O que este conteúdo fez por você?
- As ações da Azul (AZUL4) lideraram o ranking das maiores perdas do ibovespa no acumulado mensal com um tombo de 39,8%, segundo dados da Ágora Investimentos
- O pessimismo para a companhia tem mais relação com aversão a risco do mercado dos investidores com empresas endividadas
- Além da Azul, as ações da CVC (CVCB3) e Ydqus (YDUQ3) apareceram logo em seguida com quedas de 32,7% e 31,8%, respectivamente
O cenário econômico desafiador criou um clima de pessimismo para a maioria das ações do Ibovespa. De todos os papéis que compõem o principal índice da B3, 87,5% das companhias encerraram o mês no campo negativo no acumulado de fevereiro. As ações da Azul (AZUL4) lideraram o ranking das maiores perdas do mês com um tombo 39,8%, segundo levantamento da Ágora Investimentos.
Leia também
O pessimismo para o papel se deve ao nível de endividamento da companhia, tema que ganhou destaque com a descoberta da inconsistência financeira do caso da Americanas – relembre todo o caso aqui.
Veja as cinco ações menos rentáveis do Ibovespa em fevereiro
Empresa |
Retorno em fevereiro
|
Azul (AZUL4) | -39,8% |
CVC (CVCB3) | -32,7% |
Yduq (YDUQ3) | -31,8% |
Alpargatas (ALPA4) | -30,7% |
GOL (GOLL4) | -27,8% |
Fonte: Ágora Investimentos |
Segundo Phil Soares, chefe de análise das ações da Órama, desde janeiro o mercado faz uma reavaliação do crédito corporativo e, assim como outras companhias de capital aberto, a Azul segue em processo de reestruturação de dívida. A situação traz um receio dos investidores diante do risco que a Americanas acendeu no mercado.
“As empresas endividadas sofrem mais e já tivemos passos em direção à negociação de dívida tanto da Azul quanto da Gol. Evidentemente, quando esse processo tem início, o preço da ação cai porque a empresa vai ter que pagar mais para quitar a dívida. Então, menor será a remuneração para o acionista”, diz Soares.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
A dinâmica do preço das commodities e a variação do câmbio também pressionam as margens das companhias aéreas. “O querosene de aviação representa cerca de 35/40% dos custos das aéreas”, aponta a Ágora.
Os papéis da Gol (GOLL4) também sofrem com a mesma realidade e, assim como aconteceu com a sua concorrente, a companhia entrou na lista das maiores quedas do Ibovespa em fevereiro. Ainda de acordo com a Ágora, as ações da empresa caíram 32,7% no acumulado mensal
Já as perdas da Alpargatas, na casa dos 30,7% em fevereiro, têm relação aos resultados ruins da companhia referente ao quarto trimestre do ano passado. De acordo com o balanço, a dona da Havaianas sofreu um prejuízo líquido de R$ 21 milhões durante o período. O número reverteu o lucro de 303,1 milhões durante o quarto trimestre de 2021. “Uma expectativa de lucro do mercado foi frustrada”, avalia o chefe de análise de ações da Órama.
Renda curta
Os papéis da CVC (CVCB3) e da Yduqs (YDUQ3) também integraram a lista das maiores perdas do Ibovespa em fevereiro. As duas companhias, durante o período, apresentaram uma desvalorização de 32,7% e de 31,8% , respectivamente. Segundo Felipe Paletta, sócio e analista da Monett, a queda no preço de ambos os papéis se deve ao cenário econômico desafiador em que afeta a disponibilidade de renda dos brasileiros.
Neste caso, a situação fica ainda mais delicada para a CVC. Por se tratar de um serviço não essencial, a companhia tem dificuldade de repassar preço ao seus clientes. “A empresa também enfrenta um cenário de recuperação do turismo, mas com uma incapacidade de repasse de preço em virtude da capacidade de renda das pessoas. Então, os investidores ficam mais apreensivos”, afirma Paletta.
A empresa também tenta reestrutura a sua dívida. Em fevereiro, a CVC comunicou que uma assessoria foi contratada para equacionar uma dívida de R$ 670 que vence em abril. “A empresa hoje enfrenta um dilema onde precisa de caixa para crescer, mas também precisa crescer para apresentar EBITDA positivo e levantar caixa”, disse a Ágora.
Publicidade
O problema também persiste para a Yduqs. No entanto, a empresa segue em vantagem em relação a outros pares já que possui mais exposição a cursos com “ticket” mais elevados. “Ainda há uma incerteza sobre o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) durante o governo Lula”, acrescentou o sócio da Monett. Caso o programa volte da mesma proporção como era há dez anos, a tendência é que os papéis da Yduqs e de outras empresas do setor de educação voltem a ter ganhos.