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- As eleições presidenciais dos Estados Unidos estão previstas para acontecer no dia 5 de novembro, mas a disputa começa já no início deste ano
- Na terça-feira (5), as eleições primárias em 15 estados apontam um retorno do embate de Joe Biden e Donald Trump neste ano
As eleições presidenciais dos Estados Unidos já estão com um cenário pré-moldado. Com o resultado parcial das eleições primárias desta terça-feira (5), os eleitores norte-americanos devem decidir nas urnas a volta de Donald Trump, do partido Republicano, ou a permanência de Joe Biden, atual presidente dos EUA, na Casa Branca.
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A presença dos dois candidatos replica novamente o duelo do último pleito, em 2020. Na ótica do investidor, a corrida eleitoral que encerra no dia 5 de novembro deste ano, quando ocorrem as eleições, deve implicar em mudanças no portfólio diante dos possíveis resultados nas urnas.
Como mostramos nesta reportagem, o mercado financeiro mantém preferência pelo retorno de Donald Trump que caminha para se candidatar novamente à presidência. Na terça-feira (5), Trump conseguiu vencer em 14 dos 15 estados norte-americanos nas eleições primárias. Já Nikki Haley, ex-embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), que disputava a candidatura com Trump dentro do Partido Republicano, venceu apenas no estado de Vermont.
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O resultado favorável para o seu adversário incentivou Haley a desistir de ser candidata à presidência pelo Partido Republicano. A saída deixou o caminho mais livre para o ex-presidente na disputa eleitoral. Os desfechos desses primeiros momentos das eleições funcionam como termômetro para o mercado financeiro que faz as suas projeções para os dois possíveis resultados das urnas.
Em um caso de uma vitória de Trump, Marcelo Cabral, sócio e gestor da Stratton Capital, avalia que a agenda política do ex-presidente deve ser mais voltada para a redução de impostos. Na prática, a medida deve beneficiar as ações de companhias de capital aberto mais voltadas para o consumo dos americanos. O setor de produção de energia também deve ter um desempenho positivo em um cenário de vitória do republicano.
“Quando entrou no governo, Trump criticou muito o excesso de regulamentação na área ambiental por atrasar, na visão dele, os investimentos no setor de energia. Então, vejo que as companhias de exploração de gás natural e do petróleo serão beneficiadas com o retorno do ex-presidente”, analisa Cabral. O setor de defesa deve ganhar relevância com o retorno do governo do republicano.
Isso porque, além de ter deixado explícito o seu posicionamento favorável ao porte de armas nos Estados Unidos, a agenda política do ex-presidente reforça os gastos militares. A postura ajuda a dar ainda mais visibilidade para as companhias do setor, especialmente para as produtoras de aeronaves militares. “As ações da Lockheed Martin (LMTB), Boeing (BOEI), Northrop Grumman (NOCG) e Honeywell (HONB) são alguns exemplos de companhias do setor de defesa que, para mim, será o primeiro a se destacar”, diz Lucas Schwarz analista da VG Research. Há expectativa ainda dos bancos encontrarem um ambiente mais favorável com a volta do republicano, o que pode favorecer também os papéis do setor na bolsa.
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Schwarz explica ainda que Trump é contra os requerimentos de capital exigidos no acordo de Basileia III, desenvolvido pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS). O regulamento define algumas regras, como o capital das instituições financeiras para possíveis perdas, com o intuito de garantir a estabilidade do sistema financeiro mundial. As diretrizes foram elaboradas após a crise financeira de 2008. “Uma eventual implementação de políticas que venham a impedir a adoção desses requerimentos de capital, tenderia a aumentar a rentabilidade dos bancos norte-americanos”, acrescenta o analista da VG Research.
Já a possível continuidade de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos não traz muitas surpresas para os investidores. Mesmo assim, os analistas conseguem enxergar eventuais oportunidades de investimento na bolsa de valores que irão se beneficiar com as políticas econômicas de Biden. A principal delas está no setor de energia renováveis.
Na avaliação dos analistas, o segundo mandato do democrata pode ampliar ainda mais as políticas voltadas para a produção de energia limpa, o que deve favorecer as ações de companhias ligadas a essa atividade. “É justamente uma agenda econômica que Trump não compra. O setor de infraestrutura também vai ter um espaço relevante porque Biden tem planos de investimentos”, avalia Schwarz.
Volatilidade pode vir?
No Brasil, o período eleitoral para a presidência da República costuma direcionar os rumos da Bolsa de valores. Já nos Estados Unidos, o peso dessa disputa se mostra ser bem menor tanto para o mercado acionário quanto para o de renda fixa. Will Castro Alves, economista e sócio da Avenue, afirma que o S&P500 sobe em torno 9,8% em anos eleitorais e, nos períodos sem eleição, a alta atinge em média 9,9%. Ou seja, a volatilidade ocorre, mas não o suficiente para determinar o desempenho dos índices acionários.
“Para o mercado, é muito mais importante a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre a taxa de juros do que sobre o resultado das eleições”, afirma Castro Alves. Esse movimento acontece porque o mercado segue nas expectativas para o início do ciclo de corte dos juros no país. A previsão é que aconteça ainda este ano e, por isso, as declarações dos dirigentes do Fed são acompanhadas de perto no mercado. Atualmente, os juros permanecem no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano.
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Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (FED), discursou nesta quarta-feira (6) no Congresso norte-americano. A mensagem do dirigente reforçou a possibilidade do início do corte de juros ocorrer ainda este ano, mas esse processo vai depender da evolução da economia. Veja os detalhes nesta reportagem.