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Verde Asset: Governo contrata recessão para 2022 ao romper com o teto

Luis Stuhlberger culpa a bolsa brasileira pelo desempenho ruim do fundo Verde

Verde Asset: Governo contrata recessão para 2022 ao romper com o teto
Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset e gestor do Fundo Verde (Foto: Divulgação Verde)
  • Em sua carta de gestão de dezembro, o fundo destaca que o mercado brasileiro viveu dois momentos distintos no ano recém-terminado. Foi bem até meados de julho, mas no segundo semestre, a "implosão do teto dos gastos pelo governo, via a PEC dos Precatórios" alterou de forma significativa o equilíbrio macroeconômico e a "coisa desandou"
  • Apesar do desempenho ruim da bolsa no ano passado, Stuhlberger ainda mantém as esperanças com a renda variável no Brasil. "O investimento em companhias bem geridas, com posições competitivas sólidas, sempre nos pareceu, e continua a parecer, uma boa alocação de capital"

(Altamiro Silva Junior) –  Ao optar por não respeitar o teto de gastos, o governo contratou uma recessão para 2022, avalia a Verde Asset Management, gestora de multimercados de Luis Stuhlberger.

Em sua carta de gestão de dezembro, o fundo destaca que o mercado brasileiro viveu dois momentos distintos no ano recém-terminado. Foi bem até meados de julho, mas no segundo semestre, a “implosão do teto dos gastos pelo governo, via a PEC dos Precatórios” alterou de forma significativa o equilíbrio macroeconômico e a “coisa desandou”.

Com isso, o fundo Verde, como já noticiado, fechou 2021 com o segundo resultado negativo anual de sua história, perdendo 1,13%. E na carta de gestão, Stuhlberger culpa a Bolsa  de Valores brasileira pelo desempenho ruim. “O grande detrator do portfólio do Verde no ano foi a exposição em ações no Brasil.” O fundo manteve uma exposição média comprada em torno de 27% no ano, e teve uma perda nessa carteira em torno de 21%.

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A Verde não esperava que o governo fosse enveredar pelo caminho de romper o teto de gasto, mesmo com as crescentes pressões políticas em Brasília por mais gastos. “No entanto, o governo optou por outro caminho, o que levou as taxas de juros de longo prazo no País para níveis acima de 12%, contratando uma recessão para 2022 e afetando as taxas de desconto exigidas para qualquer ativo de risco no país.”

Apesar do desempenho ruim da bolsa no ano passado, Stuhlberger ainda mantém as esperanças com a renda variável no Brasil. “O investimento em companhias bem geridas, com posições competitivas sólidas, sempre nos pareceu, e continua a parecer, uma boa alocação de capital.”

Proteção

Na história do Verde, fundo pioneiro entre os multimercados no Brasil, a carteira já enfrentou outras crises pesadas e conseguiu defender suas posições em bolsa fazendo hedge (proteção) nos mercados de câmbio e juros, mas no ano passado não foi tão bem sucedido nessa estratégia. “Este foi nosso principal erro de gestão em 2021: não conseguir defender a enorme deterioração do mercado de ações brasileiro.”

No câmbio, o Verde não conseguiu capturar bem os movimentos da moeda brasileira: “o real se desvalorizou, mas timidamente vis a vis o tamanho do aumento do prêmio de risco”.

Já nos juros, foi onde o fundo conseguiu proteção para parte das perdas com a bolsa, mas que não foi suficiente. “Embora o fundo tenha ganhado dinheiro em juros no Brasil em 2021, tanto com posições tomadas na parte curta, quanto com compra de inflação implícita, tais ganhos foram pequenos perante a perda no restante do portfólio.” E aqui Stuhlberger culpa novamente a mudança de postura do governo. “Não acreditávamos na implosão do teto e no Brasil caminhando para uma taxa de juro real substancialmente acima de níveis de equilíbrio.”

Após a difícil segunda metade de 2021, Stuhlberger destaca na carta que 2022 começa com muitas incertezas. No cenário externo, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai voltar a elevar os juros nos Estados Unidos; no mercado doméstico, é ano eleitoral, que terá desafios adicionais em meio a uma forte desaceleração da economia.

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Com este pano de fundo, o Verde afirma que vai manter posições compradas em ações em torno de 27,5% do portfólio, dos quais 23,5% no mercado local, posições tomadas em juros nos EUA e na Europa. Além disso, segue com alocação em juro real e inflação implícita, e pequenas exposições compradas em rublo e petróleo

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