Mercado olha pra frente e vê o ciclo de alta da Selic se aproximando do fim em 15%. Foto: AdobeStock
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá aumentar a taxa básica de juros em 0,5 pontos percentuais nesta quarta (7), mas o mercado olha pra frente e vê o ciclo de alta da Selic se aproximando do fim, em 15%, até o final do ano. Dentro deste cenário, o time de análise do Itaú BBA vê oportunidades para investidores em títulos de renda fixa com prazos intermediários e longos. Esses são os papeis que mais se beneficiam quando o mercado começa a antecipar cortes nos juros.
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Apesar da valorização recente desses títulos (ou seja, queda nas taxas de retorno), o relatório de maio destaca que ainda há espaço para ganhos adicionais. “A valorização do real frente ao dólar e a forte queda do petróleo Brent, de quase 18% mês (abril), reforçam a perspectiva de desaceleração inflacionária à frente”, dizem os analistas do time de renda fixa do Itaú BBA. Eles ponderam que o risco fiscal ainda limita espaço para cortes da Selic no curto prazo.
Recomendação de carteira
Nesta conjuntura, os especialistas do banco de investimentos mantêm três frentes de alocações recomendadas em renda fixa. Para os prefixados, a estratégia sugerida é aplicar em títulos com prazo de cerca de três anos. “Continuam atrativos, mesmo após o fechamento parcial das taxas de abril”. Isso porque os juros ainda seguem elevados e a sensibilidade desses papeis a um eventual encerramento do ciclo de alta da Selic “permanece relevante”.
Para os títulos híbridos IPCA +, o time de renda fixa sugere prazos acima de cinco anos. “Seguem como principal alternativa para capturar o processo de desinflação previsto para os próximos anos, sem abrir mão de proteção contra surpresas.” Da mesma forma, apesar de as taxas terem recuado em abril, ainda estão acima de 7,4%, um ganho real historicamente elevado.
Já os títulos pós-fixados, como Tesouro Selic e CDBs DI, seguem como a melhor opção para investidores com horizonte de até dois anos. “O carrego (juros) oferecido permanece elevado e a visibilidade sobre cortes no curto prazo ainda é baixa”.
Visão de abril
No relatório, o time de renda fixa do Itaú BBA destaca que em abril, a valorização do real e o novo pacote tarifário dos EUA levaram investidores a buscar ativos de países emergentes, favorecendo a renda fixa e o câmbio no Brasil.
A queda do dólar e do petróleo reduziu a expectativa de inflação, derrubando as taxas dos prefixados e do IPCA+ de 5 anos, com menor prêmio de risco inflacionário nas curvas de juros. Mesmo com alívio nos juros longos, o mercado ainda prevê alta da Selic no curto prazo, com a curva seguindo invertida (títulos de curto prazo pagando mais que os de longo prazo), indicando corte futuro só após o fim do atual ciclo de aperto monetário.
Nos EUA, dados de emprego seguiram forte, adiando cortes do Fed, com juros subindo pouco. No Brasil, risco fiscal persiste, mas fatores externos positivos e menor inflação favoreceram o fechamento da curva de juros. Com real forte e inflação menor o desafio do BC segue sendo a política fiscal do governo.