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Ganho estável e pagamento regular: as ações que funcionam como renda fixa

Investidores procuram as “bond-proxies” em busca de renda estável e redução da volatilidade da carteira

Ganho estável e pagamento regular: as ações que funcionam como renda fixa
Analistas veem om otimismo desempenho desses papéis. (Foto: Adobe Stock)
  • “Bond-proxies são ações que se comportam de maneira semelhante aos títulos de renda fixa, com certa previsibilidade nos retornos e dividendos
  • Utilities, consumo, imobiliárias e telecom são exemplos de setores considerados bond-proxies
  • Analistas veem com otimismo o desempenho desses papéis no atual ciclo do mercado, marcado pela queda da taxa de juros

Existem no mercado vários nomes para classificar e agrupar diferentes ações pela combinação de características em comum. Mas nem todas essas tipologias são amplamente conhecidas. É o caso das “bond-proxies”, uma nominação que compara papéis à renda fixa e tem aparecido com frequência nas análises e recomendações de analistas.

De forma geral, as bond-proxies são ações que se comportam de maneira semelhante aos títulos de dívida, oferecendo certa estabilidade de retorno e, em muitos casos, pagando dividendos consistentes. “Investidores muitas vezes procuram esses ativos como uma forma de buscar renda estável em um ambiente de baixas taxas de juros ou para reduzir a volatilidade em suas carteiras”, explica Túlio Menezes, gestor de recursos CGA do Grupo Fractal.

Alguns setores se destacam nesse quesito. Utilities, ou serviços públicos, costumam aparecer entre os principais nomes, dado que tendem a ter uma demanda relativamente estável para seus serviços, o que resulta em fluxos de caixa previsíveis e permite a remuneração regular de proventos ao investidor. Mas empresas de consumo, segmentos imobiliários e telecomunicações também podem se encaixar nessa designação.

Juros em queda beneficiam as “ações de renda fixa”

O cenário atual de queda da taxa de juros do País favorece o investimento em ações, de uma forma geral. Mas as bond-proxies tendem a ter um desempenho especialmente positivo nesse ambiente – e é por isso que têm ganhado mais atenção no atual momento do mercado.

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Esse grupo de empresas também se destaca pela alta alavancagem, com boa parte das dívidas atreladas à Selic. É o que explica Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos, a partir de uma análise da relação de dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) dos setores.

“Há vários que podem ser beneficiados, como locação de veículos, shopping centers, o setor elétrico”, diz Boragini. “Para se ter uma ideia, alguns shoppings têm entre 70% e 85% das suas dívidas atreladas à Selic e uma alavancagem média de cerca de 2,5 vezes dívida líquida/Ebitda. Com a queda na taxa de juros, são empresas que naturalmente vão se desalavancar.”

O desempenho desses papéis depende ainda de outros fatores macroeconômicos, mas o ciclo atual de redução da Selic faz o mercado olhar com bons olhos para as bond-proxies no momento. “A queda nas taxas de juros pode reduzir os custos de financiamento para empresas desses setores, o que pode ser positivo para seus lucros e dividendos”, explica Túlio Menezes, do Grupo Fractal.

Quais são as bond-proxies preferidas?

As bond-proxies foram destaque em um relatório do Itaú BBA do fim de janeiro, quando o time de Research do banco escolheu quatro ações que ainda são vistas como atrativas: Equatorial (EQTL3), Sabesp (SBSP3), Santos Brasil (STBP3) e Eletrobras (ELET3). O entendimento dos analistas é que esse grupo de papéis integra um dos grandes temas para ações brasileiras no ano, um misto de empresas de qualidade, valuations (valor do negócio) atrativos, bom momento operacional e catalisadores positivos no cenário.

“Vemos as bond-proxies como um dos melhores temas para as ações brasileiras em 2024, pois encontramos empresas de qualidade negociando com avaliações atraentes, com boa dinâmica operacional e gatilhos positivos pela frente”, diz Daniel Gewehr, no relatório do BBA. “O setor de serviços públicos é o nosso setor favorito, seguido por infraestrututa (portos) e shopping centers”. Em relação aos shoppings, o BBA prefere aqueles nomes não expostos diretamente ao MP1185, a Medida Provisória que altera as isenções fiscais concedidas pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

As bond-proxies também estão entre as preferências da Kinea Investimentos. Numa entrevista ao E-Investidor, o gestor de ações Rafael Oliveira explicou a preferência por setores como utilities, shoppings e infraestrutura, com nomes como Rumo (RAIL3), Equatorial (EQTL3), Santos Brasil (STBP3), Eletrobras (ELET3), Copel (CPLE6) e Sabesp (SBSP3), Iguatemi (IGTI11) e Alllos (ALOS3). Leia a entrevista completa aqui.

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