Ações substitutas para Banco do Brasil (BBAS3): 13 oportunidades com dividendos e resiliência para sua carteira
Inspiradas nas qualidades do BB, 9 analistas escolhem empresas da Bolsa que oferecem até 10,5% de dividendos para quem busca estabilidade e retorno consistente
Instabilidade do Banco do Brasil não favorece quem busca renda passiva recorrente; investidores buscam ações substitutas para BBAS3. (Foto: Adobe Stock)
Nem o oráculo arriscaria prever o rumo das ações do Banco do Brasil(BBAS3). A estatal tenta recuperar fundamentos e rentabilidade, reduzir a inadimplência do crédito ao agronegócio e contornar ruídos políticos e externos. O resultado é uma volatilidade na carteira dos investidores: em alguns dias o papel dispara e em outros, desaba. Quem deseja ficar alheio a isso tem opções de ações substitutas para BBAS3.
A instabilidade do BB não favorece quem busca renda passiva recorrente, alertam analistas. O investidor pode até pensar que achou o bilhete premiado, mas na prática compra uma faca caindo.
Para os investidores mais arrojados, a recomendação é comprar nas quedas de forma fracionada e evitar concentração na ação, desde que haja disposição para enfrentar oscilações e esperar o longo prazo.
Já os conservadores ou iniciantes devem aguardar sinais de recuperação tangíveis, possivelmente no balanço do terceiro trimestre de 2025 (3T25), em novembro. Especialistas defendem não vender BBAS3, mas destinar novos aportes a papéis mais resilientes.
O Banco do Brasil já foi considerado um ativo atrativo. Tinha payout(parcela do lucro destinada aos acionistas) mínimo de 40%, era visto como barato, pagava proventos de forma recorrente (8 vezes ao ano) e manteve nos últimos 5 anos dividend yield(retorno em dividendos) médio de 8,50%. Integra o setor bancário, considerado perene, e acumula 200 anos de trajetória, sobrevivendo a diversas crises.
A questão agora é se existem substitutos na Bolsa de Valorescom características semelhantes. Com ajuda de analistas, determinamos critérios:
• Payout de no mínimo 40%;
• Ação barata pelos múltiplos;
• Proventos recorrentes, no mínimo 4 vezes ao ano;
• Setor perene e resiliente;
• Histórico de pelo menos 10 anos no mercado;
• Dividend yield médio de 5 anos de 6% ou mais;
Com base nesses filtros, 9 analistas apontaram 13 potenciais substitutas para BBAS3, listadas a seguir.
Ações perenes para substituir BBAS3
Seguradoras
Começando pelos setores perenes, há duas alternativas claras: outros bancos ou seguradoras.
Criada em 2015, a companhia soma apenas uma década de mercado, mas, segundo o analista Bruno Oliveira, do Vida de Acionista, o contrato de longo prazo para vender seguros no balcão da Caixa Econômica Federal, válido até 2050, dá perenidade ao negócio.
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“É líder nos seguros do ramo imobiliário, com uma característica interessante: possui proteção em relação ao aumento da inadimplência do crédito habitacional da Caixa Econômica, que responde por quase 70% do mercado”, avalia Oliveira.
O seguro habitacional, obrigatório por lei e um dos principais produtos de CXSE3, não cobre inadimplência, mas quita o financiamento em casos de morte, invalidez permanente ou danos físicos no imóvel. “Isso torna o modelo de negócios altamente resiliente, protegido de perturbações macroeconômicas, como bolhas imobiliárias”, completa.
A companhia também atua em seguro residencial, prestamista, previdência, capitalização e consórcio. Como toda seguradora, ganha nos jurosaltos com resultado financeiro e, quando a Seliccai, compensa no operacional.
Outra opção fica com a BB Seguridade (BBSE3). Mesmo pertencendo ao mesmo grupo do Banco do Brasil, a companhia está blindada dos riscos do agro, já que trabalha com resseguros. A empresa paga dividendos duas vezes ao ano, geralmente em fevereiro e agosto, com payout próximo de 80%. Nos últimos 5 anos, entregou dividend yield médio de 7,5%.
Apesar da exposição à dinâmica do controlador, o analista Milton Rabelo, da VG Research, considera os resultados da BB Seguridade mais resilientes, sustentados pelas receitas da vertical de previdência e pelo resultado financeiro.
“Vale lembrar que durante a crise do Bradesco, o Bradesco Seguros teve resultados muito sólidos e resilientes. Não há garantia de que a BB Seguridade repita esse desempenho, mas é um indicativo de que a dinâmica das seguradoras não acompanha os bancos de forma linear”, afirma Rabelo.
Apesar dos bons resultados do Itaú, analistas enxergam outros bancos descontados como opções para substituir BBAS3, ainda que temporariamente.
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Um deles é o Bradesco (BBDC3; BBDC4), em reestruturação iniciada em 2023 e que paga proventos mensais. Para Sergio Biz, analista e sócio do GuiaInvest, os resultados melhoraram nos últimos trimestres e a tendência deve continuar. “O CEO fez uma limpeza no balanço, o Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) vem avançando de forma sustentável e o desconto ainda é atrativo”, afirma.
Mesmo nos períodos mais difíceis, o banco manteve consistência no pagamento de proventos. “Desde 2007 remunera acionistas com regularidade. Nos últimos 5 anos distribuiu entre 20% e 75% do lucro e para os próximos anos a expectativa é que o payout supere 40%”, observa Biz.
O risco, segundo ele, vem da recuperação ser interrompida em caso de desaceleração econômica ou alta da inadimplência. O Bradesco soma 82 anos de história. Anderson Bezerra, analista da Benndorf Research, acrescenta que o banco negocia com valuation (valor do ativo) atrativo.
“O Bradesco ainda é negociado a cerca de 5,7 preço sobre lucro (P/L) para 2026, bem abaixo da sua média histórica”, diz.
Para quem prefere evitar bancos ligados à pessoa física, Banco ABC (ABCB4) se destaca. O modelo de negócios do banco está voltado apenas para empresas de médio e grande porte.
Gabriel Duarte, analista da Ticker Research, ressalta que a estratégia do ABC reduz risco de crédito e aumenta previsibilidade. “As provisões em patamares elevados trazem segurança em caso de inadimplência e podem ser revertidas em proventos no futuro, caso a inadimplência não se concretize”, explica.
Jayme Simão, sócio-fundador do Hub do Investidor, elogia os resultados do Banco ABC no 2T25, que mostraram lucro estável, expansão da margem com clientes e qualidade de ativos saudável. “A carteira de crédito seguiu em crescimento e o custo de risco permanece abaixo da média histórica, o que reforça a resiliência do banco”, afirma.
Apesar da alta recente no setor de telecomunicações, analistas ainda o consideram como alternativa para dividendos. Regis Chinchila, head de Research da Terra Investimentos, cita a Telefônica Brasil (VIVT3), que paga 4 vezes ao ano e tem payout próximo de 70%.
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Para ele, mesmo após a valorização da ação, o potencial de expansão da fibra ótica ainda oferece desconto histórico. “A empresa combina fluxo de caixa sólido, previsibilidade, baixa volatilidade frente a ações cíclicas e crescimento orgânico em fibra e mobile, com estabilidade nos proventos”, diz Chinchila.
Fernando Bresciani, analista do Andbank, reforça que a telefonia cresce organicamente com a demanda da população e novos serviços. “São empresas que têm na tarifa a inflação, capturando isso além do crescimento. É uma ação pouco endividada, payout elevado e um dividend yield muito positivo para os próximos meses”, afirma.
Ele recomenda realocar temporariamente aportes de BBAS3 em VIVT3 e, quando houver sinais de recuperação do Banco do Brasil, retomar posição na empresa estatal.
No setor elétrico, duas candidatas aparecem: CPFL Energia (CPFE3) e Cemig (CMIG4). Lucas Lima, analista-chefe da VG Research, destaca a previsibilidade da CPFL, com payout mínimo de 50% e possibilidade de chegar a 100%, conforme alavancagem e crescimento.
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Segundo Lima, a companhia tem receitas estáveis, protegidas por concessões de longo prazo e em grande parte indexadas à inflação. O negócio está integrado em distribuição, geração e transmissão de energia. “Não é a mais barata das elétricas, mas negocia em torno de 8 vezes P/L, abaixo da média histórica, alternativa atrativa para quem quer renda recorrente com risco moderado”, avalia.
Fora do radar
Fora dos setores perenes, algumas empresas ainda podem ser interessantes para o investidor, mesmo sem reunir todos os requisitos mencionados no início da reportagem.
Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research, destaca a Kepler Weber (KEPL3), fabricante de silos que repassa 75% do lucro e paga dividendos trimestrais, dois por trimestre. A small cap (companhias consideradas pequenas na Bolsa) tem 100 anos de história e se tornou líder no armazenamento de grãos no agronegócio brasileiro.
“A Kepler tem 40% de participação na América Latina e pode crescer diante do déficit de armazenagem do Brasil frente a mercados desenvolvidos”, comenta Bueno. Ele lembra que a empresa também atua com projetos e tecnologias para agricultores, diversificando receitas. Os riscos incluem exposição ao agro e à renda dos produtores rurais.
Outras empresas fora de setores tradicionais que também merecem atenção são Irani (RANI3),Valid (VLID3) e Lavvi (LAVV3).