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Para além do JP Morgan: quem também está otimista com a Vale (VALE3)?

Há outros fatores que analistas enxergam na mineradora além do ritmo de crescimento da economia chinesa

Para além do JP Morgan: quem também está otimista com a Vale (VALE3)?
(Foto: Fabio Motta/Estadão)
  • As ações da Vale (VALE3) saltaram mais de 5% na última sexta-feira (1) depois que o JP Morgan elevou a recomendação das ações para compra
  • O banco americano não é o único otimista com os papéis da mineradora; consenso de mercado é que as ações estão "baratas"
  • Reunimos as visões de corretoras e bancos que acreditam que este é o momento para investir em VALE3

As ações da Vale (VALE3) encerraram o primeiro pregão de setembro, na última sexta-feira (1º), com um salto acima de 5%. Em um ano até então bastante negativo para a mineradora, os papéis da maior companhia privada do País foram impulsionados por uma sinalização mais otimista: a recomendação de compra de VALE3 pelo JP Morgan. O banco americano também elevou o preço-alvo dos ativos de US$ 15 para US$ 16, destacando que a ação está “barata”. Contamos detalhes aqui.

A VALE3 é a ação de maior peso no Ibovespa e uma das preferidas dos investidores brasileiros, mas vinha em maus lençóis em 2023 à medida que a reabertura da economia na China, maior consumidora de minério de ferro, não correspondeu às expectativas iniciais do mercado. No fechamento desta terça-feira (5), o papel da mineradora era cotado a R$ 69,31, com uma queda acumulada de 18,28% no ano.

O governo chinês anunciou recentemente novas medidas para estimular a economia por lá – um ponto que está presente no relatório do JP Morgan como algo que pode tornar as projeções de Vale ainda mais positivas. Mas o otimismo com a mineradora vai além da própria China. Parece um entendimento comum entre analistas que, com as quedas de 2023, a VALE3 ficou barata o suficiente para justificar a compra dos ativos ainda que haja receios com a demanda chinesa.

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“Falamos muito da China, que é a principal tese por trás dessas companhias, mas dá para elencar motivos para comprar a ação somente em cima da própria Vale”, destaca Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos.

O analista explica que, no preço atual, a VALE3 é negociada em uma relação de 4 vezes EV/Ebitda (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), um patamar cerca de 25% abaixo dos múltiplos das mineradoras internacionais BHP e Rio Tinto, as principais concorrentes da Vale. “É em um nível de preço muito barato. A Vale é o principal papel para correr um período positivo para a Bolsa? Não, mas isso não tira o fato de que a assimetria nesse momento parece mais positiva do que negativa”, afirma.

Dados de consenso de mercado, disponíveis no Broadcast, mostram que sete de cada dez analistas recomendam compra de VALE3, enquanto três mantém posicionamento neutro. Os preços-alvos para o papel variam entre R$ 73 e R$ 106. A ação também foi a mais recomendada para investir em setembro, inclusive para aqueles investidores focados em dividendos.

Surpresa no minério

Um outro ponto que aparece com frequência nas análises das ações da mineradora é a surpresa positiva no preço do minério de ferro. A tonelada da commodity iniciou o mês de setembro cotada a US$ 118, um patamar “teimosamente alto”, classificou o JP Morgan, especialmente tendo em vista as incertezas frente à atividade econômica na China.

Para Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, isso pode ser um indicativo de que a economia da China está mais resiliente do que se pensa. “Se, de fato, a economia chinesa está em uma desaceleração, o minério deveria estar num patamar bem inferior ao que está hoje”, pontua.

Mas isso, segundo ele, não parece estar incluso no valuation (valor de mercado) da Vale. “Existe um desconto muito importante entre o preço que a commodity está sendo negociada e o preço que está no valuation da Vale, é como se o minério de ferro estivesse a US$ 90 a tonelada. Por conta disso, a gente ainda segue gostando bastante da mineradora”, explica Ferrer.

O E-Investidor ouviu analistas de bancos e corretoras para entender quem também está otimista com o investimento nas ações da mineradora. Confira:

Empiricus Research

  • Preço-alvo: R$ 95

A ação da Vale segue sendo uma das preferidas na Empiricus Research, com preço-alvo de R$ 95 por papel. O entendimento é que o preço do minério de ferro segue resiliente, ainda que o mercado não acredite que a China vá conseguir entregar os 5% de crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) prometidos. Algo que não parece estar no preço atual dos papéis da mineradora, destaca Fernando Ferrer, analista da casa.

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“A ação está com múltiplos muito descontados, vai distribuir de 10% a 15% de dividend yield (rendimento de dividendos) por ano, então está muito atrativo. Estamos bastante construtivos com a Vale apesar desse receio de uma desaceleração da China”, diz Ferrer.

BTG Pactual

  • Preço-alvo: R$ 94

A VALE3 voltou ao grupo de ações da carteira recomendada do BTG Pactual no mês de setembro. Em relatório, o time de Research do banco destacou que a mineradora foi incluída na seleção tendo em vista o melhor momento operacional para a companhia no segundo semestre de 2023. “Estamos agora mais confiantes de que o pior momento operacional da operação da empresa ficou para trás e que a produção/vendas e um melhor desempenho nos custos devem continuar a melhorar no futuro, com esse cenário não sendo precificado nas ações neste momento”, diz o documento.

A ação da Vale é uma das teses preferidas do BTG para se expor à reaceleração da economia chinesa, tendo em vista que os preços do minério de ferro continuam se mantendo “muito bem” e com “tendências saudáveis de demanda da indústria siderúrgica chinesa, o que não esperamos que mude no futuro”, diz o banco. O preço-alvo para o papel é de R$ 94.

Ágora Investimentos

  • Preço-alvo: R$ 92

A Ágora tem recomendação de compra para a VALE3 há cerca de três anos, um otimismo que vai para além do momento atual da China. Renato Chanes, analista da corretora, explica que o gigante asiático ainda é a principal tese por trás do investimento em mineradoras, mas que é possível encontrar motivos para justificar o investimento na Vale neste momento para além da economia chinesa.

No final de agosto, a Ágora divulgou um relatório em que listava oito motivos para investir em VALE3. Alguns deles: salto na produção de minério no segundo semestre do ano, produção crescendo para os próximos anos, custos menores, possibilidade de alteração na Legislação Nacional de Cavidades e de acordo nas negociações judiciais envolvendo o rompimento das barragens de Mariana, em Minas Gerais.

Além disso, a corretora destaca a remuneração dos acionistas via dividendos como parte da estratégia de alocação de capital na companhia. “Considerando tudo isso, a Vale está em um nível de preço muito barato. É o momento, sim, de comprar os papéis”, diz Chanes. O preço-alvo para VALE3 na Ágora é de R$ 92.

Santander

  • Preço-alvo: R$ 88

A Vale não é a ação preferida do Santander no setor de siderurgia e mineração, mas o time de Research do banco reconhece que o valuation atraente do momento justifica a posição do papel na carteira. O preço-alvo para VALE3 é de R$ 88 por papel.

“Mantemos nossa visão positiva sobre os preços da commodity a médio prazo, pois a nossa tese é orientada pela restrição de oferta, uma vez que os persistentes desafios de suprimento – por exemplo, ramp-up (crescimento) da Vale, ESG (sigla para boas práticas de governança ambiental, social e corporativa) em destaque, falta de novos projetos, entre outros – devem sustentar os preços do minério de ferro acima de US$ 100/tonelada por mais tempo”, diz o relatório do banco sobre a carteira recomendada para setembro.

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