A inadimplência sobre a carteira de crédito continua pressionando os resultados financeiros do Banco do Brasil (BBAS3), enquanto os sinais de recuperação devem ser registados apenas em 2026 – mas, nem por isso o papel deve ser descartado.
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A inadimplência sobre a carteira de crédito continua pressionando os resultados financeiros do Banco do Brasil (BBAS3), enquanto os sinais de recuperação devem ser registados apenas em 2026 – mas, nem por isso o papel deve ser descartado.
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Nesta quarta-feira (12), a companhia reportou lucro líquido de R$ 3,785 bilhões no balanço do terceiro trimestre de 2025 (3T25), uma queda de 60,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Os resultados, embora em linha com as expectativas do mercado, pressionaram as ações na bolsa de valores. Às 13h (de Brasília), os papéis do BB caíam 2,89%, sendo cotados a R$ 22,14. A reação dos investidores reflete a demora na recuperação da carteira de crédito que deve acontecer a partir de 2026 e na queda consistentes no pagamento de dividendos.
O período nebuloso da estatal, contudo, não é suficiente para deixar a ação de escanteio, como tem feito a maioria dos agentes de mercado. Pedro Galdi, analista do AGF, é um dos poucos (talvez, o único) que defendem a permanência do papel na carteira por avaliar que os fundamentos da estatal permanecem intactos, enquanto classifica os problemas de crédito como o risco natural do modelo de negócio.
“A instituição é uma das mais antigas do país e já passou por outras crises e nem por isto deixou de retornar ao seu posto de boa pagadora de dividendo”, defende Galdi. “Nossa visão é que ela voltará a ser uma referência em dividendos em nosso mercado de ações”, acrescenta.
Outros analistas de mercado também acreditam na recuperação do Banco do Brasil (BBSA3). O grande ponto, na avaliação deles, é entender quando esse processo irá acontecer. Victor Bueno, analista da Nord Investimentos, avalia que o BB deve ser negociado com o múltiplo preço/lucro (P/L) de 7,2x em 2025.
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O valor, embora seja ainda baixo, está acima da média história do BB que permanece em torno de 5x. “Seu lucro pode se recuperar e, consequentemente, reduzir seu P/L (aumentando, assim, sua atratividade). Porém, como já comentamos, o “quando” ainda é incerto”, diz o especialista em relatório. Por esse motivo, Bueno explica que continuará acompanhando de perto os desdobramentos da crise de crédito do BB a fim de identificar o melhor momento para montar posição. Enquanto isso, a preferência se volta para ações do Itaú por possuir rendimentos mais atrativos, cerca de 8%, e maior previsibilidade de receita para os próximos anos.
A Genial Investimentos, por sua vez, destaca que a recuperação estrutural dependerá da capacidade da estatal de “renegociar, sanear e limpar a carteira rural”. Além disso, a sinalização de uma alternância presidencial nas eleições de 2026 pode atuar como catalisador adicional de reprecificação, com a redução do risco político sobre o setor público.
“Ou seja, com fundamentos em recuperação, múltiplos atraentes e cenário eleitoral atuando como possível gatilho, o papel do banco estatal pode se tornar atrativo ao longo de 2026. Por ora, mantemos recomendação de MANTER, com preço-alvo de R$ 24,00, implicando potencial de valorização de 5,3%”, diz a corretora.
Já Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos, recomenda as ações do BB Seguridade (BBSE3). A empresa de seguros, na avaliação dele, tem um dividend yield (DY) projetado de 12,23% para os próximos 12 meses. Ele ressalta ainda o seu modelo de negócios que se mostra mais resiliente, previsível e que se beneficia dos juros elevados.
“O balanço do Banco do Brasil quebrou a tese de investimento de longo prazo para dividendos, ao mostrar que seu lucro e dividendos são reféns de um risco cíclico e volátil: a inadimplência do setor Agro”, ressalta.
Durante teleconferência dos resultados nesta quinta-feira (13), o CFO do Banco do Brasil (BBAS3), Marco Geovanne Tobias, disse que a instituição financeira poderá pagar dividendos extraordinários em 2026. A possibilidade deve acontecer caso a empresa consiga manter o seu índice de capital principal, CET 1, em pelo menos 11%, que é o mínimo regulatório. O índice mede quanto do capital do próprio banco é colocado em empréstimos feitos pela companhia.
A Medida Provisório (MP) 1.314, que criou um programa de renegociação de dívidas no agronegócio também pode reforçar o capital e ajudar o BB a elevar a remuneração aos investidores, como mostramos nesta reportagem.
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