- Os investidores vão precisar colocar um pouco mais de risco na carteira a partir de agora
- O mercado secundário de CDBs pode pagar prêmios melhores
- Para os mais arrojados, há opções como o crédito privado e fundos de debêntures incentivadas
Retorno acima de 1% com baixo risco é uma realidade que pode estar com os dias contados diante do ciclo de queda de juros. A boa notícia é que o mercado de renda fixa ainda oferece muitas opções que remuneram acima desse patamar.
Isso pode acontecer caso o Banco Central mantenha o ritmo de corte da Selic em 0,5 ponto percentual, com a previsão de juros caminhando para os 11,75% até o final do ano e abaixo de 10% até 2024. Neste cenário, o brasileiro vai ter que colocar um pouco mais de risco na carteira e ficar atento aos prazos dos títulos para manter o seu patamar de rentabilidade.
“Títulos pós-fixados com 120% do CDI rendem 1,25% ao mês, mas numa Selic abaixo de 10% esse rendimento não é mais possível. Por isso é importante atentar aos vencimentos mais curtos”, diz Jaqueline Benevides, sócia e especialista de renda fixa na plataforma InvestAI. O mercado já trabalha com uma Selic de 9% ao final de 2024.
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Para quem quer se despreocupar com o CDI, produtos pré-fixados que pagam taxas acima de 12,75% ao ano conseguem manter a média mensal de 1% de rentabilidade.
“Sabendo que o CDI tende a arrefecer, os produtos híbridos são mais interessantes para olhar agora”, diz a especialista, apontando para CDBs disponíveis nas plataformas de investimento que pagam CDI + 2,40%, que podem render 1,24% ao mês ou 16,1% na taxa anualizada.
Benevides chama atenção para o mercado secundário de CDBs, menos conhecido do investidor tradicional, mas que pode pagar prêmios melhores, com remunerações de 140% do CDI .
"Na emissão primária, os bancos lançam seus CDBs com valores redondos, R$ 100, R$ 1.000, R$ 10.000. Se o investidor perceber em sua plataforma valores quebrados, esse ativo é do mercado secundário", explica.
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Segundo Benevides, isso acontece porque o produto foi comprado pela corretora de algum investidor que se desfez do título e recolocado na prateleira com o spread. Para ter acesso, é necessário ficar de olho na abertura do mercado, porque os chamados taxeiros estão ligados e dispostos a pegar as melhores ofertas logo no início do dia.
Investidor deve ficar atento ao risco
Assim como na oferta primária de CDB, o mercado secundário também tem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para a pessoa física e não para a jurídica. Por essa razão, as corretoras voltam com o papel pagando um pouco melhor, depois de comprar de um investidor que precisou se desfazer de seu investimento.
É importante lembrar que as melhores taxas estão em CDBs emitidos pelos bancos menores, que têm um risco maior. "Papeis de bancos triple A pagam menos, é preciso buscar produtos de instituições menores. Mas não há tanta preocupação quanto a isso, por causa do FGC”, afirma a especialista de investimentos Simone Albertoni, da Ágora.
Nos títulos do Tesouro Direto, emitidos pelo governo, há poucas opções para quem busca seu 1% mensal.
"Como é um produto com menos risco, é o primeiro que sente a precificação da curva de juros. Hoje, dificilmente se encontra um título que pague 1% ao mês, muito menos quando se coloca o Imposto de Renda sobre o rendimento", avalia.
Há também produtos como Certificados de Recebíveis Imobiliários(CRI) e fundos de investimentos e de crédito privado, entregando retornos acima do 1% ao mês, sem FGC.
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Para quem aceita risco ainda maior, há o crédito privado. "A incerteza desse produto não é de mercado é de crédito de cada emissor", diz Mayara Sekertizis, head de Fundos e Previdência da Manchester Investimentos. Ou seja, o risco de calote é real.
Sekertizis diz que há oportunidades que pagam 3% ao mês (200% do CDI), caso de fundos de debêntures incentivadas, produtos isentos de Imposto de Renda para pessoa física. "Esses títulos são lançados por empresas de infraestrutura, resilientes e saudáveis, são empresas que vão conseguir honrar com seus débitos e têm fluxo de caixa previsível", afirma.
Segundo a especialista, produtos como esse vêm num cenário pós-Americanas e Light, que machucou o mercado de crédito, mas que podem trazer boa rentabilidade.
É importante, lembra a especialista, que antes de se arriscar em títulos de crédito, o investidor procure seu gestor de investimento para ter uma melhor noção da relação risco e retorno.