economistas para o dólar subiu de R$ 5,15 para R$ 5,20 em 2024. Para o ano que vem, a revisão foi de R$ 5,15 para R$ 5,19. Essa nova projeção do Boletim Focus acontece menos de uma semana depois que a Dívida Pública Federal (DPF) apresentou aumento de 3,10%, atingindo o valor de R$ 6.912,04 bilhões em maio. A informação foi publicada no relatório mensal divulgado pelo Tesouro Nacional na quarta-feira (24).
Para o Itaú BBA, a divulgação do resultado de maio mostrou que, até o momento, o esforço arrecadatório do governo rendeu frutos, porém ainda é insuficiente para equilibrar as contas públicas. “No acumulado de janeiro até maio deste ano, a receita líquida do governo subiu 9% em termos reais frente ao mesmo período do ano anterior. Contudo, a despesa total subiu 13%, puxada pelo crescimento nos benefícios previdenciários”, diz Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa.
Segundo ele, a taxa de câmbio vem respondendo a essa incerteza fiscal, assim como as expectativas dos agentes de mercado em relação ao dólar e à inflação brasileira. “[Isso] dá munição para os investidores projetarem que a tendência nos preços de bens continue e não seja a fonte de alívio que se esperava para o atingimento da meta de inflação”, lembra Queiroz.
Lula e os ruídos políticos
Como pano de fundo para essa disparada da moeda americana, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não tem poupado críticas à decisão do Banco Central (BC) em manter a taxa básica de juros (Selic) a 10,5% ao ano, nem à atuação do dirigente da autarquia, Roberto Campos Neto.
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Nesta terça-feira (2), em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), Lula afirmou que presidente do BC tem viés político e que esse perfil não deveria dirigir a instituição. Na ocasião, Lula afirmou ainda que, quando o Banco Central estava sob o seu “domínio”, nos anos 2000, havia “autonomia”. Por volta das 11h30, o dólar hoje operava com alta de 0,39%, a R$ 5,66.
Apesar dessas declarações, ontem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o patamar do câmbio deve se acomodar à medida que os processos de decisão sobre gastos do governo forem concluídos. “Creio que vai acomodar, porque na hora que esse processo se desdobrar isso tende a reverter (alta do dólar)”, disse a jornalistas ao deixar a sede da Pasta.
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As declarações do ministro sinalizam, segundo ele próprio, uma mudança na forma de comunicação do governo, algo que ele detectou como uma das razões para a escalada do dólar. “Apesar da desvalorização ter acontecido no mundo todo, de uma maneira geral, aqui aconteceu uma coisa que foi maior do que nos nossos pares. Atribuí isso a muitos ruídos. Precisamos comunicar melhor os resultados econômicos que o País está atingindo”, afirmou.
Fatores externos
Externamente, investidores observam os novos dados da atividade econômica dos Estados Unidos. Na quinta-feira (27), o governo americano informou que a economia cresceu a uma taxa anualizada de 1,4% no período de janeiro a março. Esse foi o menor avanço trimestral desde o segundo trimestre de 2022, mostrando uma leve melhora em relação à estimativa anterior.
Junto a isso, as consecutivas altas do dólar ocorrem em meio a uma aceleração dos ganhos da moeda americana no exterior e novas máximas nos retornos dos treasuries de 10 e 30 anos (títulos de dívida emitidos pelo governo dos EUA). Esse cenário tem impacto nas moedas emergentes, incluindo o real, que apresenta o pior desempenho entre seus pares latino-americanos. Apenas o rand sul-africano mostra perdas ainda maiores.
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