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Por que Fleury (FLRY3), Qualicorp (QUAL3) e EDP Brasil (ENBR3) tiveram os melhores desempenhos da semana na Bolsa

Na semana, o Ibovespa acumulou perda moderada, de 0,88%

Por que Fleury (FLRY3), Qualicorp (QUAL3) e EDP Brasil (ENBR3) tiveram os melhores desempenhos da semana na Bolsa
(Foto: Grupo Fleury)
  • As três ações que mais se valorizaram na semana de 31 de agosto a 4 de setembro foram Fleury, Qualicorp e EDP Brasil
  • Fleury foi a grande vencedora da semana, com investidores entusiasmados com o lançamento da plataforma Saúde iD, que promete integrar e digitalizar serviços médicos com base em dados e inteligência artificial
  • Já a Qualicorp deu um salto após o fundo Pátria Investimentos atingir participação relevante (de mais de 5%) no capital social da empresa

Com moderação de perdas em Nova York, o Ibovespa conseguiu não só sustentar a linha de 100 mil pontos, mas recuperar a de 101 mil em direção ao fechamento desta sexta-feira (4), em alta de 0,52%, aos 101.241,73 pontos.

Assim, o índice da B3 limitou as perdas da semana a 0,88% e escapou da terceira baixa diária consecutiva, mas de olho em NY nas duas últimas sessões, após um intervalo menos correlacionado em que as ações brasileiras, assim como o dólar e os juros, responderam a incertezas sobre a situação fiscal doméstica.

Entre o movimento de correção das bolsas americanas, em vista do esperado aumento da volatilidade por conta das eleições, e a melhora do quadro político doméstico com o avanço das reformas, o Ibovespa segue travado entre os 103 e 99 mil pontos. “Somente o rompimento de um desses extremos faria o mercado ganhar uma direção no curtíssimo prazo”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

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Quando o cenário doméstico parecia um pouco mais desanuviado de temores sobre a política fiscal, veio um ajuste de fora, após uma sequência de renovações de máximas históricas no S&P 500 e Nasdaq, mas que nem de perto foram acompanhadas pela B3. Na semana, o Ibovespa acumulou perda moderada, de 0,88%, após leves avanços de 0,61% e de 0,17% nas duas anteriores.

O padrão lateral tem mantido o Ibovespa na mesma faixa estreita, especialmente a partir de 12 de agosto, momento em que o mercado passou a monitorar mais de perto a situação fiscal, com efeitos no dólar e na curva de juros, ante a percepção de fissuras no apoio do Planalto à agenda liberal do ministro Paulo Guedes, com a “debandada”, na noite anterior, dos então secretários Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização).

No balanço da semana, os papéis que mais se valorizaram foram Fleury (FLRY3), Qualicorp (QUAL3) e Energias BR (ENBR3). Confira a seguir o que influenciou o desempenho deles.

Fleury (FLRY3): +10,26%

As ações ordinárias de Fleury tiveram forte desempenho na quarta (2) e sagraram-se as grandes vencedoras da semana, com investidores analisando o lançamento da plataforma Saúde iD, que promete integrar e digitalizar serviços médicos com base em dados e inteligência artificial.

“O setor de saúde já era um foco de atenção bem grande antes da pandemia e agora ainda mais. O coronavírus mostrou que há uma carência muito grande de infraestrutura e digitalização”, diz Jorge Junqueira, sócio gestor da Gauss Capital. “Essa iniciativa da Fleury vem exatamente pra tentar preencher esse espaço e por ser já uma empresa consagrada no mercado, isso anima o investidor, já que não é uma aventura.”

Em relatório, os analistas Tobias Stingelin e Leandro Bastos, do Citi, comentam que a plataforma é condizente com a estratégia do Fleury de ter um olhar mais holístico (completo) sobre a cadeia de serviços de saúde. Embora considerem que é difícil dizer em um primeiro momento o impacto da vertical nos resultados, os profissionais do Citi escrevem que ela cria uma “opcionalidade atrativa” aos papéis.

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“O investimento que o Fleury vai fazer no Saúde iD é relativamente baixo e, se der certo, tem possibilidade ser algo transformacional para o setor de diagnósticos e saúde”, afirma Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, completando que a integração e disponibilização da plataforma para outros players no médio prazo é algo que pode destravar muito valor para a empresa.

Para Igor Cavaca, analista da Warren, a rede de laboratórios é a primeira grande empresa do Brasil a apostar nessa tendência de digitalização que já tem certa força nos Estados Unidos. “Esse é um mercado que tá em plena expansão, vemos muitas startups tentando ganhar espaço com isso e a entrada do Fleury traz um peso maior”, explica.

Qualicorp (QUAL3): +7,62%

As ações ON da Qualicorp se destacaram no Ibovespa desta sexta-feira (4) e aparecem como o segundo maior ganho da semana. O movimento aconteceu após o fundo Pátria Investimentos atingir participação relevante (de mais de 5%) no capital social da empresa.

De acordo com a correspondência do Pátria à Qualicorp, esse aumento tem a pretensão de ajudar a empresa em termos de governança corporativa, o que o mercado entende como positivo. “Isso pode envolver mudanças na companhia, indicações para o conselho, em linha com o que aconteceu com a entrada da Rede D’Or”, afirma Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

EDP Brasil (ENBR3): +7,42%

As ações ordinárias de EDP Brasil tiveram a maior alta do índice na segunda-feira (31) e o terceiro maior ganho da semana. A empresa divulgou resultados de segundo trimestre na sexta-feira da semana passada (28), mas o que animou os investidores foi o ajuste no programa de proventos com pagamento de juros sobre capital próprios e dividendos.

“O resultado em si não foi nada de mais, mas a questão de pagamentos sempre anima os investidores porque o setor elétrico tem essa consistência nos proventos”, diz Lucas Carvalho, da Toro Investimentos.

Na quinta (3), ENBR3 teve novo fôlego depois que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reportou alta de 8% na produção industrial em julho na comparação com junho – o que fez o investidor se posicionar nas distribuidoras de energia listadas na B3, embora a recuperação ainda não apague as perdas registradas durante a pandemia da covid-19.

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“Como a expectativa é de recuperação econômica, a tendência é de que a inadimplência e o controle sobre reajustes de tarifa se reduzam”, comenta Paloma Brum, economista da Toro Investimentos, que lembra que o consumo de energia também aumenta.

*Com Estadão Conteúdo

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