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Selic a 10,75%: como ficam os investimentos em renda fixa?

Segundo analistas, os títulos pós-fixados se tornam mais atrativos

Selic a 10,75%: como ficam os investimentos em renda fixa?
  • Nesta quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar em 1,5 ponto percentual a taxa Selic que passa para 10,75% ao ano
  • Com o oitavo reajuste consecutivo, os analistas ressaltam que os títulos pós-fixados se tornam mais atrativos devido à perspectiva de novos aumentos ao longo deste ano
  • Apesar dessas projeções, os investidores precisam ficar atentos se o tipo de investimento está adequado aos objetivos financeiros de médio e longo prazo

Com o oitavo aumento consecutivo da taxa Selic, os títulos pós-fixados se tornam mais atrativos nos investimentos em renda fixa, segundo especialistas. Na quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) atendeu as expectativas do mercado e decidiu elevar a taxa básica de juros para 10,75% ao ano. Agora, a recomendação dos analistas é priorizar os ativos que acompanham o movimento da curva de juros.

O acúmulo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, já sinalizava a possibilidade de novos reajustes da Selic na primeira reunião do ano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado dos últimos 12 meses referente ao mês de dezembro, o IPCA correspondeu a 10,06%. Como a Selic é o principal instrumento de política monetária do Banco Central (BC) para controlar a inflação, a expectativa era que a taxa chegasse a dois dígitos já no primeiro trimestre de 2022.

As estimativas estavam certas. Na última quarta-feira, a taxa Selic subiu 1,5 ponto percentual. De acordo com Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Research e especialista em renda fixa, para os títulos indexados à inflação e os pré-fixados, não há alterações. É diferente com os títulos pós-fixados que, com a mudança, passam a pagar rendimentos com taxas maiores. “Os títulos, como um tesouro Selic que é atrelado à Selic ou um pós-fixado atrelado ao CDI, vão passar a render mais com nova taxa. Essa será a grande diferença”, destaca Fontes.

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A atratividade desses títulos deve se manter ao longo de 2022. Segundo a sócia-fundadora da Nord Research, devido às incertezas causadas pelo período eleitoral e também pelo ajuste monetário do Federal Reserve System (FED), autoridade monetária dos Estados Unidos, ainda há espaço para novos aumentos da Selic. “Enquanto perdurar esses riscos, os pós-fixados devem continuar a ser a melhor opção”, diz Fontes.

Apesar dos olhares estarem voltados para os pós-fixados, Jaqueline Benevides, analista de renda fixa do TC, afirma que há oportunidades com bons rendimentos em títulos pré-fixados no mercado. Ela destaca que há papéis com taxas de até 13%, percentual acima da previsão da Selic pelo boletim Focus para o fim de 2022 (11,75%). “Essas alocações são interessantes porque, quando a Selic começar a cair, você vai estar muito bem posicionado”, ressalta.

A previsão, segundo as projeções do Boletim Focus, é que a taxa básica de juros comece a cair a partir de 2023 e encerre o ano a 8%. Já para 2024 e 2025, a expectativa é que permaneça na casa dos 7%. Embora as perspectivas sejam de quedas, Benevides não recomenda aos investidores a compra de títulos com prazos longos.

“É interessante aproveitar, mas não prenda o seu dinheiro em um longo período porque não temos como prever o que vai acontecer. Estamos em um ano eleitoral e não sabemos quem será o próximo presidente, por exemplo”, afirma a analista do TC.

Já Alexandre Marques, especialistas de investimentos da Ágora, acredita ser interessante alocar uma parte dos seus recursos em títulos atrelados à inflação mais uma taxa pré-fixada. Segundo ele, o tipo de investimento protege o seu dinheiro da inflação. “Você consegue ter um ganho real na operação. Há taxas no mercado atrativas para esse tipo de papel”, ressalta Marques.

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Além disso, mesmo com o aumento da taxa Selic, há possibilidade de crescimento da inflação devido às incertezas no cenário macroeconômico. “Não sabemos se o aumento da Selic terá um efeito a curto prazo para conter a alta da inflação por causa do cenário (de incertezas) político e econômico do País”, acrescenta o especialista da Ágora.

Atenção na hora de investir

A decisão na hora de investir não deve estar fundamentada apenas nos rendimentos dos títulos em um determinado momento. Segundo Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, é preciso que as alocações dos recursos estejam alinhadas ao perfil e aos objetivos do investidor. O mais importante, portanto, é entender se a mudança pode ter impactos significativos para as suas metas financeiras.

“Uma carteira de investimento em renda fixa tem que estar atrelada ao perfil do cliente e ao objetivo da carteira, como a compra de uma casa ou se aposentar. Então, um movimento de curto prazo como esse não deveria impactar de forma significativa para os investimentos do cliente”, afirma Morelli.

Além disso, Simone Albertoni, especialista de investimentos da Ágora, afirma que é interessante a diversificação dos recursos em vários tipos de investimentos em renda fixa. Devido à volatilidade do mercado, o investidor precisa estar preparado para todos os cenários possíveis. “Não existe essa visão de que um único investimento está bom agora, por exemplo. O investidor tem que pensar que o mercado muda muito rápido e, às vezes, somos surpreendidos”, diz Albertoni.

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