- Os títulos pós-fixados de renda fixa, como o Tesouro Selic, estão com um rendimento expressivo por causa do atual patamar da taxa de juros
- Agora que o mercado está precificando o início dos cortes na Selic, esse cenário pode começar a se alterar
- Ainda assim, especialistas veem espaço para esses ativos na carteira
Desde que o Banco Central iniciou o ciclo de aperto monetário, levando a taxa de juros do País de 2% para 13,75% ao ano, a renda fixa voltou a figurar como a queridinha dos portfólios. Não é para menos: com pouquíssimo risco, ativos pós-fixados como o Tesouro Selic estão rendendo mais de 1% ao mês.
Mas esse cenário pode estar prestes a mudar. Com o arrefecimento da inflação e a aprovação do novo arcabouço fiscal, o mercado passou a precificar que o início do ciclo de cortes na taxa Selic começa já no segundo semestre, na reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom). Isso significa que o CDI, que determina o rendimento dos títulos pós-fixados de renda fixa, vai diminuir – o que também resultará em retornos menores nesses ativos.
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“Acontecendo mesmo o corte de juros, os investimentos pós-fixados inevitavelmente vão ter uma queda em seu desempenho”, destaca Pedro Despessel, analista de renda fixa do Simpla Club. “O investidor que está com a carteira muito concentrada nesses ativos vai sentir na sua rentabilidade”, diz.
O maior otimismo frente a possibilidade de queda na Selic tem feito inclusive muitos analistas recomendarem uma maior alocação em títulos prefixados, que “travam” a rentabilidade no momento da compra do título. Mas isso não significa também que investidores devem abrir mão completamente dos pós-fixados.
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Despessel, do Simpla Club, explica que o momento pode, sim, ser atrativo para os investidores muito concentrados em ativos pós realizarem pequenas adequações ao portfólio, diversificando os indexadores da carteira. “Para o investidor de curto prazo ou aquele que busca algo com liquidez imediata, para a reserva de emergência, por exemplo, a renda fixa pós vai continuar sendo e sempre vai ser uma alternativa interessante”, afirma Despessel, do Simpla Club.
Mudar a carteira ou manter as posições?
Na visão de Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, ainda faz sentido manter a alocação em pós-fixados. Ela explica que, por mais que haja a perspectiva de redução da Selic, a projeção do mercado é de uma taxa de 12,5% ao final de 2023 e de 10% ao final de 2024. Isso significa que o investidor tem ao menos mais um ano de meio de rendimentos de dois dígitos em ativos considerados de baixo risco.
“A taxa deve cair, mas de forma moderada. Os 12,5% para o final do ano é um patamar alto de taxa de juros e ainda distante de chegar em um dígito, como estávamos em 2021”, destaca.
Odilon Costa, head de Research e Renda Fixa da SWM, também tem preferência pela renda fixa pós-fixada, ainda que reconheça que deve haver uma queda na taxa de juros. “Achamos precipitado falar em um ‘range’ na carteira a partir das curvas de juros. Entendemos que um pouco de alocação pré possa fazer sentido taticamente, mas olhando estruturalmente ainda preferimos papéis pós-fixados (CDI+ e %CDI) e híbridos (IPCA+)”, destaca.