- No caso das petroleiras, há uma realização hoje, com destaque para Petrobras, que recua 3,71% (ON) e 4,14% (PN)
- Após registrar fortes quedas nos últimos pregões, hoje IRB Brasil se destaca entre as poucas e moderadas altas do Ibovespa
- As varejistas, por sua vez, dominam a ponta negativa do índice; com destaque para Magazine Luiza (-7,64%)
Nina Gattis – A queda forte do Ibovespa reflete o movimento negativo da maioria dos setores em sua carteira. Apenas poucos papéis apresentam altas, caso de IRB, que devolve uma pequena parte dos tombos registrados recentemente. Blue chips como Vale e Petrobras, bem como seus respectivos setores, não se safam do risk-off.
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No caso das petroleiras, há uma realização hoje, com destaque para Petrobras, que recua 3,71% (ON) e 4,14% (PN). “O movimento de aversão bate principalmente em ações com maior liquidez num primeiro momento”, comenta o analista Pedro Galdi, da Mirae Asset, que também menciona a queda do petróleo no mercado internacional como um fator para a baixa das petroleiras. No setor, 3R Petroleum perde 1,79%, e PetroRio, 1,52%.
Já as mineradoras e siderúrgicas caem a despeito do fechamento misto do minério de ferro, que subiu em torno de 1,8% em Dalian, mas caiu 1,46% em Qingdao. CSN cede 2,70%, Vale perde 1,29%, e CSN Mineração, 1,65%.
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Na sequência, Gerdau e Metalúrgica Gerdau, ambas PN, se desvalorizam 1,15% e 0,96%, respectivamente, assim como Usiminas PNA (-1,56%). “A aversão a risco se sobrepõe à alta em Dalian, principalmente diante da queda do PMI de serviços nos Estados Unidos em agosto”, afirma o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti.
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços dos EUA caiu de 47,3 em julho para 43,7 em agosto, atingindo o menor nível desde maio de 2020 e com a leitura abaixo de 50 mostrando que a atividade no setor continua em contração.
IBR Brasil
Após registrar fortes quedas nos últimos pregões, hoje IRB Brasil se destaca entre as poucas e moderadas altas do Ibovespa, registrando avanço de 0,83%. Para Bertotti, trata-se apenas de um movimento pontual, com investidores aproveitando os descontos recentes e a véspera de feriado para fazer posição e lucrar no curto prazo.
“Não há nada de novo que justifique essa alta. A maioria das casas recomenda a venda do papel. Ontem, o JP Morgan até elevou a recomendação de IRB para neutra, mas, como vimos, a ação caiu mesmo assim”, comenta.
Varejistas
As varejistas, por sua vez, dominam a ponta negativa do índice. Destaque para Magazine Luiza (-7,64%), a maior queda, seguida por Via (-6,07%), Americanas (-6,60%), Natura &Co (-4,94%) e Grupo Pão de Açúcar (-2,74%).
De acordo com a analista Julia Monteiro, da MyCap, a fala mais dura sobre a política monetária do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na véspera é que pressiona o setor. “Ele disse que não pensa em reduzir os juros agora e que talvez ainda haja um reajuste residual para que a Selic bata 14% em setembro”, comenta.
Além disso, Monteiro destaca que, também ontem, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) informou que a proporção de famílias brasileiras endividadas cresceu em 1 ponto porcentual (p.p.) na passagem de julho para agosto, para 79%.
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Na comparação com agosto de 2021, a proporção de famílias endividadas cresceu 6,1 p.p. “Por isso que empresas que precisam de crédito para venda estão sendo penalizadas hoje”, acrescenta. Não à toa, construtoras também estão entre as principais baixas: MRV cai 7,33%, e Cyrela, 4,72%.
Telecomunicações
TIM avança 1,35%, e Telefônica Brasil sobe 0,41%. Consideradas serviços essenciais, assim como as elétricas, as empresas de telecomunicações apresentam comportamento mais defensivo e resiliente em dias de aversão a risco e forte instabilidade, segundo Monteiro. “Além disso, as teles têm elevada previsibilidade de receita. A volatilidade dos resultados é pequena, o que gera muito valor, porque reduz o risco”, comenta.
Saúde e educação
Os setores de educação e saúde recuam em bloco. Enquanto Cogna, Yduqs e Ânima caem 3,42%, 3,53% e 3,82%, respectivamente, Qualicorp, SulAmérica e Rede D’Or perdem 5,22%, 3,79% e 3,12%. “Com o dólar para cima, a expectativa de um ciclo de juros mais longo e famílias endividadas, essas empresas que não têm caixa para rentabilizar diante dos juros altos acabam sofrendo mais”, avalia Monteiro.
Para complementar, Bertotti menciona o avanço dos DIs, que também tende a penalizar setores que precisam de crédito.
Há pouco, o Ibovespa perdia 2,02%, marcando 109.935,49 pontos, com giro financeiro de R$ 18,4 bilhões e previsão de chegar a R$ 44,8 bilhões até o fim do pregão.