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Selic pode chegar a 15%? Analistas atualizam projeções após “choque” do Copom

Decisão surpreendeu com postura mais severa do que o esperado; veja repercussões no mercado

Selic pode chegar a 15%? Analistas atualizam projeções após “choque” do Copom
Casas já apostam em Selic a 15% no ano que vem (Foto: Adobe Stock)
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  • O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano
  • A decisão ocorreu na última quarta-feira (12) e surpreendeu o mercado pela postura mais severa do que o esperado. Fora a elevação atual, o colegiado traçou outros dois aumentos de mesma magnitude nas reuniões de janeiro e março de 2025
  • O posicionamento da instituição surpreendeu e provocou uma corrida por revisões em modelos. Flávio Serrano, economista-chefe do BMG, por exemplo, previa anteriormente que o ciclo de alta de juros se encerraria com a taxa próxima a 14% ao ano. Agora, espera que chegue mais perto de 15%, o que seria a maior marca desde 2006.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. A decisão ocorreu na última quarta-feira (12) e surpreendeu o mercado pela postura mais severa do que o esperado. Fora a elevação atual, o colegiado traçou outros dois aumentos de mesma magnitude nas reuniões de janeiro e março de 2025. Ou seja, a Selic deve chegar a 14,25% ao final do primeiro trimestre de 2025, quando Gabriel Galípolo já estará à frente da autoridade monetária.

Já o patamar da Selic terminal — o ápice da alta dos juros — permaneceu em aberto. “A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”, diz o BC, no comunicado.

O posicionamento da instituição surpreendeu e provocou uma corrida por revisões em modelos. Flávio Serrano, economista-chefe do BMG, por exemplo, precisou atualizar as projeções para a Selic. Antes, previa que o ciclo de alta de juros se encerraria com a taxa próxima a 14% ao ano. Agora, espera que chegue mais perto de 15%, o que seria a maior marca desde 2006.

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“Atualmente, esperamos que o ciclo de aperto monetário se encerre com a taxa em 14,75%. Infelizmente, o cenário fiscal mais adverso coloca um risco desse processo se estender ainda mais, o que poderia elevar a taxa de juros acima dos 15%”, diz Serrano. No curto prazo, pelo menos, o efeito no mercado de taxas maiores pode ser positivo. Juros mais altos tendem a levar as expectativas de inflação para a meta e proporcionar um alívio sobre o câmbio. Vale lembrar que o dólar chegou a bater R$ 6,11 após a repercussão negativa do pacote de corte de gastos do Governo. O custo, entretanto, deve ser observado na atividade econômica.

“Entretanto, os desafios fiscais continuam sendo a redução nos prêmios dos ativos domésticos e a taxa de câmbio. No médio prazo, esperamos uma desaceleração da atividade econômica mais forte, com destaque para o segundo semestre de 2025”, ressalta o economista-chefe do BMG.

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, explica que a casa também atualizou os cálculos e agora projeta uma Selic terminal em 14,75% ao ano. “Esperamos que a reação inicial do mercado seja de achatamento da curva de juros, valorização do real e queda das inflações implícitas dos títulos públicos de inflação. No entanto, a questão fiscal tende a continuar sendo o principal determinante do comportamento dos ativos domésticos ao longo dos próximos meses.”, diz.

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Já a XP aposta mais alto e vê os juros chegando, de fato, a 15% ao ano em 2025. Antes, a projeção era de que o ápice fosse de 14,25% ao ano. A empresa acredita que se esse aperto monetário for concentrado no curto prazo, poderá ajudar a desacelerar a economia e estabilizar a taxa de câmbio.

“Se necessário, o Copom pode optar por um aumento adicional em junho para concluir o ciclo. Ainda refinaremos nossas outras projeções macroeconômicas para incorporar essa política monetária mais restritiva, mas nossa projeção para o IPCA em 2026 – atualmente em 4,5% – agora possui viés de baixa”, ressalta a XP.

De volta para 2006?

A última vez que o País teve juros acima de 14,25% ao ano — patamar que deve ser atingindo em março do ano que vem, conforme antecipado pelo BC–, foi entre 2015 e 2016, nos dois últimos anos do governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Acima deste nível, somente em períodos anteriores a 2006.

O consenso no mercado é de que a atitude do Banco Central renova a credibilidade na instituição, neste momento de troca de mandato. A reunião da última quarta (11) foi a última sob o comando de Roberto Campos Neto, que deve ser substituído por Gabriel Galípolo a partir do ano que vem. Galípolo chegou a enfrentar as desconfianças do mercado, por ser anteriormente conhecido como um economista de viés mais heterodoxo e alinhado ao Governo.

“Haverá um ajuste principalmente no ceticismo sobre o nível de comprometimento do novo BC em encarar o problema de frente e perseguir a meta. O novo BC estreia com ganho de credibilidade e todo o mercado reajusta suas estimativas para a Selic terminal em torno de 15% em meados de 2025. Se haverá espaço para reduções logo depois é outra história, pois há muita dúvida sobre a questão fiscal”, afirma Felipe Reis, estrategista da EQI Research.

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