Mais iFood e menos Uber: o novo padrão de consumo brasileiro na era covid-19
Entre fevereiro e outubro, os custos com entrega de comida cresceram 38%, enquanto gastos com aplicativos de transporte caíram 14%, segundo o Guiabolso
A quarentena provocou uma série de mudanças de comportamento que, apesar de alguns meses após o fim do isolamento rígido, continua presente no dia a dia dos brasileiros. Os gastos com delivery de comida em outubro são 38% maiores que os de fevereiro, por exemplo. O tíquete-médio subiu de R$ 69,85, no pré-pandemia, para R$ 96,35 no mês passado, segundo levantamento do Guiabolso. Sorte de aplicativos como iFood, Rappi e Uber Eats.
Outros cenários também apontam para a manutenção de um comportamento iniciado na crise, como a redução de viagens em aplicativos de transporte. Segundo o estudo da plataforma de soluções financeiras, que conta com mais de 6 milhões de usuários, esses custos caíram 14% na comparação entre fevereiro e outubro. O valor médio no mês anterior à pandemia era de R$ 57,76 e diminuiu para R$ 49,41 no último mês. A maior redução foi vista em abril, no auge do isolamento, uma queda de 24% no número de pessoas que gastaram com esse tipo de serviço. Sinal de menos corridas para aplicativos como Uber e 99.
Com mais pessoas em casa, mesmo com a volta gradual da quarentena, o consumo de mercado e farmácia ainda segue crescendo na reta final de 2020, se comparado ao começo do ano.
As compras em mercados avançaram 17% entre fevereiro e outubro, com aumento do tíquete-médio de R$ 219,33 para R$ 256,58. Já o consumo em farmácias subiu 18% no mesmo período, com a média de gastos passando de R$ 72,80 para R$ 85,85.
Se essas mudanças são uma tendência em consolidação ou só um reflexo passageiro da crise, só será possível de mensurar em 2021. Thiago Alvarez, fundador e CEO do Guiabolso, explica que a análise das finanças pessoais podem confirmar essas mudanças de hábitos dos consumidores, sejam elas momentâneas ou definitivas.
“No começo de 2021, ao analisarmos os dois últimos meses do ano [novembro e dezembro de 2020], poderemos ter uma visão mais clara dos segmentos que realmente voltaram a crescer e aqueles que seguem em declínio”, afirma Alvarez.