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Prio (PRIO3): saiu da seca dos dividendos. E agora?

A petrolífera não pagava dividendos a seus acionistas há uma década. Veja o que o mercado pensa sobre a novidade

Prio (PRIO3): saiu da seca dos dividendos. E agora?
Foto: Envato Elements
  • A Prio, companhia operacionalmente muito eficiente, com boas perspectivas de crescimento, não pagava um dividendo sequer aos seus acionistas há uma década.
  • Foram investimentos em campos maduros e construção de portfólio, além de uma reestruturação no passado, que mantiveram a Prio ocupada na última década e sem distribuir dividendos.
  • Contudo, recentemente a companhia anunciou o pagamento de R$ 60,615 milhões em dividendos intermediários, ou R$ 0,07 por ação que foram depositados na conta do investidor no dia 22 de dezembro.

Imagine investir em uma companhia operacionalmente muito eficiente, com boas perspectivas de crescimento, mas que há uma década não pagava um dividendo sequer aos seus acionistas. É assim como o mercado poderia descrever a Prio (PRIO3).

Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research, explica que a Prio trabalha com a produção de petróleo offshore –  ou seja, opera em plataformas petrolíferas em alto mar, fazendo a extração no oceano. O modelo é semelhante ao da Petrobras (PETR3;PETR4) e outras grandes empresas do setor.

O diferencial, contudo, é que a Prio trabalha com campos maduros de petróleo, aumentando a vida e produtividade deles com custos baixos. Esses campos são geralmente vendidos pelas grandes petroleiras e reaproveitados por companhias menores como a Prio.

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Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, lembra que a Petrobras é especialista na exploração no pré-sal – uma área de reservas petrolíferas localizada abaixo de uma profunda camada de sal no subsolo marinho – enquanto a Prio ainda deve dar os primeiros passos nesse tipo de incursão com a recente aquisição do campo Wahoo.

Foram todos esses investimentos em campos maduros e construção de portfólio, além de uma reestruturação no passado, que mantiveram a Prio ocupada na última década e sem distribuir dividendos. Mas, recentemente a companhia anunciou o pagamento de R$ 60,615 milhões em dividendos intermediários, ou R$ 0,07 por ação que foram depositados na conta do investidor no dia 22 de dezembro.

O anúncio, embora modesto, surpreendeu os investidores, mas uma dúvida ficou no ar: seria o único dividendo que a companhia pretende distribuir após uma década ou teremos espaço para mais?

As opiniões do mercado são diversas. Hugo Queiroz, sócio e diretor da L4 Capital, acredita que este dividendo já sinaliza que a companhia vai continuar distribuindo proventos enquanto aguarda novos desinvestimentos das grandes petroleiras para adquirir novos campos e expandir a sua produção. “Teríamos que ver alguns campos da Shell, Equinor, Petrobras disponíveis para ter um crescimento da Prio e acredito que isso ainda deva levar algum tempo”, afirma Queiroz. Para ele, a Prio deve passar por um período de estabilidade de produção, crescimento menor e margens elevadas, o que deve dar espaço para proventos.

Contudo, no começo da jornada o dividend yield não deve ser muito elevado, segundo as estimativas de Queiroz. O analista espera que com o barril de petróleo negociando entre US$ 70 e US$ 80, a Prio entregue um dividend yield de entre 1,5% e 3% em 2024. “Se o preço do petróleo ficar acima disso neste ano pode até surpreender”, diz.

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Dividendos mais encorpados, na casa dos 6%, só seriam possíveis a partir de 2025, na avaliação do analista. Mas para quem não pagava nada, um trocadinho já é um primeiro passo. “Acredito que a Prio vai misturar estratégias. A companhia vai distribuir dividendos e vai utilizar uma parte para investir e aprimorar a produtividade desses campos ou trazer outros para dentro da sua operação”, pontua Queiroz.

Tem os que preferem não esperar nada para não se decepcionar, como Vaz, da Nord, que acha que essa crença do mercado de que a Prio pode chegar a ter um retorno em dividendos de 4% neste ano é empolgação demais. “Isso pode não acontecer se tiver alguma aquisição ou se a companhia fizer algum investimento, esse yield pode cair ou até zerar no ano que vem”, comenta.

Para Vaz, ainda não há sinais claros de dividendos recorrentes na Prio e, embora a companhia deva começar 2024 com uma geração de caixa muito forte, as prioridades serão diminuir o endividamento e investir para aumentar a sua produção. “Só depois disso, ou eles pagam proventos ou destinam para aquisição de novos campos.”

Vaz acredita que no longo prazo a Prio até poderia fazer sentido para uma estratégia de dividendos. No entanto, a curto e médio prazo ainda enxerga a companhia como uma oportunidade de crescimento robusto de resultados, que deve ter como consequência imediata a valorização das ações.

Arbetman tem uma visão parecida e considera que os dividendos de R$ 0,07 da Prio são mais conjunturais do que uma mudança estrutural. “A companhia ainda tem uma série de projetos para tocar, estava com caixa excedente e distribuiu como manda a lei”, avalia. Para ele é muito cedo para falar que o foco da Prio seriam proventos. Arbetman cita a produção no campo de Wahoo, possibilidades no campo de Frade e o maior desenvolvimento do campo de Albacora Leste como alguns dos projetos atuais que podem demandar mais atenção e recursos da companhia, além de possíveis fusões e aquisições.

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“Hoje me parece que o foco da empresa está completamente em crescimento. Ela até pode se tornar uma boa pagadora de proventos lá na frente, em 2027 ou 2028, quando os projetos atingirem uma maturação maior”, observa Arbetman.

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