- O dólar deve encerrar o mês de abril em patamar mais alto do que o esperado pelos analistas até o início desta semana
- Enquanto a expectativa era de que a moeda pudesse fechar em R$ 4,90, agora as projeções indicam até R$ 5,20
O dólar deve encerrar o mês de abril em patamar mais alto do que o esperado pelos analistas até o início desta semana. Enquanto a expectativa era de que a moeda pudesse fechar em R$ 4,90, agora as projeções indicam até R$ 5,20.
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O principal motivo para a revisão são as desconfianças do mercado sobre aspectos da proposta para o novo arcabouço fiscal, apresentada oficialmente ao Congresso na terça-feira (18).
A moeda americana voltou ao patamar de R$ 5 no dia 11 deste mês, o menor valor de fechamento desde junho de 2022. Por trás das reduções sustentadas durante algumas semanas estava a melhora de perspectivas para a economia doméstica, com indicação de inflação controlada e expectativa pelas regras fiscais a serem apresentadas pelo governo federal.
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O otimismo com o arcabouço, porém, não durou muito. Um dia após a apresentação da proposta, a moeda encerrou a R$ 5,08. Com a avaliação de que o mercado não deve conseguir respostas sobre os pontos de desconfiança nas próximas semanas, as projeções são de que a desvalorização do real frente ao dólar possa seguir ampliando no curto prazo.
“Ainda mais considerando que a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos e na Europa também persiste em se manter em alta. Diversas casas já preveem o mês com uma alta de R$ 0,15/R$ 0,20 adicionais ao que estamos vendo hoje”, comenta Marcos Almeida, diretor da WIT Exchange, se referindo à cotação parcial de R$ 5,04 vista na quinta-feira (20).
A XP, que projetava R$ 4,90 para o fim do mês, realizou atualização mais otimista que a média das casas, estimando agora R$ 5,00. “Ajustamos justamente na esteira de incertezas que ainda pairam sobre a dinâmica das contas públicas”, explica Rodolfo Margato, economista da XP.
E para o resto do ano?
Já as perspectivas para o câmbio ao longo do ano não se alteraram. “Em maio, o cenário mais provável é se manter próximo a R$ 5, com períodos abaixo desse valor”, estima Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank.
O head de Câmbio da B&T Câmbio, Diego Costa, observa que a consolidação de um fluxo positivo para o País depende da saída do campo das perspectivas para o das realizações. “A valorização da moeda nacional passa por uma economia forte, que precisa demonstrar comprometimento com as contas públicas e diretrizes claras e sustentáveis”, avalia.
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Há, na visão de Costa, uma nova “pedra no caminho” para uma melhora sustentada. “A tensão da vez é a da possibilidade da instauração da CPMI que investigará os atos de 8 de janeiro e pode atrasar o andamento da apreciação da nova regra fiscal no Congresso Nacional”, diz.
As discussões mais otimistas que falavam em possibilidade de o dólar alcançar R$ 4,50 neste ano estão momentaneamente esquecidas, considera Margato, da XP. “Há preocupações e dúvidas que precisam ser sanadas. Reconhecemos a redução dos riscos, mas há pontas soltas que precisam de solução”, afirma.