- Em novembro de 2021, o preço do bitcoin chegou a US$ 69 mil, valor máximo já alcançado pela criptomoeda. Dois meses depois, caiu para US$ 41,9 mil, uma derrocada de quase 40%
- Na tarde de terça-feira (12), porém, a criptomoeda engatou um movimento de alta de 2,33% logo após a fala do presidente do Fed e atingiu os US$ 42,9 mil
- Com as projeções de aumento da inflação nos próximos anos, a tese do bitcoin como ativo protetor das carteiras pode ser colocada em prova
Em novembro de 2021, o preço do bitcoin chegou a US$ 69 mil, valor máximo já alcançado pela criptomoeda. Dois meses depois, caiu para US$ 41,9 mil, uma derrocada de quase 40%. Na tarde de terça-feira (12), porém, a criptomoeda engatou um movimento de alta de 2,33% logo após a fala do presidente do Fed, por volta das 13h, e atingiu os US$ 42,9 mil. Hoje, às 9h52, o bitcoin seguia em alta cotado a US$ 43 mil.
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Enquanto alguns analistas e investidores de criptomoedas veem o bitcoin como um hedge contra a inflação, outros o consideram um ativo de risco, como as ações, que reagem à política monetária restritiva resultante da alta inflação. Confira como os especialistas explicam o movimento.
Ouvidos pelo E-Investidor, analistas de criptoativos avaliam que o movimento de queda registrado ao longo dos últimos meses é resultado de movimentos do banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), na economia do país e do globo. O aumento de juros, como sinalizado pela equipe macroeconômica, deve ser traduzido em diminuição da atratividade para ativos de renda variável, como é o caso das ações e das criptomoedas.
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Orlando Telles, sócio fundador e diretor de research da Mercurius Crypto, explica que o principal fator de influência para a alta até novembro aconteceu por conta de alterações macroeconômicas, como a redução das taxas de juros globais. Além disso, também foi impactado pelo aumento de estímulos do Fed.
Os dois movimentos fizeram com que investidores buscassem ativos para diversificar a carteira, como é o caso das criptomoedas. “A classe tem mercado em expansão, o que pode apresentar rentabilidade significativa e também contribui para a proteção contra a inflação”, explica.
Após o intenso fluxo, Telles explica que o movimento de queda atual pode ser explicado pelo discurso do Fed de retomar o aumento de juros, gerando atratividade para ativos atrelados a esse indicador.
Para Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, a queda é a reação não só das criptomoedas, mas do mercado acionário global à demonstração de aumento de juros na economia norte-americana.
“Cripto vem caindo como uma correção. Em 2020 vimos bater recordes perto dos US$ 70, mas com o preço atual ainda existe 100% de lucro se comparado ao último topo. Ou seja, a queda é relativa, uma correção natural do mercado”, avalia. Ele ainda aponta que, com o aumento dos juros, a tendência dos ativos de renda variável é cair porque os investidores vão migrando para títulos de renda fixa
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Lago explica que investidores que compraram em valores próximos do topo podem ter sido influenciados pela euforia. Nousi complementa que, ao longo dos próximos anos, com o aumento da inflação, a tese de hedge será posta em prova. Ou seja, o bitcoin realmente protege a carteira?
A resposta ao Fed e consequente aversão a ativos de renda variável também é o que observa Andrey Nousi, CFA e CEO da Nousi Finance. Além disso, ele reforça a atratividade que o ativo teve ao longo de 2021 e a euforia dos investidores também pode ser relacionada com a queda.
“Em novembro, o nível de alavancagem atingiu às máximas por conta de otimismo e perspectiva de adoção entre grandes investidores, assim como a aprovação de fundos de índice (ETF)”, contextualiza.
Para Nousi, justamente pelo ativo ter marcado pico, qualquer queda pode ser exacerbada, especialmente considerado a menor disponibilidade do ativo em corretoras centralizadas, como a Binance. “Vimos muitos investidores retirando das exchange para colocar na própria carteira.”
O que fazer com a carteira de cripto?
“Isso deve permanecer para os próximos meses. Vamos ter a primeira reunião de ajuste apenas em março, mas o mercado já começa a precificar”, explica Telles. O especialista indica que, com a mudança de cenário, o bitcoin pode ter perdido atratividade no médio prazo. Por outro lado, no longo prazo, a tese permanece, mas os portfólios devem buscar diversificação dentro dos criptoativos.
Lago, da Financial Move, aponta que comprar a US$ 40 é melhor do que comprar a US$ 80. “O momento de queda é a chance de entrar no mercado e não de se desesperar. O investidor deve sair do efeito manada de comprar na alta e vender na baixa”, comenta.
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Vale ressaltar que ao longo de 2021, criptoativos ligados ao chamado metaverso passaram a ter mais atratividade entre os investidores, especialmente por conta da adoção da tecnologia em diferentes empresas de grande porte.