O fundo Urca Prime Renda (URPR11) liderou o ranking dos fundos imobiliários (FIIs) que possuem um dividend yield (DY) projetado para 2025 acima da atual taxa Selic. Como mostramos nesta reportagem, os dados Elos Ayta, enviados ao E-Investidor, mostraram que o URPR11 possui uma estimativa de rendimento esperado em torno de 20,84% para os próximos 12 meses.
A projeção se baseia na distribuição dos dividendos dos últimos 12 meses e no preço das cotas no pregão de quarta-feira (29). Já o ranking considerou apenas os fundos imobiliários listados no IFIX – índice que reúne os principais FIIs da B3 – que apresentaram uma mediana de DY superior a 13,25% nos últimos três anos.
Publicidade
Criado em novembro de 2019, o Urca Prime Renda possui uma estratégia de investimento voltada para a compra de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), debêntures, Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). Atualmente, com base em seu último relatório gerencial, publicado em dezembro do ano passado, o fundo mantém em seu portfólio 37 ativos com uma taxa média anual de retorno de 13%.
Além disso, cerca de 84,3% desses investimentos estão indexados ao IPCA, enquanto o restante da carteira permanece dividido em IGP-M e CDI com 3,4% e 12,3%, respectivamente. A exposição em ativos indexados ao IPCA, em um primeiro momento, se mostra interesse dado a resiliência da inflação nos próximos anos devido às condições econômicas no ambiente doméstico.
Segundo os dados mais recentes do boletim Focus, o mercado acredita que o IPCA pode encerrar 2025 na faixa de 5,50%, cerca de 0,42 pontos porcentuais acima da expectativa do dia 20 de janeiro. No entanto, essa característica pode não ser o suficiente para uma recomendação de compra.
Os analistas do Itaú BBA afirmam que o Urca Prime Renda (URPR11) possui um risco de crédito relevante e uma execução das garantias burocrática, em caso de inadimplência.
Publicidade
"Alguns CRIs estão em localidades pouco óbvias e algumas taxas de remuneração são bem altas, o que aumenta o risco de pré-pagamento", informaram Larissa Gatti Nappo e Fausto Menezes, analistas de fundos imobiliários do Itaú BBA, que recomendam a venda das cotas do fundo.
Já Felipe Sant’ Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, pontua que o histórico de dividendos elevados, utilizado para calcular as projeções do DY nos próximos 12 meses, não costuma ser garantia de rendimentos da mesma magnitude no futuro. Ele explica ainda que as cotas do URPR11 acumulam uma desvalorização de 29% nos últimos 12 meses. "Isso puxa artificialmente o DY para cima, dando a impressão de aumento nos pagamentos", afirma Sant’ Anna.
Por isso, assim como o Itaú BBA, o especialista não recomenda a compra das cotas do fundo imobiliário. "Diante da alta da Selic, dos bom momento para alocação em renda fixa e de outras oportunidades melhores em fundos imobiliários, eu descartaria o Urca Prime Renda (URPR11) para formação de carteira hoje", acrescenta.
Publicidade