

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou nesta quarta-feira (19) a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual. Agora, a Selic passou de 13,25% para 14,25% ao ano, atingindo o maior nível desde 2016, durante o Governo Dilma Rousseff (PT). Para Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Inter, o resumo desta situação é inequívoco: o Brasil continua sendo o País da renda fixa, com o CDI reinando nos portfólios.
“Quem está alocado em renda fixa, continua bem posicionado”, afirma. Já a Bolsa de Valores brasileira, afirma, deve continuar andando de lado, principalmente enquanto a taxa de juros for mantida nas alturas. Contudo, essa situação não deve durar muito.
O Inter aposta que esse ciclo de alta de juros termine com a Selic em 14,75% ao ano, pouco maior do que o nível atual, com cortes já a partir do segundo semestre. Isto porque os dados macroeconômicos, como varejo e serviços, começam mostrar alguma desaceleração. Ou seja, um sinal de que a elevação da taxa está surtindo o efeito esperado, freando a economia e, consequentemente, o avanço da inflação.
A China também esboça uma recuperação econômica, o que beneficia o mercado brasileiro. Outros fatores que pesam atualmente na B3, como a guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, e o risco fiscal doméstico, se amenizados, podem desatinar uma alta mais sustentada do Ibovespa.
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Por isso, o banco recomenda uma alocação diversificada, para que o investidor também possa surfar uma possível recuperação dos ativos de risco ainda em 2025. “As condições mudam rapidamente e a gente precisa estar preparado para quando vierem essas mudanças”, afirma Joubert. “A gente já começou a ver esse movimento de investidor estrangeiro vindo para brasil, buscando a bolsa brasileira, porque é um ativo que está muito descontado.”
Onde investir com a maior Selic desde 2016?
Para o investidor moderado, o Inter recomenda que 70% do portfólio esteja na renda fixa. Dentro dessa classe de ativos, Rafael Winalda, especialista no setor do banco, recomenda uma concentração maior (40%) em pós-fixados – títulos que acompanham de perto a variação dos juros e não possuem “marcação a mercado”, isto é, os preços não variam e não há chance de ter prejuízos. É o caso, por exemplo, do conservador Tesouro Selic.
“Nós estamos orientando os nossos investidores mais conservadores ou aqueles de curto prazo a concentrarem ou terem um pouco mais de títulos pós-fixados em suas carteiras. É o que a gente entende que vai continuar performando bem”, diz Winalda.
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Dentro da cesta de renda fixa, é recomendado ainda para investidores moderados uma fatia de 20% em títulos atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que pagam a variação da inflação mais um prêmio, conhecido como “juro real”, que hoje chega a 7,5% ao ano, um nível raro de rentabilidade. Outros 10% devem ser dividendos entre caixa e prefixados, que por terem uma volatilidade maior, são menos recomendados.
“Quando a gente observa no longo prazo, taxas nesses níveis não tendem a performar aquém do CDI. O investidor não pode deixar de ter isso em carteira”, afirma Winalda.
Bolsa em queda virou oportunidade de investimento?
Já a alocação em Bolsa só é indicada para investidores arrojados e com uma exposição pequena, de 10% do portfólio, mas em empresas perenes e boas pagadoras de dividendos, como bancos, seguradoras, elétricas e algumas exportadoras. “As empresas acabam sofrendo nessa história de juros altos. O custo de captação, que é o custo do dinheiro ao longo do tempo, aumenta e acaba impactando o resultado das empresas. Aquelas que têm uma dívida maior começam a pagar mais juros”, diz o especialista em renda fixa do Inter.
Confira aqui mais notícias da cobertura da decisão do Copom sobre a Selic nesta Super Quarta.
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