O que este conteúdo fez por você?
- A Petrobras está sujeita a volatilidade e pode ser impactada por outros fatores que devem ser avaliados pelos investidores
- Analistas consideram que as eventuais interferências políticas podem sufocar a valorização dos ativos
- Há uma série de decisões esperada para os próximos meses, como a eleição do novo conselho, o planejamento estratégico e a política de precificação
As ações da petrolíferas tiveram forte alta no pregão desta segunda-feira (3) após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciar corte na produção diária a partir de maio, o que encareceu a commodity e deve seguir pressionando os preços. Liderando as valorizações, PETR3 e PETR4 encerraram o dia com ganhos de 4,76% e 4,43%, respectivamente.
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Nesta terça-feira (4), as ações da estatal iniciaram em alta, mas às 11h32 os papéis ordinários (PETR3) apresentavam queda de 0,29%, a R$ 27,69, enquanto as preferenciais (PETR4) mantiveram valorização, mas em 0,16%, cotadas a R$ 24,53.
Apesar da possibilidade de ganhos, os analistas de diversas casas consultadas pelo E-investidor estão mantendo cautela em relação aos papéis da Petrobras, observando que outros fatores, com destaque para possibilidade de interferências políticas, seguem fortes no radar e podem sufocar a valorização dos ativos.
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O entusiasmo dos investidores ocorreu devido ao impacto imediato visto nos preços dos contratos futuros de petróleo. Nos Estados Unidos, a alta do barril do tipo Brent foi de 6,28%, a US$ 80,42. Com o corte anunciado de 1,66 milhão de barris diários (bpd) anunciado pela Opep+, a escassez pode fazer com que o preço chegue a até US$ 100. Dessa forma, o esperado seria um aumento de receita para a Petrobras ao longo dos próximos meses.
Petrobras
Na prática, o universo de renda variável impõe outros fatores que devem ser avaliados pelos investidores. Este quadro é ainda mais complexo para empresas com as características da Petrobras, que está sujeita a interferências políticas, conforme destaca a analista de ações da Nord Research, Danielle Lopes.
Para ela, a perspectiva de ganho cresceu juntamente com os riscos. “A Petrobras já vem reduzindo os níveis de repasse para não encarecer na bomba. Ao fazer isso, a empresa busca evitar ingerências políticas, mas isso vai acabar acontecendo. Por isso o impacto do preço da commodity deve perder a sustentação”, diz a especialista.
O que também não ajuda são as várias incertezas sobre decisões a serem tomadas ao longo dos próximos meses.“Tem eleição do novo conselho, expectativa por maiores sinalizações sobre o planejamento estratégico e quanto a política de precificação”, lembra o analista de investimentos da Ágora, Ricardo França, que sintetiza: “A cotação do petróleo é importante, porém há outras influências no caminho”.
Outro fator importante a ser lembrado é que oscilações motivadas por decisão da Opep+ não são necessariamente raras. Em outubro do ano passado, um corte de 2 milhões de barris empurrou a cotação do brent a níveis próximos de US$ 100. Em outubro de 2020, diante dos impactos da pandemia de Covid-19, o corte foi de 10 milhões de barris no período de maio e junho daquele ano.
O que o investidor deve fazer?
A partir das perspectivas atuais, os analistas dizem que a decisão da Opep de forma isolada não deve guiar os investidores sobre a compra ou venda de ações. “De fato foi um evento que ninguém esperava, porém o investidor não deve se basear nesse tipo de acontecimento para comprar ou vender uma ação”, considera André Fernandes, Head de Renda Variável e sócio da A7 Capital.
- Veja aqui as alternativas de investimento à Petrobras no setor petrolífero
O analista Lucas Serra, da Toro Investimentos, explica que diante das várias incertezas, a casa mantém o posicionamento neutro para as ações da Petrobras. “Reconhecemos que a elevação dos preços do petróleo beneficia a companhia, porém, continuamos com uma visão neutra”, diz, ao apontar principalmente o risco de ingerência política.
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Outra casa que mantém cautela sobre a recomendação de Petrobras é a GT Capital. “Estamos em momento de possível recessão, com aumento na inflação mundial, desaceleração econômica e fuga de risco de países emergentes. O mercado está vivendo um dia após o outro e receoso com o futuro”, destaca Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT.