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Americanas (AMER3) abaixo de R$ 1. Oportunidade ou furada?

As ações da varejista cravaram o menor valor de sua história na bolsa. Veja a recomendação dos analistas

Americanas (AMER3) abaixo de R$ 1. Oportunidade ou furada?
Fachada Americanas Express. Crédito: Sérgio Moraes/Reuters
  • Esta sexta-feira (20) é o último pregão das ações da Americanas no Ibovespa; papel foi retirado do índice por causa da recuperação judicial
  • Às 13h45, ações eram cotadas a R$ 0,79, o menor patamar da história da Americanas na bolsa
  • Segundo analistas, volatilidade ainda deve continuar e o melhor a fazer é ficar de fora do papel

As ações da Americanas (AMER3) estão reagindo ao pedido de recuperação judicial protocolado pela varejista na quinta-feira (19).

Depois de declarar dívidas de aproximadamente R$ 43 bilhões, frutos de inconsistências contábeis encontradas em seus balanços financeiros, o papel da companhia vai ser retirado de 14 índices da B3, inclusive do Ibovespa, do qual a AMER3 se despede ao fim do pregão desta sexta-feira (20).

O cenário fez a ação cair abaixo de R$ 1 na parte da manhã. Às 10h04, a AMER3 abriu em leilão em queda de 2%, cotada a R$ 0,98, mas às 13h45 valiam apenas R$ 0,79 – o menor patamar de sua história na bolsa.

O atual patamar de preço tem gerado inquietação em alguns investidores. Não só a decepção pela queda perto de 90% em 2023, mas com uma dúvida se o valor abaixo de R$ 1 poderia significar uma oportunidade de compra. Mesmo porque até os novatos no mercado conhecem o famoso ditado que diz para “comprar ao som dos canhões”.

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No caso de Americanas, porém, o baixo preço das ações não é uma oportunidade de compra, dizem os analistas ouvidos pelo E-Investidor. “Não é por ter caído tudo que já caiu que a situação abre uma oportunidade, mesmo pensando em prazos mais longos”, diz Rodrigo Fraga, analista da Guide Investimentos.

Um relatório da corretora analisou os pedidos de recuperação judicial de empresas com ações em negociação na B3. A conclusão é de que os processos costumam ser longos, uma média de 4 anos entre a data do pedido e a data de saída, além de dolorosos ao investidor. “Tem muita incerteza envolvida e não temos como precisar se esse R$ 1 é uma oportunidade”, diz Fraga.

Esta também é a visão de Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research. O especialista destaca o caso da Oi (OIBR3), cujo processo de recuperação judicial foi encerrado em dezembro de 2022 após 6 anos de negociação. “As ações da Oi chegaram a valer R$ 2 reais, mas foram a R$ 0,18”, pontua.

O analista afirma que ainda existem muitas variáveis em jogo: quanto dinheiro os acionistas de referência vão colocar na companhia, se vão aparecer novas inconsistência contábeis, além de problemas com fornecedores da varejista que estão exigindo o pagamento à vista.

“O papel pode cair mais ainda”, diz Ferrer. “Como a empresa tem R$ 43 bi em dívidas, qualquer escorregão em relação a essa recuperação judicial pode causar isso.”

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A Americanas tem 60 dias corridos para apresentar na Justiça um plano de reestruturação, que precisa ser aprovado pelos credores antes de ser colocado em prática.

Até que as partes cheguem em um acordo, novas notícias do caso podem continuar afetando as ações. “Até lá, os papéis devem continuar sofrendo com a alta volatilidade, que pode ser para baixo ou para cima a depender das informações que serão divulgadas nas próximas semanas”, diz Felipe Catão, CEO e fundador da fintech Guru. “É um momento altamente especulativo e com bastante risco para o investidor.”

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