Mercado tem visão negativa sobre os resultados do Banco do Brasil (BBAS3) no 2º trimestre. Foto: Adobe Stock
Mesmo faltando quase um mês para o Banco do Brasil (BBAS3) divulgar os seus resultados do segundo trimestre de 2025 no dia 13 de agosto, diferentes ‘bancões’ já têm apresentado as suas prévias para o balanço da empresa. As expectativas, em geral, têm sido negativas, com analistas apontando para uma queda anual de cerca de 50% no lucro da companhia.
Na avaliação do Safra, o BB terá o pior resultado entre os quatro maiores bancos no período. Segundo as projeções da equipe, a empresa deve apresentar lucro líquido de R$ 4,64 bilhões no ciclo de abril a junho deste ano, uma queda de 51,1% na comparação com o mesmo intervalo de 2024.
Já o JPMorgan reduziu, em julho, sua estimativa de lucro líquido do BB para R$ 4,9 bilhões no trimestre, 19% inferior à anterior. O banco também cortou marginalmente a projeção para o terceiro trimestre, agora em R$ 6 bilhões, devido a um ambiente mais desafiador no agronegócio. “Para o ano de 2025, reduzimos nossa estimativa de lucro para R$ 25 bilhões, o que significa que a ação BBAS3 está sendo negociada a 4,7 vezes o lucro estimado para 2025 e a 3,9 vezes para 2026″, destaca.
Embora os investidores já esperem um segundo trimestre desafiador, o JPMorgan acredita que ele deve ser ainda mais difícil. O banco gringo estima que a formação de novos créditos problemáticos no agronegócio pode dobrar na comparação trimestral, partindo de uma base já pressionada nos três primeiros meses deste ano.
Entre abril e junho, os analistas do JPMorgan esperam um crescimento, na comparação trimestral, de cerca de 20% nas provisões – dinheiro reservado para cobrir os “calotes” dos clientes – para o agronegócio. “Mais do que apontar para um segundo ou terceiro trimestre difíceis, nossa mensagem é de que os ciclos de crédito no Brasil podem ser longos, especialmente para o agronegócio, que tende a apresentar altas taxas de renegociação e refinanciamento”, avalia.
O agro, no entanto, não será o único ‘vilão’ dos resultados. Para o Safra, outro problema também pode mexer com os números do BB. “Embora a atenção do mercado esteja atualmente voltada para o segmento rural – para o qual ainda não esperamos nenhuma melhora –, acreditamos que a queda no segundo trimestre possa vir da carteira de crédito corporativo, especialmente de pequenas e médias empresas”, dizem os analistas Daniel Vaz, Maria Luisa Guedes e Rafael Nobre.
Pior rentabilidade em 9 anos
O Goldman Sachs, por sua vez, espera que o lucro do Banco do Brasil no segundo trimestre fique em torno de R$ 5 bilhões, uma queda de 32% em relação aos três primeiros meses do ano e de 48% na comparação anual. O principal destaque negativo, porém, deve ser o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), projetado em 11% – o menor nível em 9 anos, segundo analistas do Goldman, distante dos 16,2% registrados no primeiro trimestre e dos 21,6% vistos no mesmo período de 2024.
O ROE é um indicador que mede a capacidade de uma empresa gerar lucro usando seus próprios recursos. Na projeção do Safra, o resultado pode ser ainda pior, em 10,3% entre abril e junho. Além da forte queda, a cifra revela que a rentabilidade do BB está abaixo do custo de capital de 14,9%, com base no Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
No entanto, nem tudo será negativo. Para o Goldman, pode ocorrer uma melhora na margem financeira do Banco do Brasil, com alta trimestral de 4%, refletindo um menor impacto do custo de captação em relação aos três primeiros meses de 2025. “Também projetamos uma recuperação sazonal nas receitas com tarifas, enquanto as despesas devem crescer em linha com essas receitas e com a inflação.”