Mercado

Taxa de juros: o que corretoras esperam da ata do Banco Central sobre Selic

Corte de juros é tido como o principal gatilhos para uma valorização na Bolsa; mas deve começar só em agosto

Taxa de juros: o que corretoras esperam da ata do Banco Central sobre Selic
Foto: Beto Nociti/Banco Central
  • Os olhares do mercado esta semana estão voltados para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece entre a terça (20) e a quarta-feira (21)
  • Apesar do consenso entre os especialistas indicar a manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano, a expectativa é de que o tom do comunicado dê indicativos dos próximos passos da instituição – inclusive sobre um possível primeiro corte na Selic
  • O E-Investidor conversou com corretoras e gestoras para entender as expectativas para a reunião; e quando especialistas imaginam que a Selic vai realmente começar a cair

Os olhares do mercado estão voltados para a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do semestre, que acontece entre a terça (20) e a quarta-feira (21). Apesar do consenso indicar a manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano, estacionada desde agosto de 2022, a expectativa é de que o tom do comunicado dê indicativos dos próximos passos da instituição – inclusive sobre um possível primeiro corte na Selic já no segundo semestre.

Na última reunião do grupo, em maio, o tom ainda era relativamente duro. Mantendo a mensagem de cautela, o BC reforçou uma preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, enfatizando que “não hesitaria” em retomar o ciclo de ajuste se julgasse necessário. Para esta semana, ao menos essa última parte, já não deve mais estar presente no novo comunicado.

Esta é a percepção geral dos 6 especialistas consultados pelo E-Investidor. Um tom ainda cauteloso, mas que não volte a mencionar a possibilidade de novas altas da Selic – o que, frente a comunicados anteriores, já significaria um sinal positivo.

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A outra expectativa tem a ver com indícios dos próximos passos. Boa parte do mercado passou a precificar que o primeiro e tão falado corte na Selic deve acontecer em agosto, mas isso não é consenso. Entre as corretoras consultadas, há quem veja uma redução nos juros apenas em setembro.

O corte na taxa de juros é tido por muitos analistas de mercado como o principal gatilho que fará a Bolsa e os ativos de risco conseguirem uma recuperação este ano, depois de quase dois anos sendo penalizados pelo aperto monetário. A própria expectativa de que a redução de juros está se aproximando já está fazendo alguns investimentos se valorizarem.

O Ibovespa, por exemplo, já acumula oito semanas consecutivas de alta. Um momento de bull market, como contamos aqui. Por isso, a reunião desta quarta-feira é tão importante. Para entender melhor o que esperar da decisão, veja quais são as  expectativas das corretoras consultadas:

Ágora Investimentos

  • Expectativa: corte de 0,5 p.p. em agosto

Na Ágora Investimentos, a expectativa é que a, ao manter a Selic em 13,75% ao ano por mais um encontro, o Copom dê indicativos em seu comunicado de que o corte na taxa de juros deve começar nas próximas decisões. A corretora projeta que os juros encerrem 2023 em 11,75% – o que significaria quatro cortes de 0,5 ponto percentual começando a partir de agosto.

A projeção um pouco mais otimista se baseia na expectativa de que os indicadores da economia que serão divulgados até a reunião do Copom de agosto seguirão positivos, corroborando com o fim do aperto monetário.

“Até lá vamos ter mais um dado de inflação mostrando um cenário benigno, possivelmente a aprovação do arcabouço fiscal no Senado sem alterações relevantes no texto base, além da reunião do CMN com a definição da meta de inflação; o que tira a incerteza e pode ancorar as expectativas”, explica Maria Clara Negrão, analista da Ágora.

BTG Pactual

  • Expectativa: corte de 0,25 p.p. em agosto

Em relatório divulgado nesta segunda-feira (19), o BTG destacou que espera uma mudança na comunicação do Copom nesta reunião.

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No encontro de maio, o comitê manteve a postura vigilante, expressando preocupação com a deterioração das projeções de inflação. A expectativa do BTG agora é que o trecho que vinha aparecendo no comunicado, de que a instituição não hesitaria em retomar os ajustes na Selic, não apareça mais.

Os analistas Claudio Ferraz, Bruno Balassiano e Bruno Martins pontuaram ainda que, assumindo que o CMN manterá a meta de inflação em 3% na reunião do final de julho, agora veem espaços para que os cortes na Selic comecem já no encontro de agosto do Copom, com uma redução de 0,25 p.p. Anteriormente, a projeção do BTG era apenas para setembro.

“Por enquanto, vemos o tom geral e a estratégia do Copom apontando para um corte inicial de 25bps, mas a possibilidade de um movimento mais significativo (50bps) está em cima da mesa”, diz o relatório.

Itaú BBA

  • Expectativa: cortes a partir de setembro

O time de economia do Itaú BBA não espera que o Copom sinalize que um corte de juros é iminente na reunião da quarta-feira. A expectativa é que a instituição reitere o tom de paciência/cautela adotado até aqui, mas remova do comunicado o alerta de que não hesitará em retomar o ciclo de ajustes.

“Acreditamos que a eventual flexibilização da política monetária deveria ocorrer de forma gradual”, diz em relatório o economista-chefe Mario Mesquita. “Por um lado, a queda da inflação corrente tem sido importante, por outro, a inflação permaneceu elevada por um período prolongado, com expectativas longas desancoradas, o ajuste fiscal ainda é desafiador e a política monetária nos países desenvolvidos continua avançando em território contracionista.”

Entendendo que o cenário ainda demanda cautela com as projeções de inflação de médio prazo, o Itaú espera que o primeiro corte na taxa de juros aconteça apenas em setembro.

Kinea Investimentos

  • Expectativa: início dos cortes em setembro

Na Kinea, a expectativa também é que o ciclo de cortes na Selic se inicie apenas em setembro. Para a reunião desta quarta-feira, a projeção é de que o BC mantenha o tom relativamente duro, reforçando a necessidade de cautela.

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“Desde a última reunião finalmente vimos melhora nas expectativas de inflação, mas não podemos esquecer que a meta para 2024 é de 3%, e as expectativas estão desancoradas. Por isso não acreditamos que o BC vai sinalizar cortes já para a reunião de agosto, o ciclo deve começar em setembro, quando o processo de desinflação estiver mais consolidado”, diz Daniela Lima, economista da Kinea.

Suno Research

  • Expectativa: corte de 0,25 p.p. em agosto

Na Suno Research, o entendimento é que o cenário atual é melhor do que o de meses anteriores para o Banco Central. “Desde a última reunião do Copom, realizada no início de maio, a inflação continuou dando sinais de arrefecimento e, diante de uma redução do risco fiscal, a taxa de câmbio passou a ser negociada abaixo dos R$ 5,00, as expectativas melhoraram e as taxas das longas da curva de juro futura começaram a cair. Todos são fatores positivos para o Banco Central”, explica Gustavo Sung, economista-chefe.

O cenário base da casa é de início dos cortes em agosto, com três reduções consecutivas de 0,25 p.p até que, por fim, na última reunião do ano em dezembro, o Copom opte por um corte de 0,5 p.p., levando a Selic para 12,50% ao ano.

XP Investimentos

  • Expectativa: corte de 0,25 p.p. em agosto

Na XP, o entendimento também é que os dados divulgados desde a última reunião do Copom sugerem que a política monetária pode ser menos restritiva do que foi no início do ano. Uma melhoria que deve ser incorporada no comunicado.

“Ao mesmo tempo, como as projeções de inflação continuarão acima da meta, o comitê tende a manter a ‘guarda alta’, sem se comprometer com a próxima decisão”, dizem Caio Megale, economista-chefe, Rodolfo Margato e Alexandre Maluf, economistas da XP.

O cenário base da corretora considera um corte de 0,25 p.p. em agosto, seguido de cortes de 0,50 p.p até a taxa Selic atingir 11,00% ao ano no 1º trimestre de 2024.

 

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