- De acordo com a companhia, o lucro líquido gerencial - que exclui o ágio de aquisição - foi de R$ 1,68 bilhão no 4T22, o que representa uma queda de 56,2% em relação a 2021
- O banco também elevou o provisionamento para combater a inadimplência e em virtude de um "evento subsequente" no segmento do atacado
- O Santander é o segundo maior credor da Americanas, na qual a varejista tem uma dívida de 3,6 bilhões
O Santander Brasil (SANB11) deu início a temporada de balanços do quatro trimestre de 2022, sendo o primeiro a divulgar resultados entre os bancos credores da Americanas (AMER3). Em relatório apresentado nesta quinta-feira (2), a instituição financeira reportou um lucro líquido gerencial (que exclui o ágio de aquisição) de R$ 1,68 bilhão no trimestre passado. O volume representa uma baixa de 45,9% em relação ao terceiro trimestre de 2022 e de 56,2% em comparação ao mesmo período de 2021.
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O fraco desempenho pode ter ocorrido em virtude do ciclo de inadimplência entre os clientes pessoa física. “O banco mudou o “mix” para linhas de crédito com garantia de pagamento. Então, esperávamos um efeito positivo (dessa mudança) e não enxergamos”, avalia Matheus Amaral, analista do Inter.
No entanto, o que chamou atenção entre os analistas foi o aumento do provisionamento. Ainda de acordo com o banco, as despesas de provisão – receita para custear inadimplência – cresceram 55,9% em 2022 e 14% no último trimestre. O aumento aconteceu em virtude de um “evento subsequente” citado pela instituição que optou por não dar detalhes sobre o assunto.
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Apesar da confidencialidade, tudo indica que o caso se refere ao “rombo contábil” da Americanas descoberto em janeiro. A varejista entrou com um pedido de recuperação judicial diante de uma dívida de R$ 47 bilhões. O Santander, assim como outras instituições financeiras, segue entre os maiores credores da companhia. Segundo a XP Research, a Americanas tem uma dívida com o Santander no valor de R$ 3,6 bilhões.
Na avaliação de Larissa Quaresma, analista da Empiricus, o provisionamento do Santander para a dívida da Americanas ainda é insuficiente e há possibilidade desse crédito ter um impacto ainda mais significativo no lucro da companhia. “Ao longo dos próximos trimestres, a companhia deve levar esse empréstimo (da Americanas) para o Nível G ou H, o que representaria um impacto adicional entre R$ 1,5 bilhão e 2,6 bilhões em 2023”, projeta Quaresma.
Já as ações do Santander (SANB11) apresentaram volatilidade ao longo do dia. Pela manhã, o papel sofreu uma queda de 4,15% entre 11h a 11h50 desta quinta. No entanto, durante a tarde, às 15h, voltou a operar no positivo com ganhos de 0,66%, cotado a R$ 27,53. Segundo Luiz Carlos Corrêa, sócio da Nexgen Capital, os ganhos podem estar relacionados às perspectivas da taxa de juros para este ano no mercado brasileiro.
“A ata do Copom mostrou que o Banco Central pode não cortar a taxa de juros neste ano. Então, isso é positivo para os bancos porque, com os juros mais altos, as instituições financeiras têm retornos maiores”, diz Corrêa.
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Mesmo com essa possibilidade, a recomendação tanto do banco Inter quanto da Empiricus segue neutra para o papel da companhia, em virtude do ciclo de inadimplência. A XP também mantém uma recomendação neutra para as ações do banco com um preço-alvo de R$ 34.