- Além de oferecer uma boa rentabilidade no atual momento, a renda fixa é considerada um dos investimentos mais seguros do mercado
- A elevação da taxa Selic beneficia os ativos da renda fixa porque a grande maioria deles estão atrelados à própria taxa
- Para os especialistas, a Selic só deverá cair a partir do ano que vem, com o arrefecimento da inflação; No entanto, há divergências sobre qual período do ano
Com a taxa básica de juros em 12,75% ao ano, a renda fixa voltou aos holofotes. Afinal, além de apresentar uma rentabilidade mais atrativa no atual momento, a classe de ativos é considerada uma das mais seguras do mercado.
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A elevação da Selic beneficia os ativos da renda fixa porque a grande maioria deles estão atrelados à própria taxa, seja diretamente — caso dos títulos públicos —, ou indiretamente, através de títulos vinculados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que tem a Selic como referência.
“Se você for no banco e buscar qualquer rendimento que seja 100% o CDI, o que é muito fácil de se achar, você ganhará 12,65% ao ano. Isso dá mais de 1% ao mês. É uma rentabilidade alta, considerando que esses são investimentos de menor risco do mercado”, afirma Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da empresa Eu Me Banco.
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Segundo ele, para o investidor que busca liquidez e segurança, o CDB ou o Tesouro Selic são ótimas opções. “Antes da elevação da taxa de juros essa taxa era de 2% ou 3% ao ano”, compara Louzada. Já o tesouro pré-fixado pode ser uma boa escolha para os que buscam um retorno a longo prazo.
Também há ativos da renda fixa com a rentabilidade diretamente ligada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o grande motivo da taxa básica de juros estar nas alturas. Isso porque a elevação dos juros é uma política do Banco Central para combater a inflação, que ficou em 1,06% no mês de abril — maior alta desde 2003 para esse mês desde 1996. Em 2022, o IPCA acumula um salto de 4,29% e, em 12 meses, atinge 12,13%.
Por isso, para entender até quando a renda fixa estará pagando esses altos rendimentos, é necessário saber quando a inflação começará a baixar. Para os especialistas consultados pelo E-Investidor, o Banco Central elevará ainda mais a taxa de juros, mas não há consenso sobre quanto será essa alta e até quando ela irá durar.
Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, acredita que o Copom elevará a taxa Selic em mais 1%. Para ela, cabe saber se essa alta estará dividida em dois aumentos de 0,5% ou em apenas um anúncio de 1%. “A nossa expectativa é que a Selic chegue em 13,75% em agosto e que isso dure até meados do ano que vem, quando o Banco Central começará a reduzir gradualmente”, afirma de Sá.
Já Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, empresa de tecnologia e educação para investidores, é mais otimista e julga que o Copom deve promover mais um aumento de 0,5% na reunião de junho. Segundo ele, essa será a última elevação da Selic no País e, após isso, a taxa deverá se manter sem alterações até o fim do ano.
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A opinião é compartilhada por Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, que também enxerga a taxa em 13,25% até dezembro. Para ele, depois disso a taxa tende a começar a cair. “O recuo da inflação e a estabilização do câmbio devem abrir espaço para o Copom iniciar um ciclo de cortes na taxa no primeiro trimestre de 2023”, diz Borsoi.
Ele avalia que há fatores que poderiam antecipar ou acelerar o ciclo de corte na taxa Selic. Entre elas, está a normalização das cadeias de produção industrial, principalmente com a reabertura mais ampla da China, que passa por um intenso Lockdown.
“Tenderia a reduzir as pressões inflacionárias na indústria, principalmente na cadeia de semicondutores”, diz Borsoi. O economista-chefe da Nova Futura também cita que uma apreciação mais significativa do câmbio poderia reduzir as pressões inflacionárias vindo do exterior.
Já Ricardo Jorge cita que a normalização dos preços de commodities, especialmente as ligadas à energia, também poderia acelerar a redução da inflação e, consequentemente, da Selic. As commodities estão em alta desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia.
“No final do ano, caso os indicadores de inflação deem sinais de arrefecimento, a partir de 2023 o Banco Central poderá cortar juros”, diz Jorge.
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Com a expectativa de que a redução da taxa Selic aconteça apenas no ano que vem, tudo indica que a renda fixa continuará retornando mais de 1% ao mês pelo menos até o final do ano. Agora, cabe ao investidor decidir qual tipo de ativo é mais atrativo para o seu objetivo.
A pedido do E-investidor, o analista de renda fixa da Ativa Investimentos, Bruno Brostoline, listou alguns ativos da renda fixa que pagam mais de 1% ao mês. Ele destaca que a última vez que essa classe de ativos trouxe essa rentabilidade foi nos anos de 2016 e 2017. Confira:
Ativo | Emissor | Taxa | Taxa Anual | Taxa Mensal | Taxa Mensal – Pós IR de curto prazo | Vencimento |
CDB | Will Financeira | 122% do CDI | 15,43% | 1,20% | 0,93% | 2026 |
CDB Pré-fixado | Industrial | 15,00% | 15,00% | 1,17% | 0,91% | 2027 |
Debênture HARG11 | Holding do Araguaia | IPCA+6,5% | 18,63% | 1,43% | 1,43% | 2036 |
Debênture PETR17 | Petrobrás | IPCA+5,35% | 18,31% | 1,41% | 1,41% | 2029 |
Tesouro Selic 2027 | Tesouro Direto | CDI+0,1685% | 12,83% | 1,01% | 0,78% | Não se aplica |
Tesouro IPCA 2026 | Tesouro Direto | IPCA+5,40% | 18,36% | 1,41% | 1,10% | Não se aplica |