Mansueto Almeida é economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional (Foto: André Lima)
Por quase três semanas, o Ibovespa fechou com ganhos em quatorze sessões consecutivas, consolidando a maior sequência de altas desde 1994. Os avanços recentes permitiram o principal índice da B3 acumular uma valorização de 30% em 2025 e renovar onze vezes seus recordes nominais de fechamento. Ainda assim, Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, avalia que a bolsa brasileira continua barata e pode engatar em um novo rali de alta com o início do ciclo de queda de juros, previsto para 2026.
“Com toda a incerteza em relação à estabilização do crescimento da dívida pública, o cenário de inflação melhorou bastante e viabilizou a perspectiva para um ciclo de corte de juros no primeiro trimestre do ano que deve, inclusive, ajudar a Bolsa de Valores”, disse Almeida em entrevista à jornalistas.
Como mostramos nessa reportagem, as máximas do IBOV têm relação com o fluxo de capital estrangeiro. Dados da B3 mostram que, nos primeiros dez meses do ano, os gringos alocaram cerca de R$ 25,286 bilhões na Bolsa. Esse movimento reflete a busca por diversificação geográfica em meio ao ciclo de queda de juros nos Estados Unidos, que reduz a rentabilidade dos títulos públicos americanos.
O economista esteve em Fortaleza na tarde desta sexta-feira (14) para participar, como convidado especial, do encontro do LIDE Ceará, grupo de líderes empresariais. Durante o evento, compartilhou com empresários da região as suas perspectivas para o cenário econômico em 2026.
Para ele, o Banco Central deve reduzir em três pontos percentuais a taxa Selicao longo do próximo ano. O primeiro corte deve ocorrer na primeira reunião do BC, prevista para acontecer nos dias 27 e 28 de janeiro. A expectativa se baseia na trajetória da inflação que permanece em ritmo de queda graças ao declínio do dólarno mercado internacional. Atualmente, a moeda americana segue cotada a R$ 5,33 e acumula uma desvalorização frente ao real de 14,36% em 2025.
“Se não tivermos nenhuma surpresa no câmbio, o BC pode levar o juro até abaixo dos 12%. Do contrário, pode parar com o ciclo de corte antes de chegar nos 12%”, explica Mansueto.
Quanto às eleições presidenciais de 2026, o ex-secretário do Tesouro Nacional ressalta que o próximo governo não terá como evitar ajustes fiscais para conter o avanço dos gastos públicos. Segundo ele, a medida é essencial para viabilizar quedas mais consistentes da taxa de juros e atrair investimentos para o Brasil.
“Quem quer que seja o próximo presidente, o desafio será o mesmo”, acrescenta.