O que este conteúdo fez por você?
- As ações caíram 18% no acumulado de outubro em virtude da divulgação da prévia dos dados do terceiro trimestre
- A companhia é líder do segmento de construtoras do baixa renda, mas as suas operações nos Estados Unidos expõem o investidor a outro risco
- Apesar dos riscos, alguns analistas acreditam que o papel pode apresentar uma oportunidade interessante de investimento
As recentes mudanças no programa Casa Verde e Amarela trouxeram uma perspectiva melhor para as construtoras voltadas para o público de baixa renda. Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva(PT) para a Presidência da República, o cenário tende a melhorar bastante para essas incorporadoras em virtude da continuidade de ofertas de linhas de crédito para as moradias populares, por meio dos programas habitacionais. Veja os detalhes nesta reportagem.
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No entanto, ao contrário da maioria das construtoras deste segmento, o mercado parece não estar favorável para as ações da MRV (MRVE3). Em outubro, o papel da construtora recebeu o título de menos rentável do Ibovespa após apresentar uma desvalorização de 18% no acumulado do período. Ao ampliar o período da análise, as quedas chegam a 11,68% em 2022, segundo dados do TradeMap.
A perspectiva ruim, pelo menos no curto prazo, tem uma razão: os dados prévios do balanço referente ao terceiro trimestre. De acordo com os números apresentados pela companhia, a MRV registrou uma queima de caixa de R$ 1,22 bilhão. Desse total, R$ 942 milhões são referentes às dívidas de projeto da Resia, operação da construtora nos Estados Unidos, que ainda não vendeu nenhuma unidade. Por outro lado, a companhia conseguiu aumentar o preço das unidades brasileiras em 15,4%, na comparação ao mesmo período de 2021.
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Os números sinalizam riscos importantes que devem ser considerados antes de manter posição. Embora a MRV se beneficie com os programas habitacionais do governo, o atual portfólio da companhia está exposto a outros riscos que devem entrar no radar do investidor. “O investidor que compra a líder do segmento de baixa renda (no Brasil), também está comprando uma posição relevante de incorporação nos Estados Unidos que está em um ciclo monetário diferente”, diz Hugo Baeta, analista de ações da AF Invest.
Na quarta-feira (2), o Federal Reserve (Fed), autoridade monetária dos Estados Unidos, decidiu elevar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros do país. Com o encarecimento do crédito no mercado, os rendimentos das operações da companhia em solo norte-americano podem se tornar ainda mais difíceis. “Alguns investidores já estão com medo dos resultados dos EUA (da MRV) serem afetados justamente pela alta de juros em virtude do setor de construção civil desacelerando”, destaca.
Por outro lado, Rafael Ragazi, sócio analista de ações da Nord Research, não enxerga os dados de queima de caixa como algo negativo. Na avaliação dele, ao contrário de um possível prejuízo ou falta de rentabilidade, os números sinalizam para o investidor que a companhia segue realizando investimentos na sua filial nos Estados Unidos.
“A companhia está queimando caixa agora, mas não é para pagar dívidas ou porque está se “enrolando” com recebíveis. Pelo contrário, a empresa está investindo”, diz Ragazi. Já em relação sobre as vendas nos Estados Unidos, ele comentou que a ausência de vendas de empreendimentos no terceiro trimestre é algo normal.
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Por esse motivo, as recentes quedas em virtude da divulgação da prévia podem representar uma oportunidade de investimento. “O momento é interessante para investir na empresa”, afirma. A XP também tem recomendação de compra para as ações da MRV com um preço-alvo de R$ 19.
Já Baeta aconselha ao investidor analisar se as operações da companhia (tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos) fazem sentido para os objetivos da sua carteira de investimentos. “O cuidado é entender onde o investidor quer estar exposto. A MRV não pode ser mais 100% ligada ao programa Casa Verde e Amarela (ou Minha Casa Minha Vida). Hoje, a companhia possui outros fundamentos como a exposição no exterior”, afirma.