Lucro da B3 (B3SA3) sobe 3,5% no 3T25 e atinge R$ 1,246 bilhão, impulsionado por renda fixa e produtos de dados. (Imagem: Adobe Stock)
A B3 (B3SA3) apresentou um resultado dentro do esperado pelos analistas da Ativa, Genial e XP Investimentos. O segmento de renda variável recuou, enquanto a renda fixa seguiu em crescimento, em um contexto de juros altos, mostram relatórios consultados pelo E-Investidor nesta quarta-feira (12). Ontem, a companhia informou lucro líquido de R$ 1,246 bilhão, alta de 3,5% em relação ao terceiro trimestre de 2024 e queda de 6% frente ao segundo trimestre.
O lucro líquido recorrente registrou alta de 2,6% em base anual e recuo de 1,6% frente ao segundo trimestre, somando R$ 1,257 bilhão. Para os analistas da XP Investimentos, os números ficaram em linha com as expectativas. A administradora da Bolsa de Valores teve receita total de R$ 2,8 bilhões, alta anual de 2,0%, enquanto a receita líquida diminuiu no trimestre contra trimestre devido ao reconhecimento de acumulado de créditos tributários de PIS e Cofins que impactaram o segundo trimestre de 2025, resultando em uma base de comparação difícil.
“Os mercados apresentaram desempenho misto: os volumes de derivativos e ações à vista caíram, enquanto a renda fixa continuou a crescer. Ainda assim, o resultado está dentro do esperado, considerando o atual patamar de juros, com a Selic a 15% ao ano”, afirmam Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, que assinam o relatório da XP.
Para a equipe da Ativa Investimentos, a B3 reportou um conjunto de resultados neutro. A B3 apresentou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 1,72 bilhão, avanço de 1,2% na base anual. Segundo os analistas, esse desempenho reforça, mais uma vez, a qualidade do modelo de negócios diversificado, que tem demonstrado resiliência mesmo em ambientes mais desafiadores.
O especialista salienta que, no resultado financeiro, o efeito do maior saldo médio de endividamento e da elevação do CDI contribuíram para uma leve redução no lucro líquido, que, entretanto, também ficou em linha com as projeções da corretora. “Em suma, consideramos o conjunto de resultados neutro para a tese e não antecipamos reação relevante das ações no curto prazo”, salienta Ilan Arbetman, que assina o relatório da Ativa.
Já a Genial Investimentos destacou que as despesas cresceram abaixo da inflação. As despesas operacionais da B3 somaram R$ 841 milhões no terceiro trimestre de 2025, representando leve alta de 1,2%. Essa pequena alta foi moderada pela queda de 30% nas despesas para serviços de terceiros, devido à redução de despesas com consultorias estratégicas. Houve ainda redução de 60,7% nas despesas diversas, beneficiadas pela reversão de R$ 16,7 milhões em provisões tributárias após decisão favorável à B3.
Sobre os volumes de negociação, a corretora diz que os dados parciais de outubro indicam manutenção de volumes estáveis no mercado à vista, em um ambiente ainda desafiador, com juros altos e incertezas fiscais que seguem incentivando a migração para renda fixa.
“Contudo, já em novembro, observamos o Ibovespa renovando máximas históricas, impulsionado pelo fluxo estrangeiro positivo para emergentes — movimento que, se sustentado, pode marcar o início de um novo ciclo de valorização e retomada de volumes para a bolsa brasileira”, esclarecem Eduardo Nishio, Luis Degaspari e Bernardo Noel, que assinam o relatório da Genial.
É hora de comprar as ações da B3?
A maioria das casas de análises não recomenda a compra do papel, com apenas uma exceção.
Para a XP Investimentos, a alta do volume de negociação da renda fixa ainda não é suficiente para trazer lucros exorbitantes para a B3. E mesmo que o desempenho da renda variável melhore, esse cenário já está precificado nas ações.
“Mantemos nossa recomendação neutra devido ao aumento da concorrência em novas fontes de receita e um valuation relativamente esticado”, apontam Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, que assinam o relatório da XP.
A corretora calcula um preço-alvo de R$ 16 para os próximos 12 meses, alta de 18,25% na comparação com o fechamento de terça-feira (11), quando a ação encerrou o pregão a R$ 13,53. A Ativa também tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 13,20, queda de 2,4% em relação ao último fechamento.
“Mantemos recomendação neutra para as ações, avaliando que, apesar de uma perspectiva mais construtiva para o mercado acionário no final do ano, o potencial de reprecificação permanece limitado”, argumenta Ilan Arbetman.
A Genial diz que o fluxo de investidores estrangeiros tem impulsionado o Ibovespa e outras bolsas emergentes a novas máximas históricas. A corretora observa que, embora a questão fiscal ainda limite o apetite do investidor local, por outro, o ano eleitoral de 2026 — com potencial de alternância de poder — pode servir como catalisador de fluxo e reprecificação de ativos domésticos.
“Nesse contexto, a B3 se destaca como um dos principais veículos para capturar esse movimento. No entanto, o ambiente competitivo tende a se intensificar com o avanço das novas bolsas — A5X, no segmento de derivativos, e Base, no mercado à vista. Apesar de esperarmos impactos limitados no curto prazo, a possibilidade de entrada efetiva dessas plataformas deve permanecer no radar dos investidores”, reforçam Eduardo Nishio, Luis Degaspari e Bernardo Noel, que assinam o relatório da Genial.
A Genial recomenda compra para B3 (B3SA3) com preço-alvo de R$ 15,80, crescimento de 16,78% em relação ao último fechamento. Os analistas apontam que o papel é negociado a 13,9 vezes o Preço sobre Lucro (P/L) estimado para 2026, abaixo da média dos pares globais, que possuem um P/L de 24,6 vezes.