As ações das gigantes de tecnologia listadas nas Bolsas de Nova York enfrentam uma semana de quedas expressivas. O movimento tem chamado a atenção de investidores, que acompanharam nos últimos meses os índices derreterem após o Liberation Day, em abril, e saltar mais de 40% desde então.
O S&P 500 e o Nasdaq renovaram recordes históricos, graças ao impulso das Magnificent 7, nome dado ao grupo composto pelas maiores empresas de tecnologia do mundo, Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta (Facebook), Microsoft, Nvidia e Tesla.
Mas nesta semana estas ações estão em queda. E o número de “puts” subiu de forma a chamar a atenção do mercado.
Put” é o nome mais popular da opção de venda, um contrato que permite que o investidor venda, se desejar, determinado ativo a um preço combinado até uma data específica. Por exemplo: se você possui ações de uma empresa e teme que elas caiam no curto prazo, para se proteger, compra uma put com o preço atual. Se o papel realmente se desvalorizar, você ganha o direito de vendê-lo pelo preço acordado, minimizando as perdas.
É por isso que as puts são muito utilizadas como forma de proteção no mercado. Mas o instrumento também costuma ser utilizado de forma especulativa.
Um investidor acha que o preço de determinado ativo vai cair e compra uma put que o permite vender o ativo futuramente a um preço mais alto do que o de mercado. Assim, lucra com a diferença.
“Geralmente o tipo de investidor que opera esses ativos são institucionais (como fundos e tesourarias) e o chamado ‘Smart Money’ que são os insiders (CEOs, CFOs, COOs) dessas empresas”, explica Vitor Cavalieri, head de internacional da InvestSmart XP. “O que vemos no momento é que o investidor varejo está hiper alocado nessas ações enquanto os institucionais e os insiders, por entender mais de perto os valuations dessas empresas, estão acumulando puts, temendo uma desvalorização dessas ações.”
Publicidade
O tema virou pauta na imprensa internacional, que vem discutindo por que Wall Street estaria fazendo um “sell off” das big techs. Analistas ouvidos em reportagens da Bloomberg, Financial Times e Reuters destacam há bastante espaço para que as Mag 7 caiam no curto prazo, uma correção depois da valorização expressiva recente e que pode começar com o simpósio de Jackson Hole, nesta sexta-feira (22) ou com os resultados da Nvidia, na próxima semana.
Um relatório feito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e publicado na segunda-feira (18) também pode ter ajudado. Batizado de “O GenAI Divide: State of AI in Business 2025“, o relatório foi composto por 150 entrevistas com líderes, 350 com funcionários e análise de 300 casos públicos de uso de IA – e concluiu que 95% das tentativas das empresas de ganhar mais dinheiro com IA não deram resultado. Veja os detalhes nesta outra reportagem do Estadão.
Ou, talvez, a queda das ações das big techs nesta semana seja apenas pelo valuation já esticado. “Com balanços consistentes, reportando aumento de lucros, aumento de margens e da confiança no uso da IA para expansão, os valuations dessas empresas dispararam e. na opinião de muitos analistas, fugiu da racionalidade”, diz Cavalieri.