Resultado do Bradesco no 2T25 mostra execução do plano de recuperação no caminho certo e analistas indicam compra de BBDC4. (Foto: Adobe Stock)
As ações do Bradesco (BBDC3; BBDC4) perderam suas altas da abertura e chegaram a ficar no terreno negativo, mas se recuperaram levemente: os papéis ordinários operam avançam 0,22% e os preferenciais sobem 0,26%. Os ativos reagem ao balanço do segundo trimestre, divulgado na última sessão.
Para o sócio da Fatorial Investimentos, Fábio Lemos, o mau humor do mercado contamina a ação. Segundo ele, investidores estão digerindo os potenciais efeitos inflacionários da taxa de desemprego baixa no Brasil e o índice de inflação PCE maior nos EUA.
Além disso, a pesquisa AtlasIntel demonstra mais força do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o pleito de 2026, o que preocupa o mercado em relação à situação fiscal do País. Por fim, o Banco Central (BC) manteve o tom duro de sua comunicação ao deixar a Selic em 15%.
Por outro lado, o balanço do segundo trimestre parece ter agradado o mercado financeiro, ao menos se a maioria das casas seguir as avaliações de Safra e Citi. Os números mostram – e especialmente os da carteira de crédito –, de acordo com os analistas dos dois bancos, que o Bradesco está sendo eficiente na execução do plano de recuperação anunciado em fevereiro de 2024 e, por isso, merece a recomendação de compra.
Bradesco amplia lucro para R$ 6,1 bilhões no 2º tri
O Bradesco anunciou seus resultados para o período de abril a junho de 2025 na noite desta quarta-feira (30), quando revelou lucro líquido recorrente de R$ 6,1 bilhões, resultado 28,6% maior que o do mesmo intervalo de 2024 e 3,5% superior ao do primeiro trimestre. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE do Bradesco) foi de 14,6%, alta de 3,2 pontos porcentuais em um ano, e de 0,2% em um trimestre.
A carteira de crédito ampliada cresceu 11,7% para R$ 1,018 bilhão ao final do segundo trimestre frente ao mesmo período de 2024, enquanto avançou 1,3% na comparação trimestral.
Já a receita total do Bradesco atingiu R$ 34 bilhões no segundo trimestre de 2025, crescendo 15,1% ano a ano, impulsionada por forte crescimento em todas as linhas, segundo o banco: margem financeira total, receitas com serviços e seguros. Frente ao primeiro trimestre, houve aumento de 5,2%.
Como o mercado avalia o balanço do Bradesco no 2T25
Citi e a corretora Ativa chamaram a atenção para a carteira de crédito do Bradesco no balanço do 2T25.
Marcelo de Araújo Noronha, CEO do Bradesco (Foto: Assessoria/Bradesco)
Os especialistas do Citi consideraram o balanço do Bradesco robusto ao destacarem o crescimento das receitas e a qualidade dos ativos sob controle.
“O Bradesco apresentou sólidas tendências fundamentais, destacando a margem com clientes, expandindo 20 pontos-base (bps) trimestre a trimestre para 8,8%, impulsionada por uma melhor combinação e spreads (diferença entre preços e taxas) sobre passivos”, dizem os analistas Gustavo Schroden, Brian Flores e Arnon Shirazi.
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No relatório, o Citi destaca que os créditos não performados acima de 90 dias permaneceram estáveis em todas as categorias, o que resultou em melhora da margem financeira líquida ajustada ao risco pelo segundo trimestre consecutivo, para 4,7%. O indicador resistiu ao aumento do custo de risco, que passou de 3% para 3,20%.
“O negócio de crédito voltou aos trilhos”, conclui o trio de analistas do Citi.
Na Ativa, o ponto positivo, segundo o analista Ilan Arbetman, veio do guidance(metas) do Bradesco, que foi revisado para cima para receita de serviços e seguros. Porém, os números do banco brasileiro, recebidos como dentro do esperado pela corretora, refletem expectativas ainda não inteiramente precificadas.
“Apesar da revisão, o banco mantém uma postura conservadora na originação de crédito, priorizando um avanço gradual e seguro, com foco contínuo no controle do risco de crédito”, informou
Os analistas do Safra, por sua vez, enxergaram nestes números sinais de que o plano de recuperação do Bradesco – criado depois de números pífios comparados a outros players do setor, especialmente verificado na queda de 21,2% no lucro de 2023 – mostra uma “execução precisa” da gestão.
De acordo com eles, o desempenho do banco aumenta a confiança do mercado nos ganhos de curto prazo do Bradesco, além de vislumbrar lucro líquido de R$ 23 bilhões no acumulado de 2025.
Os resultados desta noite reforçaram nossa visão de que o momento positivo para o Bradesco não deve se reverter no curto prazo“, afirmam os analistas Daniel Vaz, Maria Luisa Guedes e Rafael Nobre, do Safra.
Vale comprar BBDC4? Veja recomendações e preços-alvo dos analistas
Após o balanço do 2T25 do Bradesco, o Safra reiterou a sua recomendação de compra (outperform) para as ações BBDC4, com preço-alvo de 12 meses em R$ 21, o que representa alta de 34,1% sobre o preço do fechamento do pregão de ontem, a R$ 15,66.
O Citi mantém sua recomendação de compra para as ações do Bradesco, com preço-alvo é de R$ 19,50 para BBDC4, o que representa um potencial de valorização de 24,5% em relação ao último fechamento do papel.
A Ativa também tem recomendação de compra para o Bradesco, embora tenha chegado a um preço-alvo mais modesto, de R$ 17 para a ação preferencial. Tal patamar representa potencial de valorização de 8,6% para BBDC4 no comparativo com o fechamento do pregão de quarta-feira (30).