O que este conteúdo fez por você?
- Louise Barsi, economista e sócia-fundadora do AGF, encomendou um estudo junto a Elos Ayta para identificar as ações que mais pagaram dividendos nos últimos seis anos
- O resultado colocou os papéis da Petrobras (PETR4 e PETR3) no topo, com pagamento de 11,82% em dividendos no período analisado - mas os ativos não fazem parte da seleção do AGF, plataforma que orienta investimentos voltados a dividendos. O motivo está na volatilidade
- A analista explica que preferem empresas perenes, de setores que dificilmente atinjam 70% de yield em um ano, mas que o investidor terá pelo menos 6% de yield em um ano que seja muito ruim
A economista Louise Barsi, sócia-fundadora do AGF, encomendou um estudo da Elos Ayta para identificar as ações que mais pagaram dividendos nos últimos seis anos. O filtro considerou aquelas companhias que registraram um Dividend Yield (DY, rendimento em dividendos) de pelo menos 6%, na mediana, e que tenham mantido um volume financeiro relevante.
Leia também
O resultado colocou os papéis da Petrobras (PETR4 e PETR3) no topo, com pagamento de 11,82% em dividendos no período analisado – mas os ativos não fazem parte da seleção do AGF, plataforma que orienta como gerar renda passiva por meio do investimento com foco em dividendos. O motivo está principalmente na volatilidade, já que nesses seis anos os pagamentos oscilaram entre 1,4%, no pior ano, e 67,92%, no melhor.
“Não é uma empresa para a carteira de qualquer um. Tem que ser um investidor mais experiente, que tenha estômago”, diz a analista, que leva adiante o legado do pai, o megainvestidor Luiz Barsi. “Sempre ensinamos para os nossos assinantes que a busca é por empresas que não oscilem tanto assim. Preferimos empresas perenes, de setores que dificilmente atinjam 70% de yield em um ano, mas que o investidor terá pelo menos 6% de yield em um ano que seja muito ruim”, ressalta.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
É o caso da Taesa (TAEE3 e TAEE4), segunda colocada no ranking com um DY mediano de 9,61%. Contudo, a elétrica tem muito menos volatilidade no fluxo de pagamentos de proventos do que a Petrobras: no pior ano, teve um yield ainda relevante, de 8,39%. No melhor ano, chegou a 17,78%. Da mesma forma, o levantamento traz outras companhias, como BB Seguridade (BBSE3), Copasa (CSMG3), Cemig (CMIG4) e Banco do Brasil (BBAS3), com a característica de unir pagamentos altos e constantes. E que por isso são indicações do AGF para conseguir renda passiva, perene e de forma segura.
“Tentamos mostrar para as pessoas que não necessariamente você precisa se colocar em ‘risco de ruína’ para ter uma rentabilidade diferenciada”, afirma a economista. Para o ano que vem, quem segue essa estratégia de investir em companhias historicamente resilientes e boas pagadoras de dividendos não deve se preocupar com a crise fiscal, por exemplo.
Desde o anúncio do pacote de corte de gastos do governo federal, no fim de novembro, o mercado mergulhou em uma espiral de pessimismo. De um lado, as medidas foram consideradas insuficientes. De outro, a divulgação em conjunto com a proposta de isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil pegou os investidores de surpresa e intensificou a reação negativa. Já há quem veja a taxa básica de juros Selic em 15% ao ano no ano que vem, o que deve amassar a performance das empresas da Bolsa em 2025, especialmente aquelas ligadas ao mercado interno e com endividamento mais elevado.
Publicidade
Não deve ser o caso das companhias “BEEST” – nome dado pelo AGF a empresas do setor bancário, energia, seguros, saneamento e telecomunicações, que pagam dividendos e são resilientes.
“Mesmo com um cenário mais difícil no macro previsto para 2025, boa parte dos relatórios de colegas analistas que eu tenho lido tem, inclusive, apontado para um aumento da lucratividade”, diz Barsi. “As seguradoras, por exemplo, se não houver alguma variável muito diferente no negócio, alguma externalidade, esse vai ser o momento em que essas empresas vão se beneficiar bastante.”
Crise fiscal afeta dividendos em 2025?
Para Barsi, o mercado tem razão de estar “nervoso”, já que, na avaliação dela, há um risco potencial de “dominância fiscal”. O termo é utilizado para descrever situações em que a política monetária (subir ou baixar os juros de um país) perde o efeito de controlar a inflação, diante do descontrole do gasto público.
Entretanto, a situação micro das empresas ainda está muito mais positiva do que em outros momentos em que houve pânico parecido nos mercados, como durante o último governo Dilma Rousseff (PT).
“Hoje, eu acho que é muito mais uma antecipação dessa ansiedade do que pode vir a acontecer de dominância fiscal do que necessariamente um reflexo da qualidade dos balanços que devem vir agora para 2025”, diz Barsi. “Pode ser que uma outra companhia reduza a política de dividendos por uma postura muito mais conservadora, de precaução, do que por necessidade. Principalmente em setores que são pouco mais ‘capital intensivo’, não vejo isso ocorrendo com bancos, seguradoras. Os setores BEEST, que costumamos investir, são de empresas que se beneficiam dessas características que estamos vivendo hoje, como juro alto.”
Publicidade
Para frente, Barsi recomenda evitar extremos e comportamentos de manada, como sair investindo todo o capital disponível em ações porque os papéis caíram ou vender tudo por conta das desvalorizações.
“Siga o plano e aproveite que esse é o mês em que as empresas estão anunciando juros sobre capital próprio (JCP), dividendos, algumas vão pagar inclusive nas próximas semanas. Então usa esse fluxo para continuar dando uma robustez para a sua carteira. Não vai tirar um dinheiro da reserva de emergência para colocar no ambiente que é volátil”, diz Barsi.