Mercado

“Não é prudente que Lula governe contra o mercado”, diz analista

Analista sênior de política e macroeconomia da Medley Advisors avalia sinalizações do governo eleito

“Não é prudente que Lula governe contra o mercado”, diz analista
Cenário de incerteza fiscal preocupa mercado no Lula 3. Foto: André Dusek/Estadão
  • Mário Lima, analista sênior de política e macroeconomia da Medley Advisors, acredita que não é uma atitude politicamente inteligente que o novo governo tome uma posição totalmente opositora ao mercado financeiro
  • “Lula não precisa governar para o mercado, de forma nenhuma, mas também não é prudente que se governe contra”, afirma Lima. “Já se tem uma má vontade de setores do mercado (em relação ao PT) e o governo parece que justifica essa má vontade.”
  • As consequências da adoção de uma política fiscal irresponsável são a fuga de investimento estrangeiro do Brasil, elevação dos juros e inflação, que podem desembocar em uma crise econômica

Mário Lima, analista sênior de política e macroeconomia da Medley Advisors, acredita que não é uma atitude politicamente inteligente que o novo governo tome uma posição totalmente opositora ao mercado financeiro.

Apesar de ter recebido apoio de um grupo de economistas liberais ainda em campanha, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até o momento não indicou nenhum deles para posições estratégicas.

Nesta terça-feira (12), Lula confirmou a indicação de Aloizio Mercadante, economista e ex-ministro de Dilma Rousseff, para presidir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A nomeação não agrada ao mercado, que o lê como um economista heterodoxo, isto é, favorável a maiores gastos públicos.

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O líder do PT segue, portanto, dando sinalizações negativas aos investidores e aos agentes de mercado que o apoiaram. Nesta reportagem, explicamos por que Mercadante no governo Lula assombra o mercado.

“Lula não precisa governar para o mercado, de forma nenhuma, mas também não é prudente que se governe contra”, afirma Lima. “Já se tem uma má vontade de setores do mercado (em relação ao PT) e o governo parece que justifica essa má vontade.”

Na visão de Lima, a expectativa que se tinha era de que o novo governo Lula assumisse rapidamente alguns compromissos com as contas públicas – o que não está ocorrendo. “Quanto a isso, sim, há uma decepção. A responsabilidade fiscal não pode ser uma oposição à responsabilidade social”, explica o analista.

Consequências

As consequências da adoção de uma política fiscal irresponsável são a fuga de investimento estrangeiro do Brasil, elevação dos juros e inflação, que podem desembocar em uma crise econômica.

“E uma crise econômica estimula uma crise política”, afirma Lima. Contudo, o analista político acredita que após a PEC da Transição ser aprovada, o Governo Lula começará a dar mais sinais de compromisso com as contas públicas, até por uma questão de “sobrevivência”.

“O governo tem que ser fiscalmente responsável porque não tem espaço para não ser. Se ele não for, vai criar uma crise econômica. Crise esta que será o início do fim do próprio governo”, conclui Lima.

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