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Americanas não está só: veja outras ações que caíram mais de 70% em 1 ano

A incorporadora e construtora PDG Realty (PDGR3), por exemplo, viu seus papéis desabarem 90,41% em 12 meses

Americanas não está só: veja outras ações que caíram mais de 70% em 1 ano
Empresa com foco em startups é sediada no Vale do Silício, na Califórnia. (Foto: Envato)
  • A velocidade com que os papéis da Americanas desabaram pode caracterizar um evento raro, mas a empresa está longe de ser a única que registra graves prejuízos nos ativos nos últimos meses
  • De acordo com um levantamento feito por Einar Rivero, head comercial do TradeMap, há mais dez ações, além de Americanas, com volume financeiro de mais de R$ 1 milhão que perderam mais de 70% do valor nos últimos 12 meses
  • A incorporadora e construtora PDG Realty (PDGR3), por exemplo, viu seus papéis desabarem 90,41% desde janeiro do ano passado

Janeiro foi devastador para quem tinha ações da Americanas (AMER3) até o fim do pregão da quarta-feira, dia 11. Naquele fim de tarde o então CEO, Sérgio Rial, e o diretor financeiro da empresa, André Covre, anunciaram a descoberta de inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões nos balanços.

No dia seguinte, a AMER3 já abriu em queda de mais de 70%. No acumulado do mês, a perda foi de 81,87%. Em 12 meses, a destruição de valor foi de 94,36%. Depois de entrar com pedido de recuperação judicial, a varejista está em meio a um imbróglio contra os bancos credores de uma dívida que agora chega a R$ 41 bilhões.

A velocidade com que os papéis da Americanas desabaram pode caracterizar um evento raro, mas a empresa está longe de ser a única que registra graves prejuízos nos ativos nos últimos meses. De acordo com um levantamento feito por Einar Rivero, head comercial do TradeMap, há mais dez ações, além de Americanas, com volume financeiro de mais de R$ 1 milhão que perderam mais de 70% do valor nos últimos 12 meses.

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A incorporadora e construtora PDG Realty (PDGR3), por exemplo, viu seus papéis desabarem 90,41% desde janeiro do ano passado. Da Oferta Pública Inicial (IPO), em 2007, até a última terça (31), a queda chegou a 99%. 

A companhia do setor imobiliário entrou em recuperação judicial em 2017 para reestruturar dívidas de R$ 4,6 bilhões, conforme divulgado em comunicado de resultados na época. O processo terminou em outubro de 2021, mas os papéis ainda não reagiram na Bolsa. Nas últimas demonstrações financeiras, do terceiro trimestre de 2022, a companhia possuía patrimônio líquido negativo em R$ 4,9 bilhões.

“Quando a PDG saiu da recuperação judicial a ação deu uma disparada, mas foi questão de especulação. Depois reverteu e só cai desde então”, diz Fábio Sobreira, analista chefe e sócio da Harami Research. “E mesmo que a empresa dê lucro, precisa recuperar o patrimônio, que está negativo. Não é só sair da recuperação que irá fazer dela uma boa empresa.”

As ações ordinárias (OIBR3) e preferenciais (OIBR4) da Oi também aparecem no ranking, com quedas de 77,48% para OIBR3 e 70,29% para OIBR4 em 12 meses. A operadora passou por um dos maiores processos de recuperação judicial da história recente da Bolsa, entre 2016 e 2022, para lidar com dívidas de R$ 65 bilhões com mais de 55 mil credores.

A Oi conseguiu executar o plano de recuperação judicial e enxugou a empresa. Vendeu os ativos móveis para as concorrentes Tim (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro e a rede de fibra ótica InfraCo para fundos do BTG Pactual e da Globenet Cabos Submarinos. No final, levantou cerca de R$ 20 bilhões.

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Apesar da saída da recuperação judicial e a conclusão bem sucedida das vendas, o cenário ainda não está totalmente definido. “A Oi ainda não mostrou a que veio. A empresa não estava conseguindo sustentar seu negócio, que ficou muito menor do que era. Agora, precisa provar que conseguirá viver só da fibra após as vendas de ativos. Não recomendo entrar”, afirma Sobreira, da Harami Research.

Outro destaque na lista é o IRB Brasil (IRBR3), que apresenta uma queda de 73,36% em 12 meses. O ressegurador teve que lidar com a descoberta de fraudes contábeis nos balanços em 2020, o que minou a confiança na companhia e fez desabar a lucratividade.

No relatório do terceiro trimestre do ano passado, a empresa apresentou um prejuízo líquido de R$ 298,7 milhões, 91,8% maior do que o prejuízo reportado no mesmo período de 2021. Entre janeiro e setembro de 2022, o resultado fica negativo em R$ 591,6 milhões. A Genial Investimentos tem recomendação de venda para os papéis.

“Prejuízos contínuos comprometem o capital e liquidez da resseguradora que acabou de fazer um aumento de capital de R$ 1,2 bilhão para que pudesse se enquadrar aos requerimentos mínimos regulatórios”, afirmam Eduardo Nishio, head de Research e Finanças, e Wagner Biondo, analista financeiro, em relatório.

Para quem tem as ações IRBR3 na carteira, a notícia não é tão positiva. “Os principais analistas do mercado ainda não enxergam este cenário no curto prazo. Por isso, é sempre importante que a carteira de ações do investidor esteja com uma diversificação saudável”, diz Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital.

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De acordo com os cálculos de Nishio e Biondo, somente no terceiro trimestre de 2022 o IRB consumiu R$ 789 milhões de caixa operacional. “Usando boa parte do aumento de capital recente e colocando em dúvidas a necessidade de mais capital caso o IRB não volte a gerar lucro (caixa) o quanto antes”, ressaltam os analistas da Genial.

Um nome presente no dia a dia dos brasileiros apresenta um prejuízo de 76,66% nas ações em Bolsa: a Espaçolaser (ESPA3), do segmento de depilação a laser, enfrenta um cenário complexo. Nos nove meses de 2022 (janeiro a setembro), apresentou um prejuízo líquido de R$ 34,1 milhões. No mesmo período de 2021, havia tido lucro líquido ajustado de R$ 100,5 milhões.

No caso da Espaçolaser, Sobreira, da Harami, vê como um IPO que deu errado. A empresa abriu capital em fevereiro de 2021, época em que fervilhavam novas empresas na Bolsa na esteira dos juros ainda muito baixos, em 2,75%. “As pessoas não podiam ouvir a sigla ‘IPO’, que já queriam sair entrando”, afirma Sobreira. Depois a subida de juros e novos lockdowns jogaram água fria nos papéis da companhia, que é de consumo discricionário (não essencial). “A empresa até reportou uma prévia operacional boa recentemente, mas ainda está longe do ideal.”

Essa também é a visão de Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores. “A empresa foi vendida (em IPO) por um preço excessivamente alto. Tem também outro ponto negativo que parte dos recursos foi usado para recomprar lojas regionais e o preço pago por essa recompra de franquias foi considerado alto, o que deixou a empresa alavancada”, afirma.

No final, as empresas listadas no ranking passam por momentos de dificuldade, em que as perspectivas ainda não estão totalmente claras. Por isso, o mercado ainda olha com certo ceticismo para os ativos. “Todas elas têm balanços muito ruins. Algumas delas, como IRB e Americanas, podem inclusive ter fraudes nos balanços”, diz Sobreira. “Mas de todas elas, certamente a que está em pior posição é a Americanas. Ficar fora da Americanas é sobrevivência.”

Veja a lista completa

Empresa Código Retorno 12 meses
Americanas AMER3 -94,34%
PDG Realty PDGR3 -90,41%
Infracommerce IFCM3 -77,81%
Oi OIBR3 -77,48%
Espacolaser ESPA3 -76,66%
Sequoia Logística SEQL3 -75,36%
Aeris AERI3 -75,26%
Westwing WEST3 -75,07%
IRB Brasil IRBR3 -73,36%
Oi OIBR4 -70,29%
Tenda TEND3 -70,14%
Fonte: Einar Rivero, head comercial do TradeMap

Como se proteger da desvalorização

No mercado financeiro, há formas de proteger o capital contra fortes desvalorizações como as observadas acima. A estratégia é feita por meio de “derivativos”, contratos cujos preços derivam de outros ativos. Estes instrumentos funcionam como uma espécie de “seguro” para as ações, que garante ao investidor a compra de papéis a um preço determinado.

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“Caso o cliente queira reduzir esse risco, podemos fazer operações que deixam 100% do capital protegido”, afirma Fabiano Montans, head da mesa de derivativos da Ágora Investimentos. Uma delas é chamada de “collar”, que por meio da compra e venda de opções protege o investidor em casos de queda. “Então se o cliente perde 90% em uma ação, esse percentual é ganho nos derivativos”, diz.

Toda a estrutura pode ser montada pelas corretoras de investimentos e os custos para fazer essa proteção podem variar. “O cliente pode ter que desembolsar algum prêmio ou pode ser até mesmo a custo zero, dependendo das condições. São formas de entrar em papéis reduzindo o risco”, ressalta Montans.

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