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Renda fixa: como ficam os títulos IPCA+ em um cenário de deflação

Segundo especialistas, não é preciso se preocupar com a rentabilidade do Tesouro IPCA por enquanto

Renda fixa: como ficam os títulos IPCA+ em um cenário de deflação
(Foto: Envato)
  • Com a tendência de queda na inflação vista nos últimos meses, investidores podem estar se perguntando como fica a rentabilidade dos títulos indexados ao IPCA
  • Mas, segundo especialistas, não é preciso se preocupar por enquanto
  • O mercado não acredita que a deflação deve durar vários meses e, mesmo que continue a ceder, o Tesouro IPCA tem características que fazem a alocação valer a pena

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (24) uma deflação de 0,73% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) referente ao mês de agosto – a menor taxa da série histórica iniciada em novembro de 1991. Em julho, a prévia da inflação oficial do País já tinha registrado o início de um de arrefecimento, avançando apenas 0,13%.

Frente a essa tendência de queda, muitos investidores podem estar se perguntando como fica a rentabilidade dos títulos indexados à inflação e se o cenário atual significaria um prejuízo para ativos que até pouco tempo estavam muito atrativos.

Um bom exemplo são as NTN-Bs – ou Tesouro IPCA+ – que podem perder parte da rentabilidade, visto que têm o rendimento atrelado à média da inflação durante o período da aplicação. Mas, segundo especialistas, não é preciso se preocupar por enquanto.

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Há dois motivos para esta avaliação. O mercado não acredita que a inflação siga em baixa por muito tempo, uma vez que os movimentos sentidos em julho e agosto são reflexos de incentivos pontuais do governo, como a redução do ICMS sobre preços dos combustíveis e energia elétrica.

“O cenário deflacionário que temos hoje é pontual e o mercado já trabalha com a possibilidade de volta da inflação em setembro. Como o componente que deprecia a rentabilidade dos títulos é temporário, eu não me preocuparia com esse quesito neste momento”, explica Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores.

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Mas, mesmo que o cenário caminhe para uma deflação contínua, os títulos de renda fixa indexados ao IPCA ainda são boas opções para o portfólio de investimento. Por serem títulos híbridos, com uma parte pós-fixada em inflação e outra prefixada no momento da aplicação, o Tesouro IPCA+ garante sempre um juro real; isto é, rendimento sempre maior do que a inflação do período.

“Por definição, a principal função de um título indexado à inflação é proteger a rentabilidade. No fim das contas o que vale mesmo é a taxa real, e isso geralmente é cumprido por títulos indexados ao IPCA e não pelo CDI”, pontua Renato Lázaro Ramos, sócio-diretor de renda fixa da Empírica.

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O especialista explica que, como a visão do investidor deve ser sempre de médio e longo prazo, um ou dois meses de deflação não são motivo para fazer nenhuma mudança no portfólio. Os prazos mais longos são, inclusive, os que oferecem maior rentabilidade das NTN-Bs. “Olhando de 2026 para frente, praticamente todas as NTNBs estão projetando um cupom de 5,8% de juros real. Não tem motivo nenhum de mudar o call por causa dos movimentos recentes na inflação”, diz Ramos.

Outras opções

Mesmo que os títulos IPCA+ sigam atrativos, o momento também favorece outras opções da renda fixa que, com a Selic em 13,75% ao ano, ganhou o posto de queridinha dos investidores. Esta é, inclusive, a recomendação de muitos especialistas, como Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original.

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As recomendações variam de acordo com o prazo de vencimento desejado e do apetite a risco do investidor. Um portfólio diversificado pode contar com uma parcela em IPCA+, pela “garantia do ganho real ao longo do tempo”, e outra em títulos pós e prefixados, explica Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

“Perto do fim do ciclo de alta de juros, os prefixados devem se mostrar bastante vantajosos, não só hoje, mas pelos próximos três anos, os quais também devem se valorizar, e pagarem taxas acima de 14% por ano em média”, destaca Alves.

Essas opções, porém, têm um risco mais elevado pois estão sujeitas às marcações de mercado caso o investidor precise deixar a aplicação antes do prazo de vencimento.

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Por isso, a preferência de Paula Bento, assessora de investimentos da HCI Invest, ainda são os pós-fixados. “Hoje, em termos de rentabilidade, temos preferido alocar em pós-fixados. Mas sempre teremos uma alocação estrutural em inflação, em títulos mais alongados, como forma de proteção”, diz.

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