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Veja as impressões do mercado sobre a troca de CEO do Bradesco (BBDC4)

Conselho nomeou Marcelo de Araújo Noronha para a liderança do banco no lugar de Octavio de Lazari Jr.

Veja as impressões do mercado sobre a troca de CEO do Bradesco (BBDC4)
Marcelo de Araújo Noronha, CEO do Bradesco (Foto: Assessoria/Bradesco)
O que este conteúdo fez por você?
  • Trata-se da segunda maior instituição financeira do país em número de clientes.
  • Banco vinha apresentando recuo em seus principais indicadores financeiros.
  • Goldman Sachs tem recomendação neutra.

O Banco Bradesco (BBDC4) anunciou na manhã desta quinta-feira (23) a troca de CEO, conforme fato relevante encaminhado ao mercado. Trata-se da segunda maior instituição financeira do País em número de clientes, segundo dados do Banco Central (BC). Entretanto, vinha apresentando recuo em seus principais indicadores financeiros, a exemplo do lucro líquido que caiu 11,5% no terceiro trimestre de 2023 frente a igual etapa de 2022, para R$ 4,621 bilhões.

Por conta disso, o Conselho de Administração resolveu promover Marcelo de Araújo Noronha, que integra os quadros da empresa há 20 anos, para a liderança do Bradesco. Ele tem 58 anos e 38 anos de mercado financeiro, iniciando a carreira em 1985 no Recife. Em 1994 se transferiu para São Paulo. Antes de ingressar no Bradesco, Noronha trabalhou na Diretoria do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria Brasil S.A. até 2003 e foi diretor-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) entre 2013 e 2017.

O Goldman Sachs analisou a substituição do atual CEO, Octavio de Lazari Jr., que passará a integrar o principal comitê de assessoramento do Conselho de Administração e cuja proposta de sua nomeação será apresentada em breve. “Vemos isso como uma continuação da atual equipe de gestão e não como uma mudança significativa. O Bradesco possui uma forte cultura de desenvolvimento interno da alta gestão”, destacou. O banco norte-americano tem recomendação neutra para BBDC4, com preço-alvo de R$ 14,70.

Em relatório assinado pelos analistas Tito Labarta, Tiago Binsfeld, Beatriz Abreu e Lindsey Shema, o banco de investimentos afirma que em seus 80 anos de história, o Bradesco teve apenas cinco CEOs, com Lazari Jr. ocupando o cargo desde 2018. “Observamos o ambiente operacional desafiador em que o Bradesco opera atualmente com um ROE (retorno sobre o patrimônio) historicamente baixo de 11,0% nos nove primeiros meses de 2023 ante média histórica de 20,3%”.

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Por volta das 14h10 a ação BBDC4 avançava 3,69%, cotada a R$ 16,31. O ativo acumula alta de 16,82% em novembro e valorização de 12,69% nos últimos 12 meses, até o início da tarde desta quinta-feira.

Banqueiro raiz

O Broadcast captou o sentimento do mercado frente à novidade. Para muitos analistas, Noronha é visto como um “banqueiro raiz” e que deve iniciar uma nova era no Bradesco, que começa a virar a página de um período de resultados pressionados pela inadimplência no segmento de pessoas físicas.

Até o ano passado, Noronha era o vice-presidente responsável pelo atacado do Bradesco. Em janeiro, passou a comandar o varejo, área que é o coração do banco, mas que no último ano virou detrator dos resultados diante do aumento da inadimplência. No terceiro trimestre, finalmente os números mostraram uma inflexão.

Apesar da troca, Noronha foi um dos responsáveis pelas primeiras negociações com a Americanas (AMER3) no começo da recuperação judicial da varejista, em janeiro, de acordo com fontes a par do assunto. O Bradesco é o maior credor da companhia, com cerca de R$ 5 bilhões a receber, totalmente provisionados no balanço de 2022.

Maiores bancos em número de clientes, segundo o BC:

  • Caixa (150,4 milhões);
  • Bradesco (104,5 milhões);
  • Itaú (99,9 milhões);
  • Nubank (77,7 milhões);
  • Banco do Brasil (74,6 milhões);
  • Santander (64,4 milhões).

Projetos estratégicos

Luiz Carlos Trabuco, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, emitiu uma nota afirmando que o objetivo da mudança é iniciar um ciclo de projetos estratégicos.

Já o diretor de Research da Eleven Financial, Carlos Daltozo, disse que a escolha de Noronha foi a melhor possível, pois o novo CEO tem visão de mercado, trabalhou muito focado no mercado de cartões, que passou por disrupção muito grande nos últimos anos. “E tem cancha para fazer a transformação que o Bradesco precisa neste momento”, frisou.

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O novo CEO é formado em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com especialização em finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) e Advanced Management Program (AMP) pelo Instituto de Estudios Empresariales da Universidade de Navarra, em Barcelona (IESE).

Comentários

Para a analista de Ações da Nord Research, Giulia Nicola, a mudança não garante melhora nos resultados, mas traz, sim, uma perspectiva que pode vir a ser boa para a companhia a longo prazo. “O mercado recebeu muito bem a troca, pois o banco coloca um executivo com vasta experiência”, disse, acrescentando que foi uma surpresa para alguns agentes do setor financeiro.

Já o analista Suno Research, José Eduardo Daronco, afirma enxergar a mudança como positiva para o banco, pois o Bradesco está atrás dos pares na melhora da experiência do usuário e também no uso das contas digitais. Ele afirma que a troca do comando é um sinal de que o banco começou a mudar a sua rota, buscando se igualar ao Itaú (ITUB4) e ao Banco do Brasil (BBAS3), que intensificaram os investimentos em tecnologia e melhoraram a experiência do usuário. “Os grandes bancos têm o desafio de superar o legado e se tornarem cada vez mais digital e o Bradesco tem ficado para trás nesta corrida”, destaca.

  • Confira também: Multimercados vão de prejuízo a ganho de até 656% do CDI. Veja o ranking

O CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez, ressalta que a redução de custo, com corte em filiais, e uma reorganização em agências será a missão de Noronha. “Essa iniciativa alavancou a ação do banco e deve impactar, no futuro, a receita da empresa, bem como resultar em uma melhor segmentação na base de clientes”, pontua.

Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, destaca que o impacto nos ativos foi interessante principalmente pela surpresa do anúncio, visto que o tradicional, em se tratando de Bradesco, seria trocar o comando somente quando atingisse a idade limite. “Outra tradição seria colocar um executivo que trilhou toda sua carreira no Bradesco, mas esta foi quebrada agora”, afirma.

Pedro Wilson, sócio da Nexgen Capital, reforça que o mercado gostou bastante do movimento porque entre todos os possíveis cotados, Noronha era o melhor nome, justamente pela bagagem profissional que traz.

Resultados recentes

  • 3TRI23: lucro líquido recorrente de R$ 4,621 bilhões, queda de 11,5% na base anual;
  • 2TRI23: lucro recorrente de R$ 4,5 bilhões, queda de 35,8% na base anual;
  • 1TRI23: lucro líquido recorrente de R$ 4,280 bilhões, queda de 37,3% na base anual.

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