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Selic deve permanecer em 13,75%? Veja o que dizem os analistas

O Copom já sinalizou que o ciclo de aperto monetário acabou, a menos que novos dados peçam por mudanças

Selic deve permanecer em 13,75%? Veja o que dizem os analistas
As metas da taxa Selic são definidas pelo Copom, órgão ligado ao Banco Central do Brasil. (Fonte: Governo do Brasil/Reprodução)
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  • A expectativa dos economistas é que ocorra a manutenção da Selic, em 13,75%
  • O Copom informou na última ata que deverá ponderar sobre as incertezas domésticas e globais antes de tomar qualquer decisão
  • A queda no IPCA ocorreu por conta das medidas que proibiram os estados de cobrarem taxas superiores à alíquota geral do ICMS

A expectativa dos economistas em relação à próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que acontecerá nesta terça (25) e quarta-feira (26), é que ocorra a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano.

O economista Fabio Louzada, analista CNPI e fundador da Eu me banco, diz que o BC deve manter mais uma vez os juros nos patamares atuais porque “por mais que o Brasil esteja passando por um período de deflação no país, trata-se de um alívio temporário”.

Louzada explica que a queda no IPCA ocorreu por conta das medidas que proibiram os estados de cobrarem taxas superiores à alíquota geral do ICMS – que vária de 17% a 18%, dependendo do local. “Com todo o temor de recessão global, o BC não irá arriscar baixar os juros para ter que subir novamente caso necessário”.

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Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, também tem a mesma opinião. Para ele, os indicadores de inflação vão começar a responder em breve aos movimentos de alta de juros promovidos pelo Copom.

“Os próprios dados embutidos em indicadores (IPCA e IPC-S) já começam a sugerir que a alta de preços está arrefecendo. Acredito que não há razão, por enquanto, para não manter a taxa de juros até pelo menos o final do primeiro trimestre do ano que vem”.

Um levantamento realizado pela Suno Research apontou que 90% dos especialistas precificam a manutenção da taxa, reforçando o fim do ciclo da alta. Por outro lado, para Vinicius Romano, analista de renda fixa na Suno, é importante ressaltar que a autoridade monetária mencionou que se manterá vigilante, “e não hesitará em retomar novas altas na Selic caso não evolua no processo de desinflação da economia”.

O Copom informou na última ata que deverá ponderar sobre as incertezas domésticas e globais antes de tomar qualquer decisão, pesando sobre os riscos altistas e baixistas, sendo eles:

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Os próprios integrantes do comitê deixaram claro que, por ora, o ciclo de aperto monetário teria cessado, a não ser que novos dados pressionassem para uma nova decisão. Tanto que mantiveram os juros inalterados na última reunião, em 21 de setembro.

Michael Viriato, estrategista da Casa do Investidor, explicou que existem dois fatores que cerceiam o Banco Central para decidir quais movimentos fazer: o custo de oportunidade, mais conhecido como taxa de juros real; e o crescimento econômico.

Movimentos na carteira

Como a expectativa dos analistas é de que se mantenha os juros, conforme foi anunciado na última reunião, Tomás Awad, sócio-fundador da 3R Investimentos, afirmou que não é necessário fazer muita mudança na carteira com base na taxa Selic. “O foco é na eleição, quem vai assumir o pleito, quem será o ministro da Economia e qual ajuste fiscal será realizado”, afirma.

Maria Levorin, gestora da Multiplica Capital, destaca também que nessa situação de 13,75%, a renda fixa segue como o ativo mais atrativo para o mercado. A pedido do E-Investidor, ele apontou quais são os pontos importantes a serem levados em consideração na seleção do tipo de indexação dos papéis, considerando os títulos soberanos:

  • Títulos pós-fixados (LFT): são os de menor risco e acompanham o CDI. Historicamente ganham em rentabilidade comparado com os outros títulos, mas para estratégias de curto prazo podem não ser a melhor opção em momentos como o atual, no qual há maior espaço para apreciação nos títulos atrelados à inflação;
  • Títulos híbridos (NTN-B): uma vez que a inflação implícita do papel está maior que a inflação real, a visão de Loverin é que haverá uma tendência de reversão. Os títulos vão se apreciar, trazendo um retorno positivo e potencialmente maior do que manter aplicado em CDI. Porém, para ela, é importante ressaltar que o fato de atrelar o preço à inflação gera volatilidade e perda de valor caso os títulos sejam vendidos antes do seu vencimento. Por isso, a gestora não sugere manter um percentual muito elevado do patrimônio investido que poderá ser necessário no curto prazo;
  • Títulos pré-fixados: o retorno não vale o risco, além do fato de que não há atratividade nas taxas, onde os vértices longos dos fundos DI estão abaixo de 11,80%, a margem para proteger o papel de uma inflação inesperada é muito pequena.

A gestora da Multiplica Capital ressalta ainda que em relação aos ativos de renda variável, de fato há múltiplos atraentes e historicamente perto das mínimas na bolsa brasileira. Mas, “além das incertezas políticas locais, não podemos esquecer que grande parte do volume que temos hoje no Ibovespa vem de bolso estrangeiro, e o tema recessão é o mais mencionado pelo mercado global”.

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De acordo com Levorin, esse fator desmotiva o investimento em ações, principalmente no Brasil, por sermos um país emergente carregando o fator cambial, que é sempre incerto.

Veja o histórico da taxa Selic nos últimos anúncios:

Perspectivas futuras

Diante de todos os riscos altistas e baixistas elencados pelo Copom, Romano, da Suno Research, espera que a taxa Selic se mantenha em 13,75% a.a. até o segundo trimestre do ano que vem, iniciando uma redução a partir da reunião de junho.

De qualquer forma, para o especialista, a estratégia adotada pelo Banco Central é importante, já que tira a autoridade monetária da posição de “correr atrás da curva” e faz com que ela não se precipite, aguardando novos dados para avaliar o estado da economia brasileira. Além disso, também ajuda a preservar sua credibilidade.

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Já Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, elencou outros motivos que podem impactar a inflação e deixar o BC atento sobre quais movimentos fazer: aquecimento do mercado de trabalho no Brasil; nos últimos três meses do ano, a economia costuma mostrar aquecimento, pressionando os preços.

Além disso, há o cenário externo, com um aperto monetário nos EUA e da Europa, em razão da inflação; a continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia; e a China com novos lockdowns. Para Bertotti, a próxima ata do Copom pode deixar as portas abertas para um futuro aumento residual da Selic.

Na avaliação de Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, a deflação que ocorreu entre julho e setembro teve um efeito favorável na dinâmica das expectativas sobre o IPCA.

“No boletim Focus da semana passada já vimos uma queda da inflação esperada para 2023, que rompeu os 5%. O grupo que revisou para 4,91%".

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Ele acredita que a dinâmica da inflação deve se normalizar nos próximos meses. E sua expectativa é que o BC não faça grandes mudanças até o final do primeiro trimestre de 2023, mas flexibilize a taxa de juros a partir de abril.

 

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