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As dicas de cinco analistas para proteger a carteira em tempo de crise

Saiba quais classes podem ser mais estratégicas para evitar perdas

As dicas de cinco analistas para proteger a carteira em tempo de crise
(Foto: Evanto Elements)
  • Com o noticiário afetando o mercado a cada nova informação, muitos investidores questionam quais ativos podem ser mais seguros para enfrentar um cenário volátil
  • O que os analistas alertam é que os investidores devem levar a sério o ditado que afirma que ninguém deve comprar guarda-chuva quando está chovendo, porque o preço é muito maior
  • Ou seja, a tentativa de sobreviver a uma crise econômica não deve ser uma tomada durante a turbulência: é um trabalho que deve ser feito antes

Depois de uma alta na Bolsa, consequência da carta do presidente Jair Bolsonaro sugerindo uma trégua com os outros Poderes após os protestos de 7 de setembro, o mercado volta a cair. O novo recorde de rejeição do líder do Executivo, aferido por pesquisa do Datafolha, reflete o impacto da inflação no bolso dos brasileiros e a aversão ao risco no País. Em setembro, o índice já acumula queda de 4,20%.

Com o noticiário afetando o mercado a cada nova informação, muitos investidores questionam quais ativos podem ser mais seguros para enfrentar um cenário volátil e de risco. O E-Investidor ouviu a opinião de cinco especialistas sobre quais classes podem ser mais estratégicas para evitar perdas.

O que os analistas alertam é que os investidores devem levar a sério o ditado que afirma que ninguém deve comprar guarda-chuva quando está chovendo, porque o preço é muito maior. Ou seja, a tentativa de sobreviver a uma crise econômica não deve ser uma tomada durante a turbulência: é um trabalho que deve ser feito antes.

Flávio Aragão, sócio da 051 Capital

“A classe que mais gostamos de utilizar é a multimercado, que separamos em várias subclasses. A primeira, é a de long short, que foca na estabilidade e pode ser beneficiada em um cenário mais volátil, porque ele aborda certas distorções e movimentos atípicos ainda entregando um bom resultado.

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Essa classe não tem o que chamamos de risco direcional, então ela pode ganhar retorno se a bolsa cair e pode ganhar se a bolsa subir, ou seja, não tem um risco direto. Essa classe está posicionada em pares de ativos para controle de risco.

A segunda subclasse de multimercado que gosto de usar por conta do processo de escolhas de ativo é a quantitativa. Esse tipo de fundos possuem robôs operando diferentes processos, cada um deles possui níveis bem definidos. Essa automação tira a ansiedade do investidor, mesmo o profissional. Dessa forma, as decisões são mais controladas pelos algoritmos.

Por fim, a subclasse chamada de macro global opera em diferentes países, sejam moedas, commodities ou ações. Apesar de não ter uma posição direcional comprada, possuem muita diversificação de classes, regiões e riscos.”

Eduardo Scheffer, sócio e especialista de produtos da B.Side Investimentos

“Em período de instabilidade, faz muito sentido ter caixa disponível no portfólio. Ou seja, aplicações indexadas ao DI com liquidez diária.

Esse capital disponível vai proporcionar ao investidor a conseguir entrar em oportunidades que podem aparecer ao longo deste período de instabilidade. Com essa liquidez é possível aproveitar ativos diferentes e atrativos que, muitas vezes, o investidor que não têm um caixa, não consegue aproveitar.

Para quem tem perfil mais agressivo e sofisticado, faz sentido ter uma posição em ativos alternativos, como fundos de private equity e venture capital. As gestoras que investem nesses tipos de ativos, em geral, conhecem o cenário do Brasil e o histórico de instabilidade. As empresas incluídas em seus portfólios são companhias que conseguem manter o desempenho independente do cenário externo.

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Entretanto, por serem ativos de capital ilíquido, o investidor acaba não sentindo a oscilação, já que ele não consegue vender e é forçado a manter a posição. No longo prazo, é possível ter uma rentabilidade mais atrativa do que manter o investimento em Bolsa no mesmo período.

Outro tipo de estratégia interessante para o momento de instabilidade é a alocação em ativos indexados à inflação. Entretanto, é necessário observar qual a melhor duration (prazo médio de recebimento do título) para estar exposto, dependendo de como está a curva de juros. Para isso, é essencial saber o que está acontecendo no mercado e manter uma relação com o assessor de investimentos para orientar o que faz mais sentido, comprar um ativo atrelado ao IPCA com uma duration de quatro anos, até sete anos ou ainda maior.”

Filipe Caldas, sócio da Carbyne Investimentos

“A incerteza no mercado exige cautela dos investidores na hora de escolher os ativos. É importante focar em setores pouco cíclicos como por exemplo healthcare, farmacêuticas, educação e energia.

O grande segredo do mercado é ter disciplina e paciência para conseguir achar as oportunidades certas. No mundo do private equity normalmente isto significa grandes oportunidades no mercado secundário de FIPs e boas oportunidades em special situations e distressed debt.”

Renato Breia, sócio-fundador da Nord Research

“O primeiro ponto que o investidor deve considerar é que não se compra guarda-chuva em dias de chuva, mas em em dia de sol. Um dos maiores erros ao montar uma carteira é procurar diversificação e proteção em momentos onde já se estabeleceu algum tipo de turbulência ou aumento da percepção de risco.

Inicialmente, todo mundo deve ter renda fixa e renda variável na carteira. É importante ter um equilíbrio entre renda fixa e renda variável que seja adequado ao perfil. Em seguida, é preciso pensar na diversificação. Tanto entre as classes de ativo, como prazos.

Na renda fixa, você pode ter algo com liquidez imediata e outro ativo com um prazo mais alongado para você tentar um um ganho um pouco maior, seja em crédito privado ou em pré-fixados mais curtos em até três anos.

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Quando falamos em renda variável, temos que pensar não só na diversificação em ativos no Brasil, mas nos ativos do exterior. Eu diria que, essencialmente, essa seria uma carteira está mais ou menos blindada para qualquer cenário. Todo mundo deveria ter pelo menos uma parcela da carteira e renda variável com uma estratégia a mais de longo prazo para ter um retorno maior. Por fim, uma estratégia de ter uma locação fora do Brasil.

Podemos utilizar a estratégia de um terço em renda fixa, um terço em renda variável no Brasil e outro em renda variável no exterior como ponto de partida de um perfil mais arrojado. Em um perfil mais conservador, seria 50% de renda fixa e dois grupos de 25%, um para renda variável doméstica e outro para internacional.

As pessoas têm muita dificuldade em fazer investimento fora do Brasil porque elas veem o dólar na máxima. E, realmente, acredito que o dólar é um dos ativos mais difíceis de tentar prever. O que acaba acontecendo é que muita gente tenta acertar o melhor momento. O que acontece é que, se o dólar cai bastante, o mercado está precificando um cenário muito benigno para o Brasil, o que diminui o interesse em investir fora. Quando o dólar dispara, todo mundo passa a querer investir fora. O que eu sugiro é que, quem pretende alocar algo em torno de 20% no exterior, deve fazer de forma lenta.”

Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama Investimentos

“Quando os juros sobem, os preços dos ativos são ajustados, pois o custo de oportunidade muda. Estamos numa trajetória de alta de juros, sobretudo para conter a inflação, mas há outros motivos também que podem afetar esse movimento, como por exemplo a falta de credibilidade na administração das contas públicas.

Até chegarmos ao fim do ciclo de alta de juros, que deve ser a Selic 8% ou 8,5%, com viés de alta em 2022, essas marcações serão frequentes, ou seja, teremos volatilidade nos mercados. Nesse cenário, a classe de renda fixa pós-fixada, podendo ser títulos públicos, privados e também fundos, é a escolha mais acertada. É uma classe com correlação neutra com as demais.

Pode ser o título do tesouro, tesouro Selic que acompanha a alta. Se a Selic sobe, os rendimentos aumentam. Os títulos privados têm um prêmio adicional pelo risco de crédito e também pelo prazo. É possível conseguir 138% de CDI e até 140% do CDI nas aplicações em CDBs e LCA, principalmente os CDBs que possuem prazos um ano ou mais. Além disso, os fundos que investem em títulos públicos e privados e até em renda fixa estruturada com uma maior potencial de retorno.

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Para os investidores com perfil mais arrojado, que investem em ações e no exterior, com as eleições presenciais já em pauta e os países desenvolvidos também mais próximos de retirar os estímulos econômicos, ter um percentual em dólar ou ouro pode ajudar no equilíbrio da carteira.”

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