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Tesouro Direto: vale a pena investir em renda fixa em 2025?

Levantamento da Elos Ayta mostra que os títulos públicos entregaram mais rentabilidade para o investidor do que o Ibovespa e os fundos imobiliários no acumulado de 2024

Tesouro Direto: vale a pena investir em renda fixa em 2025?
Investimentos em renda fixa surpreenderam em 2024, mas ainda serão uma boa aposta no ano que vem? (Foto: Adobe Stock)

O ano de 2024 foi de fortes emoções no mercado financeiro. Com a escala da taxa de juros, agora a 12,25% ao ano, a bolsa de valores tem amargado a carteira dos investidores, cedendo cada vez mais espaço para a renda fixa.

Um levantamento feito por Einar Rivero, CEO da Elos Ayta, a pedido do E-Investidor, embasa este cenário. Os dados mostram que os Certificados de Depósitos Interbancários (CDI) e o IMA (índice que indica a média das expectativas do mercado sobre os títulos públicos) conseguiram bater o rendimento do Ibovespa e dos fundos imobiliários no acumulado deste ano. Veja abaixo

Entre os destaques, o Tesouro Direto se tornou um novo queridinho dos investidores brasileiros em meio a recordes de rentabilidade. Neste fim de ano, as negociações foram suspensas diversas vezes em um mesmo dia, empresa que as taxas dos títulos dispararam. Títulos prefixados com vencimento em 2027, por exemplo, ultrapassaram a marca dos 15% ao ano pela primeira vez na história. Já o IPCA+2029 estava oferecendo rendimentos perto de 8% ao ano acima da inflação – um patamar considerado raro, visto geralmente em épocas de estresse econômicos.

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Apesar dos bons rendimentos, é importante ter cautela. Questões como a marcação a mercado (que determina qual o preço que um ativo teria caso o investidor decidisse vendê-lo naquele momento), precificação do câmbio e movimento dos juros podem impactar nas taxas dos títulos públicos.

Com todas as variáveis em mãos, vale a pena investir no Tesouro em 2025? Veja a recomendação dos especialistas.

Quanto você pode lucrar se investir no Tesouro Direto

O E-Investidor reuniu algumas simulações para os títulos do Tesouro Direto pelo período de 12 meses, considerando início da aplicação em 30 de dezembro. As premissas utilizadas na calculadora do Tesouro Direto consideram uma Selic de 11,33% ao ano e o IPCA de 4,21% ao ano.

Foram utilizados os títulos com maiores taxas no Tesouro Direto, sendo: Tesouro Prefixado 2027 (15,91%), Tesouro Selic 2029 (SELIC + 0,1376%) e Tesouro IPCA 2029 (IPCA + 7,77%). Veja as simulações abaixo:

“Esse patamar de IPCA+ 7 é extremamente raro. A primeira vez que vimos níveis parecidos foi no ano do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016”, destaca Charo Alves, especialista em operações estruturadas do Valor Investimentos. “Para o investidor que busca títulos mais conservadores, uma taxa acima de 6,7% já é uma excelente oportunidade; são pouquíssimas classes de ativos que conseguem entregar uma rentabilidade real tão atrativa.”

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No caso do Tesouro Selic, o momento não poderia ser melhor, com a escalada da taxa de juros básica pelo Comitê de Política Monetária (Copom). No último encontro, em 11 de dezembro, o Comitê elevou a Selic a 12,25%, chocando o mercado com a possibilidade de chegar a 14,25% em 2025 – saiba mais aqui.

Ainda assim, a recomendação dos especialistas é de cautela. Apesar da rentabilidade atrativa e segurança que o produto oferece, é preciso levar alguns pontos em consideração na hora da fazer aportes no Tesouro Direto. Títulos que forem vendidos antes do vencimento podem sofrer com a marcação a mercado, isto é, se desvalorizar conforme o cenário econômico e o movimento dos juros. O prejuízo pode ser maior com os títulos de longo prazo, que, em geral, oferecem maiores taxas, mas podem sentir maior oscilação do mercado.

Em outras palavras, os preços dos títulos prefixados e indexados à inflação podem diminuir com o avanço das taxas de juros, e o investidor ter seu saldo de rendimento comprometido. No caso do Tesouro Selic, há uma sensibilidade menor à marcação à mercado, o que o torna uma ótima reserva de emergência. Isso porque todo dia o investimento se valoriza um pouco mais do que o dia anterior.

O mercado ainda repercute a insatisfação com o pacote fiscal do governo, anunciado em 27 de novembro. A falta de clareza nas medidas anunciadas pelo ministro Fernando Haddad geraram desconforto entre economistas que acreditam em uma provável perda de receita no próximo ano. O questionamento maior se dá quanto à economia de R$ 70 bilhões em dois anos projetada pelo governo, sobretudo com a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, com a justificativa de tributar aqueles que ganham mais.

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Nesta toada, a desvalorização do real ainda não deu trégua, com o dólar superando R$ 6,30, o que aumenta ainda mais a cautela dos investidores para financiar a dívida pública. Os recordes nas taxas revelam a necessidade de ajustes fiscais. “O dólar neste patamar e o IPCA + 8% é insustentável. De certa forma, isso acaba colocando uma necessidade de freio de arrumação do lado fiscal”, pontua Alexandre Cavalcanti, tesoureiro do Andbank.

No fim das contas, os especialistas dizem que essa é uma boa janela de oportunidade para novos investidores do Tesouro, que comprarem os títulos nas atuais taxas históricas. No entanto, é preciso ter um horizonte de investimento bem definido para que o rendimento dos títulos do Tesouro Direto sejam garantidos lá no futuro. Se você investiu antes, com as taxas mais baixas, a recomendação é não vender os papéis antes do vencimento.