Apesar do lucro bilionário, analistas consultados pela reportagem se dividem sobre quão positivo e sólido foi o balanço do 1T25 divulgado na noite desta terça-feira. (Foto: Divulgação / JBS)
A JBS(JBSS3) teve lucro líquido de R$ 2,924 bilhões no primeiro trimestre de 2025, um salto de 77,6% na comparação com igual período do ano passado. Apesar do lucro bilionário, analistas consultados pela reportagem se dividem sobre quão positivo e sólido foi o balanço do 1T25 divulgado na noite desta terça-feira (13).
Para a Genial Investimentos, o resultado ficou aquém das expectativas, com a rentabilidade operacional, medida pela margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), em 7,8%, queda de 1,4 ponto porcentual na comparação com o quarto trimestre de 2024 e leve alta de 0,6 ponto porcentual em comparação ao ano passado. O número ficou o,6 ponto porcentual abaixo do esperado.
“Os destaques negativos foram Beef North America, USA Pork e JBS Austrália, unidades em que observamos margens abaixo do esperado. A unidade de Beef North America voltou a operar com margem negativa em 1,6%, contrariando nossa expectativa de break-even (ponto de equilíbrio), impactada pela escalada do preço do gado nos EUA e incapacidade de repasse integral”, dizem Igor Guedes, Luca Vello e Iago Souza, que assinam o relatório da Genial.
Para a XP Investimentos, o balanço da JBS no 1T25 mostra um início de ano sólido, superando a sazonalidade na maioria das proteínas. Na visão do especialista, os resultados de carne bovina nos EUA e no Brasil foram exceções: a receita líquida foi de R$ 114,1 bilhões, alta de 29% em um ano e 4% acima do esperado pela corretora. O Ebitda ajustado foi de R$ 8,9 bilhões, cerca de 2% acima do esperado pela XP.
“A unidade de negócios continua a se beneficiar da escassez de carne bovina nos EUA e os lucros com carne bovina compensaram mais do que os resultados mais fracos de aquicultura e da Primo (produtos processados). Por outro lado, o consumo de caixa foi maior do que o esperado, totalizando R$ 5,3 bilhões em comparação com nossa estimativa de R$ 1,9 bilhão, impulsionado principalmente por estoques e bioativos”, afirmam Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, que assinam o relatório da XP.
O Citi informou em relatório que a JBS apresentou seu segundo melhor resultado de primeiro trimestre já registrado, com destaque para os ganhos estruturais de sua diversificação global. “Apesar dos obstáculos atuais no ciclo da carne bovina nos EUA, as margens consolidadas permaneceram sólidas, impulsionadas por sua divisão de aves e suínos, com alavancagem em dólar de saudáveis 2 vezes”, disseram no relatório os analistas do banco, Renata Cabral e Tiago Harduim.
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Os analistas da Genial Investimentos dizem que o balanço da JBS teve pontos positivos mesmo aquém do esperado, com os destaques para Seara, JBS Brasil e PPC, que reportaram margens acima ou em linha com o esperado. A corretora tem recomendação de compra para a ação JBSS3 com preço-alvo de R$ 54,50, alta de 33,41% em relação ao último fechamento.
“O 1T25 da JBS confirmou o início de compressão de margens esperada para 2025, sem grandes surpresas no consolidado e com desempenho em linha com o consenso. Comparações no ano a ano foram distorcidas por efeitos cambiais e ciclo do gado mais favorável no primeiro trimestre de 2024”, argumenta a equipe da Genial.
A JBS é a principal escolha do Citi na cobertura de proteínas, “pois vemos a companhia negociada a EV/Ebitda (valor da empresa sobre o Ebitda) de 4,6 vezes, ainda uma lacuna significativa em relação ao 8,0 vezes 2025 da Tyson”. O Citi tem classificação de compra para os papéis da JBSS3, com preço-alvo de 12 meses a R$ 55,00, correspondendo a um retorno esperado de 34,6%, considerando o fechamento de ontem a R$ 40,85.
A XP também tem recomendação de compra para a JBS (JBSS3) com preço-alvo de R$ 50,00 para o fim de 2025, alta de 22,40% na comparação com o fechamento de terça-feira (13). Os analistas fazem, no entanto, uma ponderação:. “Considerando que não são tempos normais para a JBS, a volatilidade deve aumentar no curto prazo à medida que a assembleia-geral da dupla listagem se aproxima e as discussões da conferência de resultados devem ditar o movimento das ações, em nossa opinião”, explicam Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.