Desde que tomou posse como presidente dos Estados Unidos, em meados de janeiro, Donald Trump tenta cumprir a promessa feita na campanha eleitoral de taxar produtos vindos de outros países e acirrar a guerra comercial com a China. O movimento começou com o anúncio de uma taxa de 25% na importação de itens mexicanos e canadenses, além de uma tarifa de 10% para produtos chineses.
O Brasil ainda não entrou no radar do “tarifaço” de Trump, ainda que, em determinados momentos, o republicano tenha ameaçado os Brics e ventilado a possibilidade de criação de uma tarifa global. Até que alguma medida efetiva seja anunciada, especialistas tentam traçar os possíveis impactos da guerra tarifária dos EUA no País.
Pelo que foi anunciado até então, o Brasil tem potencial de ser um grande beneficiado; sobretudo, no agronegócio. Esta é a avaliação do BTG Pactual, em relatório publicado nesta terça-feira (04).
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O argumento é que tanto o Brasil quanto os EUA estão entre os maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas, mas o comércio entre os dois é geralmente pequeno. Isto significa que quaisquer desequilíbrios comerciais que tornem as exportações dos EUA menos competitivas tendem a beneficiar o setor agrícola brasileiro.
Isso já aconteceu em 2018, quando os EUA também impuseram tarifas de importação sobre produtos chineses, levando a China a retaliar as importações agrícolas americanas com uma taxa de 25%. O resultado foi um forte aumento na demanda pela soja brasileira, impulsionando os preços locais.
Ações que podem se beneficiar
Ações brasileiras ligadas ao agronegócio poderiam despontar nesse cenário. Para o BTG, além do fluxo positivo em produtos agrícolas, como a soja, empresas como JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) podem estar entre as beneficiadas no caso da confirmação das tarifas ao México.
Os EUA são um dos principais fornecedores de aves do México, mas as exportações brasileiras para o país também vêm ganhando impulso. “Se o México transferir mais de suas importações para o Brasil, uma vez que as aves dos EUA se tornem menos competitivas, a JBS (JBSS3) e, em maior medida, a BRF (BRFS3) poderão estar entre as maiores beneficiários”, destaca o relatório do banco.
Quem também está bem posicionada para a escalada da guerra de tarifas é a Weg (WEGE3). Em uma base consolidada, a Weg tem exposição de 25% da receita líquida ao mercado norte-americano, principalmente em transformadores e motores de ciclo curto. Cerca de um terço desses produtos são fabricados nos Estados Unidos, outro terço no México e o restante em outras regiões. Assim, como resultado, aproximadamente 8% da receita líquida da empresa estará diretamente exposta ao ambiente de tarifas mais altas.
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Mas isso não preocupa o Itaú BBA, que vê a companhia preparada para o protecionismo comercial. Analistas do banco destacam que a Weg tem várias alavancas para compensar as pressões relacionadas às tarifas do ponto de vista operacional, podendo aproveitar sua integração vertical e flexibilidade de fabricação para realocar a produção para instalações alternativas, o que deve mitigar os aumentos de custos diretos. O BBA mantém a recomendação de compra para WEGE3.