Os investimentos em renda fixa são as aplicações em títulos de dívida. Ao adquirir um desses ativos o investidor se torna um credor, em outros termos, ele “empresta” o seu dinheiro para um banco ou empresa privada. Então, com o passar do tempo, ocorrem os rendimentos referentes à taxa de juros, fazendo jus ao ditado popular: tempo é dinheiro. Mas, e durante os feriados? Como fica a rentabilidade nos dias em que o mercado e os bancos estão fechados?
De maneira geral, os rendimentos são calculados por meio de negociações diárias entre instituições financeiras que emprestam dinheiro entre si, e assim, são definidas as taxas médias de juros. No entanto, essas tratativas de compra e venda de empréstimos só funcionam em dias úteis. Por isso, investimentos de renda fixa como Certificado de Depósito Bancário (CDB), Tesouro Direto, entre outros, não rendem em feriados e aos finais de semana.
O assessor da Manchester Investimentos, José Augusto Balotari, afirma que o mercado financeiro considera que um ano possui 252 dias úteis, em média. “O mês de fevereiro, por exemplo, tem menos dias úteis que os demais meses do ano, e por isso, acaba sendo um mês com uma rentabilidade nominal menor que os demais meses”, diz.
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Para esclarecer a questão, o E-Investidor consultou alguns especialistas para explicar com mais detalhes o que ocorre com a rentabilidade durante esses períodos.
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Como é o rendimento dos pré-fixados em dias de feriado?
O especialista em finanças pessoais e sócio-diretor da Méthode Consultoria, Adriano Gomes, afirma que as taxas de juros pré-fixadas – em que a taxa de retorno do investimento já é definida no momento da aplicação – não deveriam ser afetadas por feriados, a menos que a data da realização caísse exatamente durante o feriado e postergasse a monetização efetiva da operação.
No entanto, os rendimentos oferecidos ao credor já possuem os feriados devidamente precificados no montante. “No momento da construção das condições do título (valor, garantia, titularidade, custos de carregamento, tributação, data de resgate) a taxa de juros oferecida pelo emissor levou sim em consideração eventuais feriados entre as datas”, afirma o especialista.
A questão se estende para as taxas de juros pós-fixadas, que carregam uma variável – geralmente CDI – cuja remuneração se dá somente em dias úteis. “No dia de um feriado, como não há transações no mercado financeiro acontecendo, não há um índice para o CDI e, logo, não há carregamento de juros neste dia”, diz Gomes.
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Por que ocorrem oscilações?
Durante os feriados e finais de semana, é possível verificar oscilações nos valores investidos em Tesouro Direto, CDBs, LCIs, LCAs, entre outros. No entanto, essas oscilações ocorrem por conta da marcação a mercado, que consiste num processo de precificação diária que redefine os valores de acordo com o preço atual de negociação e pode ser impactado por diversos fatores como o comportamento do mercado e inflação no período.
Segundo o analista de renda fixa da Levante Inside Corp, Fabrício Silvestre, alterações na liquidez diária podem ocorrer, mas não são relevantes. “Pode dar diferença, mas não deve chegar a 0,1 ponto porcentual. Sendo que em outros títulos, sem liquidez diária, alguns fatores possuem efeitos muito mais relevantes como as mudanças de expectativa ou uma surpresa inflacionária”, explica.
Um título de renda fixa apresenta uma sensibilidade maior às mudanças nas variáveis econômicas, como os deslocamentos para cima ou para baixo da taxa básica de juros, a Selic. Por conta disso, os papéis podem ser precificados novamente, e dependendo da alteração, há perda de valor. Logo, quem os detém deve permanecer atento também aos movimentos macroeconômicos.
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