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Quais ações abaixo de R$ 10 podem custar caro ao investidor

O valor unitário do papel não é a melhor forma para avaliar se a companhia está “barata” na bolsa de valores

Quais ações abaixo de R$ 10 podem custar caro ao investidor
Os preços baixos das ações podem não representar uma oportunidade de investimento (Foto: Envato Elements)
O que este conteúdo fez por você?
  • Das 18 companhias listadas do Ibovespa que estão negociadas abaixo de R$ 10, nove podem não ser uma boa oportunidade de investimento
  • O levantamento realizado pelo TradeMap considerou o preço sobre valor patrimônial e o preço sobre lucro para identificar os papéis
  • Na avaliação de analistas, essas métricas ajudam a encontrar as empresas que não oferecem um retorno interessante ao investidor

Os conceitos de ‘barato’ e ‘caro’ no mercado financeiro perpassam por fundamentos bem diferentes aos do consumo do dia a dia. Enquanto o preço é a principal métrica para indicar se um produto está com um bom desconto, na Bolsa de valores a lógica é outra.

Isso ocorre porque essa definição costuma ser baseada por outros fatores que vão além da precificação da ação de uma companhia. Desta forma, se a decisão do investidor for baseada apenas pelo preço nominal da ação, ele pode estar cometendo um grande erro.

Segundo levantamento realizado pelo TradeMap, a pedido do E-Investidor, 18 ações listadas do Ibovespa são negociadas com valores abaixo de R$ 10. Desse total, nove papéis podem estar sendo negociados com um preço elevado em comparação ao que a companhia pode oferecer.

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A análise é baseada em duas métricas. A primeira é a relação preço sobre valor patrimonial (P/VP) que aponta para o investidor se a cotação do papel segue negociada acima do seu valor de mercado quando fica acima de 1.

A segunda variável é a relação preço sobre o lucro (P/L) das ações dos últimos 12 meses. Esse resultado traz uma estimativa de quantos anos a empresa leva para dar um retorno financeiro ao investidor.

Segundo Mário Goulart, analista CNPI e criador do canal no Youtube “O Analisto”, estima-se como parâmetro “aceitável” os resultados desta relação em até 15x P/L. Acima disso, o tempo de “espera” pode deixar de ser atrativo para os objetivos financeiros do investidor.

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“Se o preço da ação e o lucro da companhia continuassem iguais, a variável mostra o tempo que levaria para o investidor recuperar o seu investimento. A gente se assusta ao olhar para a Locaweb (LWSA3) que você tem uma relação de 794xP/L. Ou seja, o investidor vai pagar muito caro por um retorno muito pequeno”, esclarece Goulart.

Quando as companhias não apresentam lucro em um intervalo de um ano, o cálculo desta métrica torna-se inviável ou permanece negativo. São os casos das empresas CVC (CVCB3) e Hapvida (HAPV3) que apresentaram uma relação negativa de 3,3xP/L e 165,3xP/L, respectivamente. “Quando mais fundo estiver esse número, significa que você vai comprar as ações de uma empresa que não dá lucro”, explica Goulart.

As variáveis funcionam como uma espécie de filtro na hora de “vasculhar” as melhores oportunidades de investimento na Bolsa. No entanto, não podem ser os únicos fundamentos que motivam a decisão de compra de uma ação. É preciso ir além.

E nesse processo de busca, Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, recomenda ao investidor comparar os números atuais da companhia com o seu histórico para entender a atual situação em que a empresa se encontra.

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“É importante comparar a empresa contra ela mesma porque pode ser que ela esteja se endividando ou perdendo rentabilidade e o mercado esteja avaliando pior em função dessa queda de lucratividade”, explica Paletta.

Além disso, compreender a linha de negócio da companhia ajuda nas projeções do potencial de crescimento para os próximos meses. “Quando você olha múltiplo e rentabilidade, você olha a companhia a partir de um retrovisor. Para entender até onde a empresa pode ir, é preciso compreender o seu modelo de negócio, saber a sua participação de mercado ou quanto a empresa investe e se esse investimento tem tido retorno ao longo dos anos”, acrescenta.

Preço da ação

Ao contrário dos Estados Unidos, em que o preço de um papel supera os US$ 100, os valores das ações no mercado brasileiro não costumam ultrapassar a faixa dos R$ 100. Até o pregão desta quinta-feira (22), a ação de maior valor nominal do Ibovespa era a da Arezzo (ARZZ3), que estava sendo negociada a R$ 99,2, após encerrar o dia com alta de 1,6%.

Segundo Felipe Cima, broker de renda variável da Manchester Investimentos, esse comportamento na Bolsa brasileira é comum porque as companhias costumam aumentar a oferta dos papéis para reduzir o valor nominal. Desta forma, mais investidores terão a oportunidade de manter ou aumentar posição na empresa.

“As ações se desdobram para que a empresa dê uma impressão ao acionista de que ele pode comprar mais ações”, explica Cima. “O preço de uma ação reflete alguma coisa que o mercado financeiro está pagando. Então, se a ação for de uma empresa de crescimento, o mercado vai tentar pagar um preço maior para esse papel”, afirma.

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