As tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil anunciadas na quarta-feira (9) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, geram instabilidades no mercado local no pregão desta quinta-feira (10). Pela manhã, os juros futuros dispararam perto de 40 pontos-base na ponta longa da curva, enquanto os médios avançavam ao redor de 25 pontos.
A volatilidade fez a negociação dos títulos Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado sair do ar por volta de 10h30. A negociação foi normalizada perto de 11h, com taxas mais elevadas do que as vistas na véspera. O Tesouro Educa+ com vencimento em 2026 saltou a IPCA + 8,10%; todos os vencimentos do título oferecem mais de 7% de juro real ao investidor.
Geralmente, o “circuit breaker” noTesouro Direto acontece quando a volatilidade de juros está muito alta. Nesses casos, o Tesouro Nacional tira do ar os ativos prefixados e indexados ao IPCA, sendo possível apenas a negociação do Tesouro Selic.
A nova rodada de tarifas de Trump também pesa sobre o câmbio e a Bolsa. Na abertura, o dólar à vista chegou a subir quase 2% contra o real. Por volta de 10h50, a alta era de 0,57%. No mesmo horário, o Ibovespa tinha queda de 1%.
A alíquota de 50% contra o Brasil é a mais alta divulgada a partir de cartas enviadas pelo republicano aos países desde o início desta semana. A taxa deve começar a valer a partir de 1º de agosto e será aplicada “a qualquer e todo produto brasileiro enviado aos Estados Unidos”, independentemente de outras taxas setoriais em vigor. Mercadorias redirecionadas por terceiros para escapar da cobrança também serão taxadas. Trump acrescentou que empresas brasileiras podem evitar a medida se passarem a produzir dentro do território americano.
Como mostrou o Estadão, especialistas avaliam que a medida tem mais cunho político do que econômico, dado que os EUA não tem déficit comercial com o Brasil, como alega o presidente americano na carta.