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Corte na taxa de custódia devolve competitividade ao Tesouro Selic

Medida era muito esperada pelo mercado e deve atrair novos investidores

Corte na taxa de custódia devolve competitividade ao Tesouro Selic
Foto: Pixabay
  • O Tesouro Direto tem hoje quase 1,3 milhão de investidores ativos. Com a zeragem da taxa, um terço deles ficariam completamente isentos de tarifa
  • A mudança entrará em vigor a partir de 1º de agosto e representa mais um marco da série de inovações e melhorias no programa

O Tesouro Nacional e a B3 zeraram a taxa de custódia para investimentos no Tesouro Selic. A isenção é válida para o estoque de até R$ 10 mil (entenda como funciona abaixo). Antes da mudança, que entra em vigor em 1º de agosto, o investidor tinha de pagar 0,25% por ano para qualquer título – quantia que se tornou cada vez mais pesada conforme a rentabilidade dos papéis diminuía.

A explicação é simples: o Tesouro Selic rende exatamente o mesmo que o juro básico da economia brasileira, que tem sofrido seguidos cortes nos últimos meses e hoje está na mínima histórica de 2,25%. Isso afetou o rendimento desses títulos públicos, que são a porta de entrada no universo dos investimentos. De acordo com os especialistas consultados pelo E-Investidor, essa medida já era muito esperada pelo mercado financeiro e abre uma nova fase para a aplicação.

“No cenário atual, a taxa de custódia de 0,25% ao ano correspondia a mais de 10% da taxa Selic, então pesava bastante”, diz Ulisses Nehmi, CEO da Sparta Fundos de Investimento. “É uma democratização bastante importante.”.

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Para Nehmi, zerar a taxa de custódia para o estoque de até R$ 10 mil significa permitir que o pequeno investidor tenha acesso a uma aplicação que renda próximo a 100% do CDI, e com liquidez diária. “Há poucos anos essa era uma ‘exclusividade’ dos maiores investidores, do segmento private”, ressalta o CEO da Sparta.

A preocupação com os pequenos investidores foi reforçada por representantes do próprio Tesouro Nacional, em live que foi ao ar na quinta-feira (23). Segundo José Franco Medeiros de Moraes, subsecretário da dívida pública da instituição, a medida deve devolver competitividade aos títulos indexados à Selic e torná-los mais atrativos e acessíveis.

“É importante ressaltar que o Tesouro Direto sempre ouve as críticas e reagimos a elas”, afirma Franco. “Essa novidade é uma adaptação do programa ao novo momento que estamos vivendo, de Selic baixa.”

O Tesouro Direto tem hoje quase 1,3 milhão de investidores ativos. Com a zeragem da taxa, um terço deles ficará completamente isento de tarifa. Mas, como a medida isenta o estoque de títulos até o limite de R$ 10 mil, todos que possuem essa aplicação, e que respondem por 53% da base de investidores ativos do programa, acabarão de alguma maneira sendo beneficiados.

Para ilustrar o efeito da alteração, considere três investidores: um com R$ 9 mil, outro com R$ 11 mil e um terceiro com R$ 20 mil aplicados em Tesouro Selic. O primeiro ficará totalmente isento de taxa. O segundo só terá custo referente à taxa de custódia sobre o valor de R$ 1 mil que excede os R$ 10 mil. O terceiro pagará taxa referente aos R$ 10 mil excedentes.

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Tesouro Selic passa a render mais do que a Poupança

Na opinião de Nathalia Arcuri, especialista em finanças e criadora do canal Me Poupe!, o investidor que estava pensando em sacar o dinheiro do Tesouro Selic pode ficar mais encorajado a manter os recursos nos títulos públicos. Já em relação aos investidores de aplicações como a poupança, podem migrar para a plataforma do Tesouro.

“É sempre relevante a gente mostrar as diferenças entre Tesouro Selic e a poupança, ainda mais sendo os títulos indexados à Selic tão mais seguros”, diz Arcuri. “Agora, o Tesouro Selic é indiscutivelmente melhor investimento que a poupança em qualquer análise.”

Atualmente, a Poupança paga 70% da Selic, o que equivaleria a um rendimento real de cerca de 1,58% ao ano. Depois da isenção de custódia, o Tesouro Selic passa a render 100% da taxa básica de juros para quem tem investimentos de até R$ 10 mil. E, apesar da incidência do Imposto de Renda, continua entregando uma rentabilidade maior.

“No final, se considerarmos o pior cenário para o Tesouro Selic, com Imposto de Renda na faixa de 22,5%, ainda assim o título pagaria em torno de 1,70% ao ano”, diz Alexandre Marques, gerente de produto da Ágora Investimentos.

No caso dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), que seguem o CDI – taxa bem próxima à Selic – a análise é mais profunda. “Existem diversos CDBs: tem aqueles que pagam menos de 100% do CDI, que são piores, portanto, que o Tesouro Selic”, afirma Arcuri.

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Em relação aos CDBs que pagam 100% do CDI, a escolha depende da quantia que será investida. “As duas aplicações ficarão iguais em retorno se o investimento for de até R$ 10 mil”, diz a criadora do canal Me Poupe! “Passando disso, é recomendável que se busque um CDB de liquidez diária que pague, pelo menos, o CDI.”

Além da questão da rentabilidade, a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil é um fator que pesa a favor dos papéis dos bancos. “São mais interessantes, principalmente quando falamos de títulos mais longos, que irão pagar mais e contam com a segurança do FGC”, afirma Luiz Sedrani, CIO da BV Asset.

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