A esperada redução da taxa Selic em 2026 pode ajudar a estimular o crédito. Imagem: Adobe Stock.
O investidor terá de ser paciente e manter a cautela com as ações do Banco Brasil (BBAS3) até 2027, disseram os analistas do Itaú BBA em relatório nesta quinta-feira (4). Os analistas estimam melhora nos dados de inadimplência do agronegócio em 2026, mas a carteira de Pequenas e Médias Empresas (PMEs) deve travar a recuperação dos lucros e da rentabilidade da companhia, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês).
Segundo os analistas, as pressões sobre o custo do crédito no agronegócio, que equivale a cerca de um terço do total da carteira do banco, devem continuar. As margens do produtor não melhoraram e o crédito ficou mais caro. No entanto, os especialistas sinalizam que a carteira de crédito renovada (16% do total vs. uma média de 5% em 10 anos) apresenta um risco de inadimplência de crédito reprimido.
Conforme o BBA, isso indica que uma grande parcela dos créditos, cerca de R$ 36 bilhões ou 80% do saldo total, poderia ter se tornado inadimplência se não fosse renovada, considerando a parcela acima da média que foi postergada.
“Dada a baixa visibilidade na carteira, provavelmente veremos provisões significativas desta carteira impactando os resultados futuros. A próxima janela de pagamento ao produtor rural pode apresentar melhor cobrança de crédito que a vista no primeiro e segundo trimestre de 2025”, dizem Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, que assinam o relatório do Itaú BBA.
Carteira de pequenas e médias empresas será obstáculo do BB em 2026
Os analistas afirmam que há possibilidade de conservadorismo na concessão de crédito nas carteiras de Pequenas e Médias Empresas (PMEs) e de pessoas físicas. A equipe do BBA relata que a maioria do crescimento dos empréstimos renegociados veio de pessoas físicas (8% do total vs. 6% do total no segundo trimestre de 2024) e PMEs (12% do total vs. 9% do total no segundo trimestre de 2024). A recente mudança no apetite ao risco na concessão de crédito deve diluir parte das provisões, de acordo com o time.
“Portanto, mesmo com a melhora do setor agropecuário em 2026, o BB provavelmente precisará aumentar as provisões para pessoas físicas e PMEs no próximo ano. Mantemos níveis elevados de provisão para 2026, em R$ 56 bilhões, contra R$ 59 bilhões em 2025”, argumentam os analistas do BBA.
Os analistas recordam que o BB reduziu sua projeção de crescimento da carteira de crédito de 7,5% para os atuais 4,5% em 2025, implicando uma desaceleração em relação ao ritmo de 10% observado no primeiro semestre de 2025. Com a mudança, os analistas projetam um crescimento modesto de 6% para 2026.
“No entanto, também prevemos concessão de empréstimos com foco na redução de risco em PMEs e pessoas físicas, o que deve representar obstáculos para 2026. A diversificação da carteira provavelmente se inclinará para clientes e produtos com spreads mais baixos, embora o BB possa trabalhar com spreads mais altos para os mesmos produtos”, salientam Leduc, Raffaelli e Barranjard.
Itaú BBA reduz estimativas para o Banco do Brasil
Por isso, o Itaú BBA reduziu suas estimativas para o lucro do Banco Brasil para 2025 e 2026, respectivamente em 18% e 20%. Os especialistas calculam um lucro de R$ 20 bilhões para 2025 e de R$ 24 bilhões para 2026 devido à menor margem financeira e ao maior custo de risco.
Problemas de qualidade de ativos geralmente não são resolvidos rapidamente, dado o tamanho e a duração da carteira. Acreditamos que 2026 será mais um ano de ajustes, com os lucros se recuperando apenas gradualmente e o ROE a 12% no próximo ano. Por isso, esperamos que o banco aproxime os retornos do custo do capital próprio apenas em 2027.
Desse modo, o Itaú BBA mantém sua classificação de market perform para o Banco do Brasil (BBAS3), equivalente à neutra, com preço-alvo de R$ 23 para o fim de 2026, alta de 13,4% na comparação com o fechamento de quarta-feira (4), quando a ação encerrou o pregão a R$ 20,28.