- O Tesouro Direto representa uma aplicação conservadora, de baixo risco e custo acessível. Isso faz ela atrair cada vez mais o interesse dos investidores conservadores, em especial os iniciantes no mercado financeiro
- Apesar de ser um investimento em renda fixa, a rentabilidade pode variar bastante entre os títulos. Os dois principais fatores que impactam na taxa de juros é o índice financeiro atrelado e a data de vencimento
(Aléxis Cerqueira Góis, Especial para o E-Investidor) – O Tesouro Direto representa uma aplicação conservadora, de baixo risco e custo acessível. Isso faz ela atrair cada vez mais o interesse dos investidores conservadores, em especial os iniciantes no mercado financeiro.
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O montante investido em Tesouro Direto, que é um título de dívida pública do Governo Federal, somou R$ 62,7 bilhões em 2020 — um crescimento de 5% com relação ao ano anterior, de acordo com dados do Ministério da Economia.
Apesar de ser um investimento em renda fixa, a rentabilidade pode variar bastante entre os títulos. Os dois principais fatores que impactam na taxa de juros é o índice financeiro atrelado e a data de vencimento. Nos últimos 12 meses, por exemplo, os juros variaram entre 0,19%, como no Tesouro prefixado com juros semestrais até 2031, a 15,07%, como no Tesouro IPCA+ 2045.
Os rendimentos também podem ser afetados pela cobrança de taxas de administração e de custódia, além de imposto de renda. Por isso, entender as características principais do Tesouro Direto pode ajudar o investidor a obter retornos mais agressivos com a renda fixa.
Como funciona a rentabilidade do Tesouro Direto?

O Tesouro Direto é oferecido em três opções, cada uma atrelada a um indicador diferente. O título pode ser prefixado, com taxas de juros definidas no momento da emissão, ou variar conforme a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) ou o desempenho do Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA).
Os títulos prefixados são ideais para metas de médio e longo prazos. No momento da aplicação, o investidor já conhece exatamente qual é o valor do juro aplicado ao recurso até a data de vencimento, que pode ser em 2024, 2026 ou 2031, com rentabilidade anual de 8,10% a 9,28%. Com pouco mais de R$ 30, já é possível fazer o investimento.
Já o Tesouro Selic, pós-fixado de acordo com a taxa básica de juros somada a uma taxa fixa, é ideal para reserva de emergência, pois oferece o menor risco de prejuízo em caso de venda antecipada. Com investimento mínimo próximo a R$ 100, esses títulos têm vencimento em 2024 e 2027.
O Tesouro IPCA+ é um título atrelado à inflação, com o investimento mínimo de aproximadamente R$ 40 e vencimentos entre 2026 a 2055. O título é ideal para aumentar o poder de compra a longo prazo, pois oferece uma taxa fixa somada ao IPCA.
O rendimento pode ser negativo?
Em um cenário de crise econômica, como o provocado pela pandemia, e de taxa Selic baixa, o rendimento real dos investimentos de renda fixa pode ser negativo. Isso acontece porque a inflação cresce em ritmo mais rápido do que o reajuste da taxa básica de juros. Com isso, títulos prefixados podem apresentar performance menor do que a inflação.
Outra possibilidade para o Tesouro Direto ter um rendimento negativo é o resgaste antes do prazo. O título só pode ser sacado com todo o valor do investimento e os rendimentos em seu vencimento. Caso o título seja resgatado antes do prazo, ele perde parte do valor investido.
Quais taxas são cobradas?
O investimento no Tesouro Direto está sujeito a cobrança de taxas de custódia pela Bolsa de Valores (B3), referente aos serviços de guarda dos títulos, às informações e movimentações dos saldos. A taxa é de 0,25%, cobrada em duas parcelas iguais, sempre no primeiro dia útil de cada semestre, proporcional aos dias em que o recurso ficou investido.
O Imposto de Renda é cobrado sobre os rendimentos do título de forma regressiva. Então, quanto maior o tempo da aplicação, menor a alíquota do imposto. A incidência mínima é de 15% sobre o lucro, para investimentos a partir de 2 anos, e a máxima de 22,5% no caso de aplicações com menos de 180 dias.
Há ainda a taxa de administração de bancos e corretoras, que podem chegar a até 2% anual. No entanto, diversas instituições habilitadas para operar o Tesouro Direto não efetuam essa cobrança.
Quanto rende mil reais no Tesouro Direto?

O rendimento no Tesouro Direto depende do prazo do investimento, mas geralmente é maior do que a poupança. Caso sejam investidos mil reais no título de dívida pública, após um ano o valor líquido seria de R$ 1049,03 no Tesouro Selic 2024, considerando taxas e impostos, enquanto na poupança o saldo seria de R$ 1.036,97, segundo simulador oficial do Tesouro Nacional.
Caso o mesmo recurso fique aplicado por 10 anos, a poupança renderia R$ 1.545,82, enquanto uma aplicação como o Tesouro IPCA+ 2035 chegaria a R$ 1.885,07, conforme estimativa. Para aplicações a mais longo prazo, como 20 anos, a poupança teria um saldo de R$ 2.411,89 e o Tesouro IPCA +2045, R$ 3.655,27.
As simulações oferecidas pelo Tesouro, no entanto, são baseadas em projeções de mercado a partir das condições econômicas atuais. Dessa forma, não são garantidos os resultados futuros, pois os índices de taxa de juros, como taxa Selic e inflação, variam conforme o tempo.
Quais são as perspectivas para o título?
Após um ano com rendimento negativo causado pela pandemia, os títulos de Tesouro Direto fecharam com juros positivos em abril de 2021. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) estipulou o aumento da Selic em 0,75% na última reunião e indicou uma tendência de nova alta de 0,75%.
Com isso, os novos títulos atrelados à taxa básica poderão ter uma remuneração de 3,5%, o que tornará interessante investimentos a curto prazo vinculados à Selic. Ao mesmo tempo, os títulos prefixados com rendimento anual abaixo desse nível se tornam menos atrativos. Já o Tesouro Direto vinculado ao IPCA sempre garante a valorização acima da inflação, entretanto requer maior prazo de vencimento.
Fonte: Tesouro Direto.